Ramos Horta quer eleições sem ameaças
ENVIADO DAS NAÇÕES UNIDAS A BISSAU
O representante do secretáriogeral da Organização das Nações Unidas na Guiné-Bissau disse que as eleições naquele país devem realizar-se “ainda este ano e sem interferências nem ameaças”.
José Ramos Horta afirmou ser “muito importante” que cada político e militar guineense “ganhem a consciência de que não pode haver mais deferimento do prazo das eleições”, que “têm de ser muito transparentes, sem interferências dos militares e sem ameaças”.
“Nenhum de nós, os actores internacionais, vai aceitar que a comunidade internacional invista na Guiné e queira ajudar, mas seja testemunha de possíveis ameaças e de violência antes ou depois das eleições”, alertou.
Os guineenses, referiu o enviado José Ramos Horta, têm de entender que para convencer a União Europeia a levantar algumas sanções tem de haver na Guiné-Bissau um respeito escrupuloso pelos princípios da democracia, dos direitos humanos e da justiça. “Estamos no século XXI e não na década de 1960, quando se faziam golpes e se matava com impunidade”.
A comunidade internacional, declarou, apoia a Guiné-Bissau se houver vontade política de se realizarem eleições este ano e de ser constituído um governo credível e legítimo e uma reorganização séria das Forças Armadas e de todo o Estado. O momento actual, advertiu o representante da ONU, é a grande oportunidade: “se essa oportunidade se perder as elites guineenses têm de convencer a comunidade internacional a dar-lhe mais uma oportunidade, mas, do que sei, esta é a última. José Ramos Horta salientou que tem sido difícil defender a Guiné-Bissau junto da comunidade internacional “porque há uma enorme falta de crença”, “embora alguns países concordem que é necessário dar outra oportunidade” ao país da África Ocidental.