Resistência dos Kovoet
4 de Julho – Martti Ahtisaari disse, depois de uma visita de três dias à localidade de Owambo, que a população continuava a sentir-se insegura e era “frequentemente intimidada” por elementos da Polícia do Sudoeste Africano. O sindicato (vanguarda da SWAPO) disse a Martti Ahtisaari que uma greve de massas de trabalhadores e estudantes teria início, caso os membros dos Koevoet não fossem imediatamente removidos da polícia.
11 de Julho – Em Windhoek, o Secretário de Estado Adjunto dos EUA, Herman Cohen, disse: “Nós levámos muito a sério a reclamação do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre o uso excessivo da força no Norte da Namíbia e sobre os abusos por parte das forças policiais”. Ele revelou que os Estados Unidos fizeram esforços diplomáticos para garantir que a situação de força excessiva e de abusos por parte da polícia fosse resolvida. “Eu acredito que o número de polícias está a diminuir e o número de veículos e armas ‘intimidatórias’está a ser reduzido”.
13 de Julho – O porta-voz da UNTAG anunciou que o Secretário-Geral de Cuellar faria uma visita à Namíbia no período de 18 a 21 de Julho.
18 de Julho – O Secretário-Geral de Cuellar falou, na sua chegada a Windhoek, sobre a necessidade de eleições livres e justas, “através das quais todo o povo da Namíbia determinará o seu futuro numa atmosfera não contaminada pelo medo ou pela intimidação”.
19 de Julho – Os membros da SWAPO, em Windhoek, disseram à imprensa que colunas transportando material militar foram enviadas para a fronteira mais a Norte, a fim de serem usadas pelos Koevoet. Eles disseram que eles tencionavam atravessar a fronteira para Angola e, em seguida, regressar à Namíbia “disfarçados de elementos da SWAPO”. Assim a África do Sul poderia ter uma desculpa para lançar os seus soldados.
21 de Julho – Javier Perez de Cuellar, falando em Oshakati, disse que a questão dos Koevoet contra os quais tinham sido feitas muitas denúncias de intimidação “era uma questão preocupante”. A estrada entre Oshakati e Ondangwa estava repleta de apoiantes da SWAPO que gritavam e dançavam, acenando cartazes de boas-vindas à ONU e exigindo a remoção dos Koevoet da Polícia do Sudoeste Africano.
21 de Julho – O jornal “New Nation” anunciou que tanto a Organização de Unidade Africana (OUA) como o Movimento dos Não-Alinhados (NAM) apelaram para a expulsão dos “temíveis” membros da unidade Koevoet que estavam “infiltrados” na Polícia do Sudoeste Africano. Eles disseram que “nos termos da Resolução 435, a responsabilidade de verificação da aptidão do pessoal para o serviço na Polícia do Sudoeste Africano era da responsabilidade do Secretário-Geral e do Representante Especial das Nações Unidas”. Portanto, exigimos e insistimols que o Representante Especial deve solicitar ao Administrador-Geral que a força Koevoet seja imediatamente dissolvida. “O general Han Dreyer, fundador e líder dos Koevoet, deve ser removido do seu cargo actual de Comandante da Polícia no Norte da Namíbia”. Eles perguntaram por que razão a UNTAG tinha decidido utilizar os “temíveis” Casspir e disseram: “O uso de Casspirs por parte da UNTAG ou da Polícia do Sudoeste Africano deve ser proibido”.
22 de Julho – O jornal “The Citizen”, sob a manchete “SECRETÁRIO-GERAL DA ONU – LIVRE-SE DOS MEMBROS DA KOEVOET”, relatou que Javier Perez de Cuellar, em conferência de imprensa, antes de viajar para Pretória, pediu à África do Sul para considerar “desmobilizar” os mais de 2.000 membros da Polícia do Sudoeste Africano que haviam servido na Koevoet. Ele disse que a principal ameaça às “eleições livres e justas” eram as acusações de intimidação que recaiam sobre os ex-membros da Koevoet. Ele disse que eles haviam criado uma atmosfera de desconfiança, no Norte da Namíbia. Na conferência de imprensa, ele disse que Louis Pienaar tinha rejeitado o seu pedido de desmobilizar todos os membros da Koevoet colocados na força policial. Ele disse que movê-los-ia das regiões do Norte para regiões com menos tensão, mas apenas desmobilizaria os agentes da polícia se fossem provadas individualmente as acusações de má conduta. “Lamento dizer que não estou totalmente satisfeito com a decisão do Sr. Pienaar, pois a eliminação da Koevoet criaria uma situação melhor”, disse o Secretário-Geral. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Pik Botha, disse aos repórteres, após uma reunião com o Secretário-Geral, que a disputa sobre os Koevoet “não era um problema insuperável”.
24 de Julho – O “The Citizen” informou que o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, juntamente com outros 20 Chefes de Estado, tinha chegado a Addis Abeba para participar da Cimeira da OUA. A Resolução aprovada pelo Conselho de Ministros da OUA criticou duramente a decisão da ONU de permitir às Forças Sul-Africanas agirem contra a SWAPO “em véspera” da implementação da Resolução 435. A mesma Resolução fez menção ao “massacre” dos membros da SWAPO perpetrado pela África do Sul e o seu actual fracasso em desmobilizar completamente a poderosa Koevoet.
25 de Julho – O Secretário-Geral, Javier Perez de Cuellar, que fez uma paragem em Lusaka para reunir com os Presidentes Kaunda e Sam Nujoma, discursou na Cimeira da OUA em Addis Abeba. Ele disse que os membros da Koevoet, que tinham obtido uma “má reputação” no Norte da Namíbia, tinham sido reabsorvidos pela Polícia do Sudeste Africano. “Eles não servem para o seu emprego contínuo na força policial nos termos do plano da ONU”, declarou.
27 de Julho – A senhora Glenys Kinnock, esposa do líder da oposição da Grã-Bretanha, Neil Kinnock, apanhou um susto quando durante a sua visita ao Centro de registo eleitoral de Eenhana uma bomba explodiu nas proximidades de uma base da polícia. Mais tarde, ela disse que os “residentes mais velhos” disseram-lhe que os moradores continuavam a ser intimidados pela Koevoet.
28 de Julho – A base da polícia de Etale, na Owamboland, foi alvo de um bombardeamento, durante a noite, por parte de elementos da SWAPO que usaram um morteiro de 60 mm de fabrico soviético.
30 de Julho – Glenys Kinnock apelou ao fim do uso dos Casspir nas estradas, por causa do seu “efeito intimidatório”. Era perceptível que ela hesitou em apelar para a demobilização de todos os ex-membros da Koevoet incorporados na força policial. Em vez disso, ela, de forma mais responsável, disse que “a estrutura de comando da Koevoet devia ser dissolvida”.