Artistas enaltecem contributo dos “Kiezos”
O contributo de Os Kiezos para a música angolana e no surgimento de novos talentos no mercado discográfico nacional foi reconhecido, no domingo, por Boto Trindade e Manelito durante o espectáculo de homenagem ao conjunto, realizado em Luanda, no Centro Cultural Kilamba.
O guitarrista Boto Trindade afirmou que não se pode falar de música nacional sem abordar o trabalho e o legado de Os Kiezos, na protecção e valorização dos ritmos angolanos. O viola-solo adiantou que Os Kiezos, que completaram este mês 50 anos, tiveram grande influência na valorização e divulgação do semba, desde a sua fundação, na década de 1960.
Boto Trindade referiu que as homenagens são poucas para o reconhecimento de um grupo cujo nome é marca nacional. “Para mim foi uma satisfação ter gravado e actuado em algumas ocasiões com Os Kiezos. Aprendi muito com artistas como António do Fumo, Mário Arcanjo “Marito”, ou Domingo da Silva”, disse.
Para o músico Manelito, o contributo de Os Kiezos não pode ser limitado ao seu contributo no semba, mas como símbolo na luta de libertação. “Na década de 1960 e 1970 fazer música, com temas que enalteciam a angolanidade, era algo difícil. Mas Os Kiezos conseguiram, com enormes dificuldades, usar a música como meio para despertar os angolanos para uma causa”, contou o artista.
Manelito, um dos integrantes do conjunto, sublinhou que os 50 anos de Os Kiezos foram de muito sacrifício, persistência e alegrias, que fazem com que hoje o grupo seja um pilar da cultura nacional.
“O grupo tem tido algumas transformações, com a saída dos elementos fundadores e a entrada de cantores da nova geração, mas pretende continuar a trabalhar para preservar o legado que os tornou uma referência”, disse, acrescentando que estão a preparar novos temas e algumas actuações no interior e exterior do país.
O conjunto Os Kiezos foi formado nos anos 1960 por cinco jovens no Bairro Marçal, em Luanda, que animavam festas no bairro.