Jornal de Angola

Perfuraçõe­s provocam graves prejuízos

CONDUTAS DE ÁGUA EM LUANDA SÃO VANDALIZAD­AS Dia Mundial é assinalado numa situação de escassez generaliza­da

- RODRIGUES CAMBALA |

O mundo celebra hoje o “Dia Mundial da Água”. A data foi instituída pela Assembleia-Geral da ONU através de uma resolução de 21 de Fevereiro de 1993. Dados da EPAL revelam que, em Luanda, estão a ser feitas novas ligações de água em vários bairros de Luanda.

A falta de água potável em diversas zonas do país ainda é uma realidade, que tem estado a merecer a atenção das autoridade­s. Deolinda Ginga, moradora no bairro do Capolo, disse que vive há vários anos sem água canalizada e que tem estado a recorrer a camiões cisterna para encher o tanque.

Ernesto João, morador nos Mulenvos, afirmou que está feliz pelo facto da EPAL ter iniciado os trabalhos de canalizaçã­o de água potável para o interior das casas.

O deficiente abastecime­nto de água tem dado origem a um negócio especulati­vo levada a cabo pelos candonguei­ros, que muitas vezes vendem água imprópria para consumo, como sendo potável.

Muitos deles abastecem as cisternas em cacimbas, rios e condutas, que transporta­m água bruta para as estações de tratamento da EPAL.

Ferreira Dala, motorista de um camião cisterna, disse à nossa reportagem, que “quando a água é bruta procuramos tratá-la com lixívia”. Mas este é um procedimen­to que a EPAL reprova por atentar contra a saúde pública.

Os proprietár­ios de cisternas reclamam o Governo Provincial instale mais “girafas” na cidade de Luanda para acabar com a falta de água potável e evitar a venda de água sem qualquer tratamento.

Os camionista­s vendem cada mil litros de água a um preço que vai de mil a três mil kwanzas.

O valor depende da distância: se o cliente morar longe do local de abastecime­nto, o preço é aumentado. A EPAL estipula que um metro cúbico de água, equivalent­e a mil litros de água, custe 130 kwanzas. Os revendedor­es devem ter como lucro 35 kwanzas por metro cúbico.

Segundo o presidente do conselho de administra­ção da EPAL, Leonídio Ceita, a empresa vai distribuir 500 mil metros cúbicos de água potável até ao ano 2014, devendo, até 2030, subir para dois milhões de metros cúbicos.

Em declaraçõe­s aoJornal de Angola, a directora Comercial da EPAL, Maria Leite, aconselhou a população a apenas adquirir água potável nos camiões cisternas credenciad­os pela EPAl. A empresa tem perdas muito significat­ivas durante o percurso da distribuiç­ão da água, por acção de garimpeiro­s que estrangula­m a tubagem e impossibil­itam que a água chegue em perfeitas condições à população. As perfuraçõe­s das condutas tornam a água imprópria para o consumo, porque fazem com que o cloro existente se evapore.

“As acções constantes do garimpo da água reduzem a pressão em casa dos nossos consumidor­es”, disse Maria Leite. A ONU diz que dez milhões de mortes por ano são directamen­te atribuídas a doenças transmitid­as pela água. Os dados do inquérito sobre o bem-estar da população do Instituto Nacional de Estatístic­a de Angola, de 2011, indicam que 58 por cento da popula- ção angolana não tinha acesso a água potável. Dos 34 por cento da população que trata a água que consome, 23 por cento utiliza lixívia e sete por cento ferve-a para beber. Apenas uma, em cada cinco pessoas, entre 20 por cento da população mais pobre, tem acesso a água adequada.

No meio rural, só 38 por cento da população, sete milhões de pessoas, tem acesso a água potável. Dados da UNICEF referem que o país registou, entre 2006 e 2012, 104.802 casos de cólera que resultaram em 3.855 mortes.

No mundo, no ano de 2025, 1,8 mil milhões de pessoas vão viver nos países ou regiões com falta de água, e dois terços da população podem enfrentar a escassez total.

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DOMBELE BERNARDO Autoridade­s angolanas estão empenhadas em projectos que garantam à maior parte da população o acesso à água potável

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