O “berço” forjou a trajectória do exímio artista
António Idalino Garcia Adolfo, “Pirica Duia” de nome artístico, tem 40 anos, é músico, guitarrista e produtor musical. Actualmente, integra a Banda Duia, designação atribuída em homenagem ao falecido pai, também músico.
O talento vem do berço. De pequeno, “Pirica Duia” assimilou a experiência do pai, que foi guitarrista, e da mãe, que tocava tambor e guitarra. “Não tenho exactamente ideia de quando comecei a tocar. Era muito miúdo quando comecei”, disse.
“Pirica Duia” aprendeu a tocar de tudo um pouco, pois “tivemos uma educação musical um bocadinho versátil. Fomos habituados a conservar o nacional e o tradicional, mas o nosso pai não deixou de nos ensinar a cultura de outros povos e interagir com outros ritmos”.
Conhecido como artista de múltiplos instrumentos, “Pirica Duia” e os irmãos aprenderam a interpretar estilos brasileiros, cabo-verdianos, cubanos, argentinos e portugueses e a utilizar instrumentos musicais diversos. “O meu irmão Bebé lidava bem com o tambor, a mana Jandaia, com a guitarra, e a Mara gostava do cavaquinho. Eu comecei por tocar cavaquinho e depois a dicanza (recoreco)”, explicou. “Pirica Duia” considera o pai como um símbolo da cultura angolana e agradece por o ter colocado, a ele e aos irmãos, nos caminhos da arte e traçado o seu destino.
O sonho de um disco
A família Duia, segundo o artista, deveria ter maior expressão. “Fizemos a nossa vida artística sem apoios do Ministério da Cultura e do empresariado. Gostaria que houvesse mais incentivos de forma a criarmos um projecto musical, como um disco. Contudo, vamos lutar até onde der”, disse.
“Pirica Duia” ainda não gravou um disco individual. No entanto, tem várias músicas partilhadas com outros músicos, como a Banda Maravilha, da qual deixou de fazer parte há cerca de dois anos. Apesar de não ter um disco próprio, afirma que “tive a oportunidade de tocar e cantar e a minha voz ecoa pelo país”.
Interacção com outros artistas
O artista disse ao Jornal de Angola que tem feito trabalhos com músicos como Paulo Flores e Tito Paris, que quando está em Angola o convida para actuar nos seus concertos. Tocou nas bandas Vozes Negras, Banda Maravilha, Kimbambas do Ritmo, Banda de Paulo Flores e de Kelly Silva. Graças à música “Pirica Duia” conheceu vários países, o que considera gratificante, porque nessas ocasiões “o artista tem a possibilidade de mostrar a cultura, trocar experiências, interagir com artistas de outros patamares e trazer esta prática para poder espelhar e seguir um rumo diferente daquilo com que se está habituado”.