Jornal de Angola

Mudança de embaixador­es gera polémica em Cabo Verde

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A nomeação de novos embaixador­es está a gerar muito debate em Cabo Verde, com os partidos da oposição e ex-primeiro-ministro a criticarem o que consideram ser “nomeações políticas”, e o Governo a garantir que os nomeados têm perfil adequado.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou na quarta-feira a substituiç­ão dos embaixador­es em Portugal, Bélgica e Estados Unidos, com destaque para o antigo primeiro-ministro do MpD, partido actualment­e no poder, Carlos Veiga, que vai chefiar a missão diplomátic­a do país em Washington, em substituiç­ão do ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeir­os José Luís Rocha. Ulisses Correia e Silva confirmou também a nomeação do ex-deputado Eurico Monteiro para a embaixada de Cabo Verde em Portugal, substituin­do Madalena Neves, e o deputado do MpD José Filomeno para a Bélgica, no lugar do ex-ministro Jorge Borges.

Os nomes escolhidos foram enviados ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, e aguarda-se a sua confirmaçã­o, depois de terem já sido publicadas no Boletim Oficial as exoneraçõe­s dos anteriores, num processo que tem gerado um intenso debate no país, com críticas dos partidos da oposição ao que dizem ser “nomeações políticas”. Para o vice-presidente do Partido Africano da Independên­cia de Cabo Verde, Rui Semedo, o primeiromi­nistro está a desvaloriz­ar os compromiss­os de despartida­rização do Estado assumidos durante a campanha que deu a vitória ao Movimento para a Democracia (MpD) nas legislativ­as de 20 de Março último.

Em declaraçõe­s à Rádio de Cabo Verde (RCV), o presidente da União Cabo-verdiana Independen­te e Democrátic­a (UCID), António Monteiro, sublinhou que o que está em causa não é a capacidade técnica e política dos nomeados, mas sim a forma como o processo está a ser conduzido.

“As nomeações são políticas e devemos assumi-las como tal, porque outrora aconteceu, está a acontecer agora, apesar de o partido que ganhou as eleições a 20 de Março passado dizer que na função pública e nas instituiçõ­es iríamos ter a despartida­rização”, referiu António Monteiro. Tanto o vice-presidente do PAICV como o líder da UCID chamaram a atenção do primeiro-ministro e apelaram ao Presidente da República para que analise “de forma clara” a situação e ponha em primeiro plano os interesses de Cabo Verde e não os interesses partidário­s.

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AFP Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva

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