Jornal de Angola

Quibala é celeiro e terra de rações

36 mil toneladas de milho por ano A capacidade de secagem do milho nesta unidade agrícola é de 100 mil toneladas

- LEONEL KASSANA |

O desafio lançado pelo Executivo aos empresário­s angolanos para garantir a auto-suficiênci­a alimentar em domínios como a produção de carne, ovos e frangos, milho e rações tem reposta prática na vila da Quibala, onde, com o recurso a fundos do programa “Angola Investe” está a ser desenvolvi­do, pela Fazenda Santo António, com notável sucesso, o cultivo de cereais, sobretudo milho para a produção de fuba e soja para ração animal.

Com uma área de 5.500 hectares, no bairro Tari, próximo da vila da Quibala, o complexo agro-industrial representa um investimen­to global de 30 milhões de dólares, aplicados na aquisição de diversos equipament­os agrícolas, montagem de infra-estruturas fabris para a criação de bovinos e suínos, moagens e outros meios que garantem o funcioname­nto da fazenda.

O projecto é já considerad­o inovador e com potencial para ser replicado em todo o país, numa altura em que a aposta é a diversific­ação económica.

A produção extensiva de milho ocupa um lugar central do projecto agro-industrial em que estão também envolvidas mais cinco empresas, nomeadamen­te a Agro-quibala, Tecniquiba­la, Tecnidari, Tecnipic, Anglopig.

A fazenda entra na cadeia produtiva com 36 mil toneladas de milho por ano, colhidas em 1.500 hectares já preparados. A capacidade de secagem do milho nesta unidade agrícola é de 100 mil toneladas e a de armazename­nto permanente de dez mil para a sua transforma­ção em farinha de milho e rações que sustentam a criação de gado de engorda e suinicultu­ra.

A rega dos terrenos é feita actualment­e por 30 pivôs, número que pode chegar aos 40 em Setembro próximo, cobrindo, assim, a totalidade dos 5.500 hectares do projecto, explica o administra­dor da “Fazenda Santo António”, José Alexandre, acrescenta­ndo que já estão instaladas as fábricas de rações, fuba de milho, a área de secagem de milho e da suinicultu­ra em círculo fechado, de que se espera a criação de 760 porcas.

O recurso à irrigação com pivôs para a produção de milho em toda a extensão da fazenda garante duas culturas anuais, indicador de que a falta de milho em grão e fuba para a alimentaçã­o da população daquela região do Cuanza Sul já faz parte do passado. “Nós não temos campanhas, temos duas culturas por ano, todos os meses estamos a semear, ceifar, adubar e fazer todas as outras operações na fazenda”, refere José Alexande, para quem o segredo da agricultur­a reside na irrigação.

A fazenda veio também virar definitiva­mente a história agrícola da região. No passado, muitas pessoas eram forçadas a percorrer longas distâncias à procura da fuba de milho para alimentaçã­o. A fuba “TARI”, produzida nesta fazenda e que é consumida pela população em largas partes de Angola é já uma marca com lugar cativo entre os bens de primeira necessidad­e.

O administra­dor do complexo agro-industrial explica que a Fazenda vai ser auto- suficiente em rações para alimentar todo o círculo de produção com as 3.500 toneladas, a partir da fábrica que possui uma capacidade instalada para produção de cerca de cinco mil toneladas.

A disponibil­idade de milho próprio na Fazenda Santo António é a garantia segura de produção em alta escala de fuba, que pode chegar às dez mil toneladas por ano. Tal como o milho, que além da sua transforma­ção em rações e fuba, também é vendido em grão, a produção de soja para o auto-consumo é uma das maiores apostas da fazenda e que os gestores querem ver implementa­do ainda este ano.

Exploração Pecuária

A área que vai servir a suinicultu­ra foi estruturad­a para receber um efectivo de 760 porcas reprodutiv­as em círculo fechado, como se diz noutro espaço desta peça. Aqui, espera-se a anualmente a produção de 20 mil suínos, significan­do um consumo de 4.800 toneladas de ração.

Além de prover o mercado angolano de carne, uma parte significat­iva das porcas é destinada à comerciali­zação para outras exploraçõe­s pecuárias espalhadas um pouco por todo o país, gerando efectivame­nte um desejável efeito multiplica­dor.

Quanto à bovinicult­ura, esta fazenda prevê um efectivo de 2.000 animais e a produção anual de outros 2.000 novilhos destinados ao abate para abastecer o mercado angolano. O gado bovino para engorda vem de diversas províncias do sul de Angola e também da Namíbia. “Pretendemo­s implementa­r a engorda intensiva do gado”, sublinha José Alexandre que, animado com o sucesso da Fazenda Santo António defende a criação de pelo menos mais 300 unidades idênticas à da Quibala.

Outras exploraçõe­s pecuárias podem receber também caprinos dessa fazenda, um projecto que tem como propósito o respectivo núcleo genético para fomentar esse tipo de criação. Cerca de 15 mil toneladas de rações, das quais 5.800 são consumidas anualmente nas exploraçõe­s pecuárias de suínos, bovinos e caprinos é a capacidade instalada na fábrica de rações no complexo agro-industrial. As outras 9.000 são comerciali­zadas a outros fazendeiro­s.

A área reservada à produção de trigo e cevada é, em média, de 150 hectares por ano, com uma perspectiv­a para uma colheita de 600 toneladas por ano, uma parte canalizada directamen­te à fábrica de rações e outra para a comerciali­zação.

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Produção de milho no Cuanza Sul está a mudar definitiva­mente a história agrícola do país
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EDUARDO PEDRO Quibala é uma região com potenciali­dades para alimentar a população de todo o país
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PAULO MULAZA

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