ARQUITECTURA DE TERRA O regresso ao futuro
Muito se tem falado sobre o facto de existirem actualmente muitos recursos naturais que podem vir a chegar ao fim num curto espaço de tempo. Embora essa consciência já exista há décadas, apenas nos últimos anos tem vindo a ganhar mais força.
Para atingirmos a sustentabilidade da vida no planeta e conseguirmos viver, enquanto sociedade global, com aquilo que o meio tem para nos oferecer, sem esgotar a sua capacidade de renovação, terá de se atingir o equilíbrio em várias áreas de intervenção do ser humano. Estas vão desde os mais pequenos pormenores, até às grandes intervenções.
Por exemplo, para se fabricar um único computador de uso pessoal são necessários 1500 litros de água. O sector da informática no seu conjunto já é responsável por dois por cento das emissões mundiais de dióxido de carbono. Outras áreas, como a da construção civil, são desde há muito um reconhecido fardo para a disponibilidade do planeta. É de facto considerável! Crê-se que actualmente a construção civil represente cerca de 20 a 50 por cento dos gastos de recursos naturais, e que seja responsável por uma quantidade de resíduos (como o entulho das demolições e as sobras das construções) que é praticamente o dobro do volume de resíduos sólidos urbanos.
Este cenário piora ainda mais se juntarmos a este desperdício desenfreado o facto da evolução da tecnologia nesta área, da criação de novos materiais e da rapidez de execução não serem sinónimos de maior qualidade na construção. De facto, a nível mundial, grande parte das pessoas que habitam em construções constituídas por materiais modernos (betão, vidro, alvenarias variadas, entre outros) não usufruem de condições especiais de conforto térmico ou economia na construção, ao contrário de muitos outros que habitam em construções realizadas com materiais tradicionais.Um dos melhores exemplos que poderá ser dado neste sentido é o uso de terra na construção. Até à revolução industrial, os elementos primários na construção doméstica, e em grande parte também na arquitectura cívica, eram a terra, a madeira e a pedra, entre outros. Com o desenvolvimento tecnológico que resultou da revolução industrial, e principalmente com a evolução dos meios de transporte de cargas, o uso de outros elementos construtivos passou a prevalecer sobre os elementos mais tradicionais. A terra na construção caiu assim em desuso. PAG. 31