Jornal de Angola

As histórias de dois mundos opostos

“UPSIDE DOWN” Um filme de ficção científica que fala de coisas bastantes reais

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“Upside Down”, filme de ficção científica realizado por Juan Diego Solanas, filho de Fernando “Pino” Solanas, Down”, estreia este mês nos Estados Unidos.

O filme, que levou sete anos a fazer, custou 60 milhões de dólares, metade do valor que era preciso, disse o realizador à agência Efe.

“Foi a pior experiênci­a da minha vida, não voltava a vivê-la nem por todo o dinheiro do mundo, mas estou orgulhoso do resultado”, afirmou.

O realizador, que teve de aprender inglês para poder filmar em Montreal, concluiu a rodagem em 2010, mas a montagem não ficou pronta, como previa, em Agosto do ano passado.

“Entre os que fizemos o filme, dizíamos antes de o começar que ia ser muito difícil ou até impossível, mas ainda foi pior”, referiu.

“Upside Down” é uma produção independen­te financiada por prévendas. Foi assim que Juan Diego Solanas teve liberdade total para criar uma história “sobre dois mundos com gravidades opostas”, mas isso não impediu que dois jovens se apaixonass­em, se perdessem e lutassem para se reencontra­r.

Jim Sturgess e Kirsten Dunst, as personagen­s, estão separados não apenas pela classe social e pelo sistema político, mas, sobretudo, pela gravidade que atrai o peso dos seus corpos para os mundos a que pertencem. “Diziam-me que era como ir à guerra”, declarou Solanas que por mais de uma vez pensou em desistir.

Pelo menos, disse, tive essa liberdade dentro da jaula que era a falta de dinheiro. Além disso, salientou, ninguém entendia as minhas ideias por serem muito abstractas e durante dois anos dormi quatro horas por dia”, lembrou.

“Não procurava nenhuma ideia em concreto. Tive a visão – sem usar drogas – de duas montanhas e de duas pessoas que se olhavam e queriam. Nunca vira uma imagem de dupla gravidade. Foi um terreno virgem que me fascinou. Em poucos minutos percebi a história e vi nela uma grande metáfora da minha vida”, referiu.

O pai de Juan Diego Solanas exilou-se em França durante o último regime militar da Argentina o que marcou a família e está reflectido no filme, especialme­nte numa das primeiras cenas. “Uma é sequestrad­a, levado pelos civis e colocado num Falcon verde.

Os militares argentinos sequestrar­am 70 mil pessoas e a maioria foi levada num carro daqueles. O meu pai estava na lista dos primeiros a serem O meu pai estava na lista dos primeiros a serem mortos, por isso se escondeu e fugimos”, contou.

Juan Diego Solanas, 46 anos, prepara de mais quatro projectos e não descarta a hipótese de trabalhar em Hollywood, embora prefira produtores que queiram contar histórias diferentes. “Era péssimo se fizesse algo que já foi visto cem vezes, preciso de filmes que defendam ideias”, disse.

 ?? AFP ?? Realizador Juan Diego Solanas (à direita) e o actor Sven Wollter exibem um troféu em bronze conquistad­o num festival internacio­nal de cinema
AFP Realizador Juan Diego Solanas (à direita) e o actor Sven Wollter exibem um troféu em bronze conquistad­o num festival internacio­nal de cinema

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