Presença francesa rejeitada na Líbia
Tripoli envia nota de protesto ao Presidente François Hollande
Várias dezenas de pessoas manifestaram-se sexta-feira à noite diante do Ministério líbio dos Negócios Estrangeiros em Tripoli, para pedirem a destituição do Conselho Presidencial do Governo de União Nacional, após a descoberta de uma presença militar estrangeira na Líbia, após a morte de três oficiais franceses.
Várias dezenas de pessoas manifestaram-se diante do Ministério líbio dos Negócios Estrangeiros em Tripoli, sexta-feira à noite, para pedirem a destituição do Conselho Presidencial do Governo de União Nacional, após a descoberta de uma presença militar estrangeira na Líbia, na sequência do anúncio da morte de três oficiais franceses no despenhamento de um helicóptero militar.
Os manifestantes deslocaram-se à base naval Abu Setta, onde o Conselho Presidencial funcionava temporariamente, para organizarem uma marcha pondo em causa esta estrutura devido ao contexto da morte dos militares franceses no leste do país, ocorrida quinta-feira.
Alguns manifestantes não hesitaram em acusar directamente o presidente do Conselho Presidencial, Fayez al-Sarraj, de ter autorizado a ocupação estrangeira, bloqueando uma via pública para fazerem uma oração nocturna e efectuarem a marcha diante da base naval.
Na quinta-feira passada, vários líbios saíram às ruas nas cidades de Misrata (leste) e de Tripoli e noutras cidades do país a fim de protestarem contra este acto e condenar a presença militar francesa na Líbia, algumas horas após o anúncio, pelo Presidente francês, François Hollande, da morte de três soldados franceses durante uma missão de reconhecimento na Líbia, alegadamente contra o grupo Estado Islâmico.
O Conselho Presidencial do Governo líbio de União Nacional afirmou desconhecer a presença militar francesa no leste do país, de acordo com um comunicado oficial. O Conselho exprime o “seu descontentamento” após o anúncio pelo Governo francês de uma presença militar francesa no leste da Líbia sem o seu conhecimento e sem coordenação com as autoridades legítimas.
“Imediatamente após a declaração francesa, o Conselho entrou em contactos directos ao mais alto nível com autoridades francesas para determinar as causas e as circunstâncias desta presença e a sua composição exigindo uma explicação e pormenores para compreender as razões e as circunstâncias do incidente”, acrescenta-se no documento.
O Conselho Presidencial lembra “os pressupostos nacionais anunciados várias vezes que negam qualquer compromisso sobre a soberania líbia”. O órgão reafirma a rejeição de qualquer violação do território líbio, mas declara estar disposto a acolher “qualquer ajuda internacional ou apoio dos países irmãos e amigos na guerra contra a organização extremista do Estado Islâmico.
Segundo o Governo líbio, este apoio deve fazer-se a pedido do Conselho e em coordenação com a sua autoridade, enquanto único órgão legítimo do país, a fim de preservar a soberania nacional. O Conselho Presidencial exprimiu a sua gratidão pelo esforço internacional na luta contra o terrorismo e realça estar bem consciente da necessidade de esforços internacionais concertados para eliminar a ameaça que representa o grupo Estado Islâmico.