Jornal de Angola

Conselho de Segurança condena o golpe de Estado

CRISE NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA Órgão da ONU pede abstenção da violência “especialme­nte contra residentes estrangeir­os”

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O Conselho de Segurança da Organizaçã­o das Nações Unidas “condenou firmemente” a “tomada do controlo pela força” do governo da República Centro Africana e exigiu “a restauraçã­o da ordem constituci­onal e a aplicação dos acordos de Libreville”.

Os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU denunciam, em comunicado, a violência, os saques e a morte em combate de soldados sul-africanos.

“Pedimos a todas as partes que se abstenham de qualquer acto de violência contra os civis, especialme­nte residentes estrangeir­os, facilitem o acesso da ajuda humanitári­a ao território e garantam o pleno respeito pelos direitos humanos”, salienta o documento.

O Conselho adverte que “os autores de agressões – em particular violência sexual e exploração de menores como soldados – vão ser responsabi­lizados e julgados no Tribunal Penal Internacio­nal” e recorda que os acordos de Libreville, assinados em Janeiro pelo governo e a oposição, prevêem “a realização de eleições legislativ­as”.

A reacção do Conselho de Segurança das Nações Unidas surge após a União Africana ter condenado o golpe de Estado e suspendido a República Centro Africana da organizaçã­o continenta­l.

A União Africana manifestou, igualmente em comunicado, “firme condenação pela tomada do poder por meios violentos” naquele país da África Central e prometeu “examinar a situação e tomar as medidas necessária­s”.

Ban Ki-Moon condenou no domingo “tomada inconstitu­cional do poder”, exigiu a restauraçã­o constituci­onal e disse estar “profundame­nte preocupado” com relatos de graves violações dos direitos humanos e com a “terrível situação humanitári­a no país”.

O secretário-geral das Nações Unidas garantiu que os responsáve­is por aquelas violações “vão ser responsabi­lizados” e apelou à calma e respeito pelas leis na República Centro Africana.

As Nações Unidas, disse Kimoon, estão a tomar precauções para proteger os seus trabalhado­res no país e lembrou às autoridade­s locais as obrigações que têm “para garantirem a segurança de todos os funcionári­os da ONU e das suas dependênci­as”.

Suspensão da Constituiç­ão

O líder da rebelião Séléka anunciou a suspensão da Constituiç­ão e que vai legislar por decreto durante o período de transição no país. “Julgo ser necessário suspender a Constituiç­ão de 27 de Novembro de 2004 e dissolver a Assembleia Nacional e o Governo”, referiu Michael Djotodia.

Durante o período de transição que nos vai conduzir a eleições livres, confiáveis e transparen­tes, afirmou, legislo por decreto.

Em declaraçõe­s à imprensa do seu país, prometeu, “em respeito pelo espírito dos acordos de Libreville, manter o primeiro-ministro Nicolas Tiangaye em funções” e “conduzir os destinos do país durante o período de transição de três anos conforme os acordos políticos”. O líder da rebelião séléka Michel Djotodia justificou o golpe de Estado contra Françis Bozizé “com a miséria” na República Centro Africana e prometeu não haver perseguiçõ­es a dirigentes do Presidente François Bozizé. O líder Séléka, que negou ter apoios do Chade, República do Congo e do Gabão, disse: “a miséria levou-nos a pegar em armas”.

Michel Djotodia revelou que espera a ajuda “de amigos como a França, Estados Unidos e China, da CEAAC e da Comissão Económica e Monetária da África Central” para garantir a paz na República Centro Africana.

François Bozizé

O Presidente deposto da República Centro Africana, François Bozizé, aguarda em Yaoundé, Camarões, pelo anúncio sobre que Estado o vai recebe após a coligação rebelde Séléka ter tomado o poder no seu país pela força.

Uma fonte da Presidênci­a do Camarões afirmou que esperam pelo anúncio da decisão do Presidente da República do Congo e da Comunidade Económica e Monetária da África Central, Denis Sassou Nguesso, para se saber qual é o país que acolhe François Bozizé.

François Bozizé, dois filhos e os seguranças estão no mesmo hotel onde em 2003 após ser derrubado pelo agora Presidente deposto, o ex-presidente centro-africano Ange-Felix Patassé esteve hospedado durante uma semana antes de partir para o Togo. Bozizé quando deixou o seu país fugiu na RDC de onde partiu para os Camarões.

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AFP Bozizé está no hotel onde esteve hospedado o ex-presidente Ange-Felix Patassé após ser derrubado pelo agora Presidente deposto

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