General rebelde foge para Kigali
Procurador diz que o anúncio “é grande notícia para o Congo Democrático”
A Embaixada dos Estados Unidos em Kigali anunciou que o general dissidente do Exército da República Democrática do Congo Jean Bosco Ntaganda “está pronto para se entregar livremente ao Tribunal Penal Internacional”.
A Embaixada dos Estados Unidos em Kigali anunciou que o general dissidente do Exército da República Democrática do Congo, Jean Bosco Ntaganda, “está pronto para se render livremente ao Tribunal Penal Internacional” e que os EUA o vão ajudar a fazê-lo.
O comunicado da embaixada norte-americana confirma o anúncio de Kigali segundo o qual o general Ntaganda se apresentou na Embaixada norte-americana.
Na segunda-feira, o porta-voz do Governo de Kinshasa anunciou que o ex-general congolês, acusado de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, fugiu para o Ruanda depois da cisão da rebelião do M23, que liderava.
“Acabámos de saber que o rebelde Ntaganda e cem dos seus homens cruzaram a fronteira do Ruanda para se renderem às autoridades daquele país”, disse o porta-voz Lambert Mendes.
“Esperamos que Ruanda o extradite para a República Democrática do Congo juntamente com os homens que o acompanharam”, afirmou. “Este é o momento de ver se o Ruanda respeita os acordos assinados na Etiópia e contribui realmente para uma paz duradoura na região”, acrescentou.
O M23 realizou em Novembro uma ofensiva que apenas foi parada às portas da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte.
O acordo de Addis Abeba, assinado recentemente por 11 líderes africanos e que tem o objectivo de pacificar a zona dos Grandes Lagos, imersa em conflitos há mais de uma década, inclui o compromisso dos signatários de não darem asilo político aos indivíduos procurados pela Justiça internacional.
Bosco Ntaganda fugiu depois de uma cisão do grupo causada pela diferença de opiniões dos líderes sobre a assinatura ou não de um acordo de paz com o Governo da República Democrática do Congo.
As disputas entre o M23 e as forças congolesas do Kivu do Norte provocaram desde Maio cerca de 500 mil desalojados, anunciou a Organização das Nações Unidas . As autoridades de Kigali disseram que pelos menos 25 mil congole- ses fugiram para o Ruanda. Entretanto, o Tribunal Penal Internacional já saudou a rendição de Bosco Ntaganda, que pediu para ser transferido para Haia.
O gabinete do promotor do TPI afirma que a rendição do líder rebelde “é uma grande notícia para o povo da República Democrática do Congo, que sofreu durante muito tempo com crimes por parte de um foragido do TPI”.
As autoridades do Ruanda, por seu turno, informaram que não intervêm numa eventual transferência de Ntaganda para o Tribunal Penal de Haia. A ministra das Relações Exteriores do Ruanda, Louise Mushikiwabo, afirmou que este “é um assunto entre os Estados Unidos, que detêm o suspeito, a RDC, país de nascimento do suspeito, e o TPI, que procura o suspeito”.
Conhecido como “The Terminator”, Bosco Ntaganda é alvo de duas ordens de prisão do TPI, acusado principalmente de recrutar crianças-soldados e de violações nas regiões de Ituri, Nordeste da RDC, e de Kivu, no Leste.