A UNITA e o lado errado da História
Quando em 2002 terminou a guerra com a morte em combate do líder da UNITA, Jonas Savimbi, Angola alcançou a paz e ficou provado em todo o mundo, mesmo entre os seus aliados, que o grande obstáculo ao longo daqueles anos de guerra só tinha um nome.
Após a derrota de Savimbi podia ter havido um processo de capitulação pública dos rebeldes, obrigando-os a responder em juízo pelos anos de destruição do país, pelos milhares de mortos e milhões de deslocados. Pelo contrário, foram todos recebidos de braços abertos e alguns com honras de Estado.
Também não nos podemos esquecer que o fardo dos anos de guerra é muito pesado. O nível de destruição era assustador. Felizmente os jovens angolanos de hoje, que cresceram em anos de paz, com escolas, professores e assistência médica, não têm memória da tragédia provocada pela UNITA.
Por isso, é com estranheza e estupefacção que lemos na imprensa que o partido do Galo Negro apresentou uma queixa-crime contra o Presidente José Eduardo dos Santos. Só pode ser um grande lapso, um verdadeiro engano.
Mas a realidade mostra o contrário. A direcção da UNITA, agindo com suprema falta de vergonha e no seu estilo habitual de provocação, anunciou mesmo que ia apresentar a queixa.
A posição de Isaías Samakuva, beneficiário directo e principal da atitude magnânima de perdão por parte do Presidente José Eduardo dos Santos, merece uma leitura atenta. O actual líder da UNITA quer a todo o custo mostrar que é ainda mais “duro” do que Savimbi e então despreza os melhores quadros do seu partido, chamando a si os militares que continuam a revelar a nostalgia do gatilho. Já não se lembram que devem a vida a quem hoje atacam de uma forma vil e desavergonhada.
A UNITA insiste, como um adolescente teimoso, na tese da fraude no processo eleitoral quando já todas as entidades com voto na matéria se pronunciaram. Mais uma vez os apaniguados de Samakuva querem ser jogadores e árbitros ao mesmo tempo.
Além de imaturidade política revelam total falta de respeito pelas instituições democráticas. Quem quer a democracia tem de fazer tudo para ela funcione. Samakuva faz tudo para que ela seja destruída, O ideal era ser carbonizada numa das fogueiras que ele ajudou a atear na Jamba. Tantos crimes hediondos ali cometidos, sem qualquer castigo!
Gostava que alguém da UNITA me dissesse, olhos nos olhos, se acredita mesmo que o seu partido ganhou as eleições.
Como Samakuva e seus apaniguados sabem que perderam, estão apenas a fazer um mero truque de aldrabice igual a tantos outros no passado. Isaías Samakuva continua agarrado à memória de um fanático que semeou o horror em todo o país.
Funciona como sumo-sacerdote da seita Savimbi, em vez de fazer uma oposição criativa e construtiva que mostre aos angolanos verdadeiras alternativas ao crescimento económico, ao progresso social e ao desenvolvimento sustentável. A pobreza do seu “governo sombra” é tal que só sabe instigar o ódio entre os angolanos. Angola não precisa mais de arruaças, de conflitos, de confusão. Não podemos deixar-nos levar pela vontade de certas chancelarias ocidentais que sabem o quanto disso tiram proveito.
E, era bom que Samakuva e seus pares percebessem, dez anos depois, o que se passou no Iraque ou ainda se passa na Líbia. Mas também isso não nos causa espanto, porque sabemos que a UNITA vive do lado errado da história, desde a luta armada de libertação nacional. Chegou ao cúmulo de alugar as suas armas ao regime do apartheid que continuava a oprimir os nossos irmãos no Zimbabwe, África do Sul e Namíbia.
Quem passa pela Europa e vê como a crise aperta, não pode ficar indiferente ao crescimento económico que se regista em Angola. Não pode ficar indiferente ao papel que o Presidente José Eduardo dos Santos joga no equilíbrio de forças em todo o mundo, para que a paz e a prosperidade chegarem a todos os países e povos.
Angola está entre os países que assumem um maior protagonismo na cena mundial. Nós temos os nossos problemas. Vamos ser nós a resolvê-los e isso deve deixar-nos orgulhosos e não com a vontade de continuarmos reféns dos senhores do passado, como ainda pretende a liderança da UNITA, o que confirma a tese de que continua amarrada a um passado de traição e colaboracionismo, totalmente do lado errado da História.