Redução do caudal do rio tranquiliza as populações
MUNICÍPIO DO DANDE Protecção Civil mantém alerta em zonas afectadas mesmo com o reforço do dique
A redução do caudal do rio Dande trouxe alguma tranquilidade às autoridades do Bengo e moradores do bairro Kingombe, próximo do dique de contenção, que recebeu intervenção dos técnicos da Direcção Provincial das Obras Públicas.
O Jornal de Angola constatou que a intervenção efectuada no bairro Kimgonbe para conter parte do dique trouxe segurança e tranquilidade à população ribeirinha. Na operação de contenção do dique, as Obras Públicas utilizaram um grande número de máquinas pesadas e camiões para o transporte de inertes.
O director provincial das Obras Públicas, Edgar Hilário, afirmou que, por falta de manutenção, o dique cedeu devido à força da correnteza do rio Dande.
Edgar Hilário sublinhou que “a situação não é de todo alarmante, na medida em que são erosões progressivas que estamos a conter há alguns dias”. Os técnicos procedem ao reforço de uma das margens para conter a água.
O rio tem um canal próprio e “é necessário, de tempos em tempos, fazer o desassoreamento para manter o volume adequado. Quando este aumenta exponencialmente, o fenómeno faz com que as terras da berma sejam arrastadas pela correnteza, provocando erosão”, elucidou Edgar Hilário. “Hoje já se respira de alívio. O caudal baixou mais de metro e meio. Assim, já não temos ameaça de transbordo do rio”, disse o administrador municipal do Dande. João Castelo Branco frisou que o caudal subiu bastante com as últimas chuvas de Janeiro no norte do país.
O rio Dande nasce no município de Quitexe, província de Uíge, onde é mais conhecido como Dange. Separa a província do Uíge do Cuanza Norte e esta do Bengo, onde acaba por penetrar, passa pela barragem das Mabubas e a cidade do Caxito, no município do Dande, e desagua no Oceano Atlântico, junto da localidade da Barra do Dande.
João Castelo Branco pediu calma à população e garantiu que as autoridades da província seguem de perto a situação e estão prontas a actuar a qualquer momento, em caso de emergência. Estêvão Manuel vive há dez anos no Kingombe, local onde as obras do dique tiveram maior impacto. Mais tranquilo, adiantou que o caudal do rio Dande sobe, em geral, entre Março e Abril, período de maior carga de chuvas.
Famílias aguardam solução
O morador afirmou que a enchente ocorreu de forma súbita. “O nível das águas subiu, logo seguido de infiltrações que estavam a provocar um túnel. Avisamos as autoridades que, de imediato, nos socorreram”, disse Estêvão Manuel, que acrescentou que a situação está calma, fruto da rápida intervenção das Obras Públicas e dos Bombeiros. O administrador municipal do Dande disse ao Jornal de Angola que já foi feito o registo das 100 famílias que tiveram as casas e haveres destruídos pelas enxurradas na semana passada, para receberem o apoio necessário.
Bombeiros em prontidão
Uma comissão multi-sectorial, coordenada pelo vice-governador provincial para a Área Técnica e Infra-estruturas, Ma- jor Campos, trabalha na criação de condições para apoiar os moradores do Riceno e outros bairros afectados pelas chuvas. Os moradores das zonas afectadas pela enchente elogiaram a pronta intervenção do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, cujos efectivos se fizeram presentes no local desde as primeiras horas do rompimento do dique, para tranquilizar os populares.
Em declarações ao Jornal de Angola, o comandante provincial dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros do Bengo, comissário Mateus Vunda, disse que a situação agora é calma. Mateus Vunda acrescentou que o efectivo mantém-se no terreno para dar o seu contributo e proteger a população destas calamidades. Além dos trabalhos de contenção das águas, as autoridades procuram sensibilizar os moradores sobre os cuidados a ter para evitar afogamentos no rio e a manterem-se alerta a qualquer situação anormal.
O rio Dande dá nome ao município mais populoso do Bengo, com cerca de 218 mil habitantes. Inclui as comunas de Caxito, Barra do Dande, Mabuas, Quicabo e Úcua.