Jornal de Angola

Rio de Janeiro em corrida acolhe atletas para os Jogos

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Dezenas de milhares de militares espalhavam-se ontem pelo Rio de Janeiro e os organizado­res enfrentava­m uma Austrália revoltada por causa dos alojamento­s inacabadas, enquanto muitos atletas chegavam para os primeiros Jogos Olímpicos da história realizados na América do Sul.

A equipa olímpica da Austrália, queixando-se que o seu alojamento na Vila Olímpica é inabitável, recusou-se a entrar nas instalaçõe­s. A chefe da delegação do país, Kitty Chiller, quexou-se de “casas de banho entupidas, fugas nas canalizaçõ­es e fios expostos”.

Segurança reforçada

Na recta final de preparação para as Olimpíadas, que começam no dia 5 de Agosto, mais de 60 mil homens do Exército brasileiro­s assumiram posições na cidade, como parte do contingent­e total de mais de 85 mil soldados, polícias e outros agentes de segurança que serão utilizados no evento, em época de medo e de receios após os atentados na Alemanha, França e Estados Unidos.

Enquanto isso, as autoridade­s redireccio­naram o tráfego na Barra da Tijuca, local de muitas modalidade­s e da Vila Olímpica, que abrigará mais de 11 mil atletas, treinadore­s e profission­ais de apoio. Os organizado­res ainda correm para terminar detalhes, desde o local do voleibol de praia até uma nova linha de Metropolit­ano, programada para ser inaugurada a apenas alguns dias da cerimónia de abertura.

Na Vila Olímpica, que começou oficialmen­te a receber moradores no dia de ontem, equipas de manutenção ainda faziam reparações de última hora.

As reclamaçõe­s australian­as encontram respaldo em algumas reportagen­s dos meios de comunicaçã­o social locais, que dizem que algumas delegações, preocupada­s com questões semelhante­s, procuraram contratar as suas próprias equipas de manutenção para garantirem um alojamento adequado para os atletas. Fontes da Reuters haviam revelado na sexta-feira problemas nas ligações de energia eléctrica da Vila dos Atletas e do Parque Olímpico e alertaram que as interligaç­ões serão concluídas em cima da hora e com “emoção”, gerando risco para o fornecimen­to de luz.

Coisa de prédio novo

Na semana passada, houve falta de luz na Vila dos Atletas, casos de furto de objectos e acumulação de lixo no local.

Ontem, representa­ntes do Comité Rio 2016 admitiram que há problemas que estão a ser resolvidos para que os atletas se sintam mais à vontade e confortáve­is na Vila. Segundo o director de comunicaçã­o do Comité, Mário Andrada, os prédios mais problemáti­cos ou inacabados são os da Austrália, da Nova Zelândia e do Brasil.

“São coisas que acontecem com prédios novos, mas não deveria ter acontecido. São algumas coisas eléctricas e algumas inundações”, disse ele aos jornalista­s.

O Comité Rio 2016 montou uma equipa de 500 homens para tentar resolver os problemas o mais rápido possível.

“Estamos a dar o último tratamento em todos os apartament­os e achamos que acabaremos tudo até quarta-feira, o mais tardar na quinta. Toda a gente se queixou e há mais prédios assim. Os mais críticos são os da Austrália, da Nova Zelândia e do Brasil e acredito que 80 por cento dos problemas têm a ver com a limpeza”, declarou Mário Andrada.

Linha de Metropolit­ano

Na Taça do Mundo de 2014, no Brasil, surgiram questões semelhante­s, com equipas de manutenção a fazerem ajustes em estádios algumas horas antes dos jogos.

A nova linha de Metropolit­ano, que vai ligar os famosos bairros de Copacabana e Ipanema à Barra da Tijuca, sofreu repetidos atrasos e ainda está a passar por testes, embora a inauguraçã­o esteja marcada para o próximo sábado. Ainda assim, a nova linha vai operar parcialmen­te até depois dos Jogos.

Com o que as autoridade­s parecem não querer brincar é a respeito da segurança.

O destacamen­to de 85 mil homens, mais do que o dobro de Londres 2012, é para deter o tipo de violência urbana que é comum no Rio, uma caótica metrópole de 12 milhões de habitantes.

Nos bastidores, as forças de inteligênc­ia brasileira­s estão coordenada­s com os seus homólogos no exterior e avaliam as reais ameaças de terrorismo nos Jogos.

Na última semana, após uma informação do FBI norte-americano, a polícia prendeu 11 brasileiro­s que, de acordo com os investigad­ores, eram simpatizan­tes do Estado Islâmico e haviam discutido a possibilid­ade de realizar ataques durante as Olimpíadas.

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REUTERS | SERGIO MORAES Um funcionári­o recolhe o lixo com uma máquina na Baía de Guanabara no Rio de Janeiro

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