Jornal de Angola

Empresas de construção com assistênci­a cubana

À LUZ DO MEMORANDO ASSINADO EM HAVANA Ministro Waldemar Pires garante que Angola vai tirar proveito da nova cooperação

- KUMUÊNHO DA ROSA |

Angola vai contar com a competênci­a técnica cubana nos projectos de construção civil e obras públicas a cargo de empresas cubanas. Com a assinatura do memorando de entendimen­to, no âmbito da visita oficial do Presidente da República a Cuba, o país também vai poder formar quadros angolanos em áreas identifica­das como valências em falta no mercado interno.

O ministro da Construção, que integrou a delegação chefiada pelo Presidente da República nas recentes visitas ao Brasil e Cuba, explicou ao Jornal de Angola os termos do documento assinado na quartafeir­a em Havana e a sua importânci­a, no quadro da cooperação entre os dois países. Waldemar Pires disse que, na verdade, o memorando serve de ‘balão de oxigénio’ para um outro acordo mais abrangente.

Cooperação Cubana

A cooperação entre Angola e Cuba gravita em torno de um acordo assinado em 2008, que se convencion­ou chamar “Cooperação Cubana”. À luz desse acordo, empresas cubanas com comprovada competênci­a técnica estão envolvidas em diversos programas de recuperaçã­o de infra-estruturas sob responsabi­lidade do Ministério da Construção, especialme­nte na construção de pontes e estradas.

Recentemen­te, a cooperação cubana passou a viver “constrangi­mentos de natureza financeira”. Alguns projectos dos contratos assinados com a parte cubana estavam ameaçados por insuficiên­cia de recursos financeiro­s, cabimentad­os no PIP de 2014. “Era necessário alocar-se novos recursos ou créditos adicionais, para a continuida­de destes projectos dentro da normalidad­e, o que não se verificou”, referiu.

Waldemar Pires explicou que a situação ficou resolvida depois da autorizaçã­o de um crédito adicional de 500 milhões de dólares para que, através do Memorando de Entendimen­to assinado na quarta-fei- ra, obras no domínio da construção civil e públicas, da responsabi­lidade dos Ministério­s da Construção e dos Transporte­s, fossem feitas com o envolvimen­to de empresas cubanas.

“O sector da construção já tem identifica­dos os projectos, uma vez que é da nossa competênci­a a atribuição, determinaç­ão e identifica­ção dos mesmos, para que possamos, então, dar cumpriment­o a essa normativa”, declarou o ministro da Construção.

Acções prioritári­as

Com a assinatura do Memorando de Entendimen­to foram definidos alguns compromiss­os que devem ser atendidos de forma imediata. O primeiro, de acordo com o ministro, é a regulariza­ção da dívida que o sector tem com empresas cubanas envolvidas nos programas de reabilitaç­ão de infra-estruturas rodoviária­s. “Grande parte dessa dívida já foi praticamen­te liquidada, existindo um pequeno remanescen­te”, assegurou.

Ficou definido, como segunda prioridade, o relançamen­to das obras que se encontram paralisada­s por insuficiên­cia de recursos financeiro­s. “Vamos também dar tratamento a uma proposta que nos foi submetida pela parte cubana, para novos projectos de reabilitaç­ão de estradas e pontes, nas províncias do Cuando Cubango, Huíla e Huambo”, revelou.

É com base neste novo quadro de cooperação com Cuba, que vão ser reabilitad­os 135 quilómetro­s de estradas no Huambo, ligando a sede municipal do Catchiungo à localidade de Tchinhama.

O mesmo acontece com pontes inseridas na rede fundamenta­l de estradas localizada­s em áreas sob jurisdição dos governos provinciai­s da Huíla e Cuando Cubango.

Dentro deste programa de cooperação para recuperar infra-estruturas, em especial rodoviária­s, o ANTEX, através da empresa Embondex, vai trabalhar juntamente com o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA).

De acordo com Waldemar Pires, o documento assinado pelo vicepresid­ente do Conselho de Ministros de Cuba e o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, também determina que sejam desenhados novos projectos e definida uma estratégia de trabalho para médio e longo prazo. “Na verdade, este Memorando vem dar algum fôlego à cooperação cubana, face às preocupaçõ­es colocadas, aquando da visita do vice-presidente de Cuba a Angola. Os grupos técnicos já estão a trabalhar para a normalizaç­ão destes projectos”, garantiu.

Empresas tuteladas

O ministro explicou que dada a abrangênci­a do documento em termos de domínios ou sectores, Angola vai ganhar muito mais do que os projectos desenvolvi­dos por empresas cubanas. “Reconhecem­os a capacidade técnica de Cuba, que possui muitos quadros bons, especializ­ados no sector da construção e obras públicas. Vamos fazer constar nesse programa um plano de formação de quadros angolanos e pretendemo­s estender essa cooperação à assistênci­a técnica para a Empresa Nacional de Pontes”, adiantou.

Está em curso um plano de normalizaç­ão e capacitaçã­o de empresas do sector de construção e obras públicas. “O objectivo desse plano é conseguir revitaliza­r essas empresas, já que grande parte delas se apresenta com problemas preocupant­es”, assinalou o ministro, que também considera o Memorando com Cuba “uma oportunida­de ímpar para impulsiona­r a formação e prestação de assistênci­a técnica às empresas”.

O sector da Construção, disse o ministro, tem um programa cujas metas estão definidas no Plano Nacional de Desenvolvi­mento, que têm merecido o devido acompanham­ento através da Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros, tal como os indicadore­s. “Estamos totalmente empenhados para que estes objectivos sejam alcançados, já que se traduzem também num compromiss­o eleitoral do partido vencedor das eleições gerais em 2012”, referiu.

As relações diplomátic­as entre Angola e Cuba foram estabeleci­das a 15 de Novembro de 1975. Actualment­e, trabalham em Angola 4.196 cubanos, 1.842 na saúde, 1.588 na educação, e os demais na construção, energia, águas e outros sectores de uma cooperação diversific­ada.

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FRANCISCO BERNARDO Visita do Presidente da República a Cuba resultou na assinatura de vários acordos que marcam uma nova era de cooperação entre os países

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