Jornal de Angola

Mensagens de esperança na celebração aos finados

- ARCÂNGELA RODRIGUES N´JILA|

O bispo auxiliar de Luanda D. Zeferino Martins afirmou ontem na homilia da missa que celebrou no Cemitério do Alto das Cruzes, “em memória dos fiéis defuntos”, que “a morte não é o fim da vida”, mas “a porta para a vida definitiva com Cristo”. A mensagem do bispo foi ouvida com esperança e fé pelos católicos, mas não foi a única cerimónia que marcou o dia dos fiéis defuntos. No Cemitério da Camama, D. Anastácio Cahango, também bispo auxiliar de Luanda, pediu aos presentes, cristãos e não cristãos, para amarem o próximo, porque todos neste mundo são peregrinos e mais cedo ou mais tarde vão deixar este mundo e prestar contas ao Pai sobre as suas acções terrenas.

eDOMIANA

O bispo auxiliar de Luanda D. Zeferino Martins afirmou ontem na homilia da missa que celebrou no Cemitério do Alto das Cruzes, “em memória dos fiéis defuntos”, que “a morte não é o fim da vida”, mas “a porta para vida definitiva com Cristo”.

Dirigindo-se aos fieis presentes na eucaristia, o bispo de Luanda adiantou que existe um confronto entre a vontade do homem em prolongar a sua permanênci­a na terra e a vontade de Deus que chama o homem junto de Si quando, onde e como quer. “A morte faz-nos entrar num choque porque leva-nos para uma realidade que nós os humanos não queremos aceitar, queremos adiar um pouco mais essa hora”, alertou.

Segundo D. Zeferino Martins, o projecto de Deus para o homem não é um plano de morte, mas um programa de vida que o homem e a mulher devem aproveitar de forma virtuosa durante a sua vida na terra, lutando pela justiça.

A mensagem do bispo foi ouvida com esperança e fé pelos católicos, mas não foi a única cerimónia que marcou o dia no Cemitério do Alto das Cruzes.

A par da missa, antes e depois dela, outras mais pequenas e simples, mas não menos sentidas foram vividas naquele espaço, como é o caso de Maria Joaquim, que foi visitar os familiares ali sepultados, como o faz tantas vezes sem esperar que o calendário litúrgico assinale a data e lembre que a memória dos mortos deve ser honrada. Saiu manhã cedo de casa e percorreu o caminho que sabe de cor. Antes de passar o por- tão de ferro do cemitério comprou flores. Lá dentro limpou as campas dos entes queridos, tirou-lhes os ramos secos, encheu as jarras com água nova e enfeitou-as. Sempre de forma serena, com a lágrima furtiva a escorregar-lhe pelo sorriso de esperança e de alegria que D. Zeferino Martins lhe transmitiu quando disse que “a morte não é o fim da vida” e que os defuntos aguardavam que Deus lhes abrisse a porta. É essa fé que a faz suportar sem queixumes a vida que o diabo lhe amassa todos os dias, quando tem de entrar no candonguei­ro, suportar as filas do trânsito, trabalhar e voltar a casa, onde a luz, quase defunta, teima em continuar a dormir na companhia da água. O Alto das Cruzes estava ontem cheio de donas Marias Joaquim. Paulo Do- mingos foi vendedor ambulante até ao dia, já lá vão dois anos, que descobriu ser mais vantajoso limpar campas, “mesmo sem ser no dia dos mortos”. Há sempre pessoas que aparecem noutras ocasiões “para visitar os parentes que já não estão neste mundo e aí os preços baixam, mas vão dando”.

No dia de finados, como ontem, Paulo Domingos cobra dois mil a três mil kwanzas, “dependendo do estado da campa”. À zunga, garante, apenas volta à força.

Santa Ana

O chefe de Estado-Maior General adjunto para a Educação Patriótica das FAA rendeu ontem, no Cemitério de Santa Ana, homenagem ao soldado desconheci­do e aos sol- dados angolanos falecidos.Depois do general Egídio Sousa Santos ter colocado uma coroa de flores no túmulo do soldado desconheci­do, foi guardado um minuto de silêncio em memória dos soldados falecidos.

Além desta cerimónia, o ambiente no Cemitério de Santa Ana era idêntico ao do Alto das Cruzes e de outros cemitérios de Angola. Familiares e amigos limparam campas e adornaram-nas com flores. Alguns hão-de voltar mais vezes. Outros apenas daqui a um ano, quando o calendário assinalar o Dia de Finados.

D. Anastácio Cahango, também bispo auxiliar de Luanda, celebrou a missa em memória aos fiéis defuntos no cemitério da Camama, apelando ao amor e partilha enquanto peregrinos na terra.

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D: CADÊNCIA Bispo auxiliar de Luanda D. Zeferino Martins durante a missa no Cemitério do Alto das Cruzes
 ?? DOMINGOS CADÊNCIA ?? Centenas de pessoas participar­am na cerimónia religiosa realizada no cemitério do Alto das Cruzes em memória aos fiéis defuntos
DOMINGOS CADÊNCIA Centenas de pessoas participar­am na cerimónia religiosa realizada no cemitério do Alto das Cruzes em memória aos fiéis defuntos

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