Autoridades reforçam protecção do património de Mbanza Congo
Cidade goza de estatuto de capital espiritual e religiosa de todos os povos bakongo
A Administração Municipal de Mbanza Congo vai redobrar, nos próximos dias, as políticas de conservação do património histórico-cultural local e de melhoria do saneamento básico, assegurou quarta-feira a responsável da instituição.
Nzuzi Makiesse referiu que é necessário que todos os munícipes observem as leis que regulam a convivência em comunidade, evitem as construções anárquicas, ajudem na solução dos problemas de saneamento básico e respeitem as normas de conduta cívica.
A administradora municipal de Mbanza Congo avançou que a cidade, além de ser considerada herança histórico-cultural nacional, é candidata a património mundial da Unesco. Destacou a existência de locais e sítios, como o Kulumbimbi, a primeira igreja construída a nível da África Subsaariana, em 1491.
A responsável falava durante o lançamento oficial da 15ª edição das Festas da Cidade de Mbanza Congo, que encerra na próxima segunda-feira, numa cerimónia que decorreu no Museu dos Antigos Reis do Congo, com a presença do governador do Zaire, Joanes André.
Nzuzi Makiesse pediu maior colaboração da população na valorização da candidatura a património cultural da humanidade, apresentada à Unesco. “Para conseguirmos esta classificação junto da Unesco, a responsabilidade é de todos na conservação, preservação e gestão de todo o acervo cultural da região”, afirmou a administradora de Mbanza Congo.
A gestora principal do município de Mbanza Congo procedeu, na ocasião, à inauguração da Feira da Cidade, que se realiza no Largo do Soldado Desconhecido, acolhendo mais de 250 expositores.
A administradora considerou que a cidade de Mbanza Congo goza de estatuto de capital espiritual e religiosa de todos os povos bakongo e representa a capital política do antigo Reino do Congo e a primeira região construída em Angola.
Nzuzi Makiesse fez questão de apresentar aos visitantes a árvore secular “yala nkuwu”, que tem seiva com uma coloração sanguínea, onde se realizavam os julgamentos tradicionais, bem como a campa da dona Mpôlo, enterrada viva pelo seu próprio filho, por reivindicar a continuidade dos tratamentos tradicionais naquela época, proibida pelos portugueses. No Museu dos Antigos Reis do Congo, os visitantes tomaram ainda contacto com o primeiro Palácio Real e o Sungilo, este último, local onde eram praticados rituais tradicionais e lavagem dos cadáveres dos reis. Exposição de produtos
Há ainda uma feira, no bairro Sagrada Esperança, onde estão expostos alguns produtos alimentares, bebidas tradicionais, materiais de pesca e de caça, usados maioritariamente pelas comunidades de Madimba, Kaluka, Luvu, Nkalambata, Nkiende e sede.
Na feira, visitada pelo governador Joanes André, estão igualmente expostos livros, peças artesanais, gado, material de energia eléctrica (pela ENDE) e algumas pedras que traduzem o potencial geológico do Zaire.
Os expositores da comuna do Kaluka surpreenderam os visitantes à feira ao apresentarem uma espécie de camarão de água doce, extraído do rio Mbridge, além de materiais de pesca como a vua, kalo (garrafa natural para conservar água fresca), as folhas makaia makuanga, loto (colher de pau) e armadilhas para ratos, entre elas a nkanda, a saca e a tambua nzenza.
A comuna do Nkalambata levou à feira uma espécie de peixe bagre, conhecido por “nkamba”. O peixe chama atenção por ter certas características semelhantes a de uma cobra. A região expõe ainda a mbika za nkalu (um tipo de muteta), mansansa, mpeve (produto para tratamento), nkudo (garrafa de alumínio usada pelos antepassados).