SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Navios detectados em operações ilegais
Permanência de embarcações estrangeiras cria desconforto na ilha
O Governo santomense denunciou um negócio “nebuloso” envolvendo quatro navios do grupo de Taiwan Blue Sky num acordo celebrado com o anterior Executivo do primeiro-ministro Patrice Trovoada.
O negócio em causa foi antes objecto de polémica entre os partidos da oposição santomense, que queriam que o então chefe do Governo, Patrice Trovoada, esclarecesse os contornos.
De acordo com o ministro das Obras Públicas, Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente, Osvaldo Abreu, o memorando assinado com o Governo de Patrice Trovoada, a 1 de Março de 2012, deu origem a uma parceria público-privada, visando criar uma empresa de gás, um porto logístico e um banco comercial.
Osvaldo Abreu esclareceu que, de acordo com as informações da empresa, os navios não têm funções comerciais. A informação foi confirmada pela Empresa Nacional dos Portos (ENAPORT).
“A empresa alegou ter feito um depósito bancário para testes de hidrodinâmica e instalação de um porto flutuante, com o objectivo de explorar o gás nas águas económicas exclusivas ou comprar na nossa costa”, disse. O governante garantiu que a empresa Blue Sky comprometeu-se a regressar ao país em meados de Janeiro, para fornecer todos os dados dos estudos feitos nas águas territoriais santomenses.
O último dos quatro navios da empresa partiu a 24 de Dezembro passado, depois do pagamento de uma caução, no valor de 80 mil dólares americanos, exigida pelo Governo, após uma investigação de três dias desencadeada pelo novo Governo de Gabriel Costa.
Cada navio da Blue Sky mede 300 metros de comprimento e 160 de largura, sendo que, com a sua permanência, segundo cálculos solicitados pelo Governo, a ENAPORT deveria encaixar cerca de 500 mil dólares americanos, montante superior a toda a operação do Porto de São Tomé.
Este navio foi acusado de desenvolver operações “ultra-secretas” pelo maior partido da oposição santomense, o MLSTP-PSD (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democra- ta), actualmente no poder. No hemiciclo, o deputado da bancada parlamentar do MLSTP-PSD, José Viegas, que levantou a polémica, defendeu que não se deve aafastar oportunidades de investimentos, mas que é necessário levar este assunto “até às ultimas consequências”.
Para a bancada parlamentar do Partido de Convergência Democrática (PCD), este polémico dossiê revela “falta de transparência e indícios de corrupção”.