Rejeitado o voto de confiança
PARLAMENTO LÍBIO CONTRA O GOVERNO Primeiro-ministro tem última oportunidade para propor Executivo
A situação política na Líbia volta a estar no centro das atenções depois de o Parlamento líbio se ter recusado, na segunda-feira, a dar o seu voto de confiança ao Governo de União Nacional (GNA), e oferecer ao primeiroministro Fayez al-Sarraj uma “última oportunidade” para propor um novo Executivo.
De acordo com analistas, essa posição do Parlamento demonstra a incapacidade das autoridades instaladas em Tripoli de promover a unidade e reconciliação entre líbios, apesar dos discursos optimistas proclamados pelo Ocidente.
A atitude dos deputados não deixa de ser um duro golpe para o Governo de União Nacional, que há meses procura ter legitimidade para consolidar a sua autoridade no país e tentar tirar a Líbia do caos político e militar em que se encontra desde o assassinato do líder líbio Muammar Kadhafi, em 2011.
“A maioria dos deputados presentes na sessão do Parlamento recusou-se a conceder o seu voto de confiança ao Governo”, declarou à AFP o porta-voz do Parlamento, Adam Boussakhra.
Dos 101 membros do Parlamento presentes (de um total de 198), 61 deputados e o presidente do órgão, Aguila Saleh, votaram contra a moção de confiança, com apenas um voto a favor e 39 abstenções, de acordo com o comunicado divulgado na página institucional.
Segundo o Libya Channel, um canal de televisão privado, os deputados ligados ao GNA não estavam presentes na votação. O Parlamento teve de ser transferido para Tobrouk (Leste), depois da tomada de Tripoli por uma coligação de milícias há dois anos. O órgão é reconhecido pelo Ocidente, mas apoia um Executivo rival ao Governo de União Nacional, baseado em Baida, na mesma região.
Fruto de um acordo interlíbio patrocinado pela ONU e firmado em Dezembro de 2015 em Marrocos, o Governo de União Nacional administra os assuntos correntes, mas não consegue fazer valer a sua autoridade em todo o país.
Segundo o acordo de Dezembro, o Governo de União Nacional devia obter, para poder funcionar, um voto de confiança por parte do Parlamento, que já tinha rejeitado, em 25 de Janeiro passado, uma primeira versão do Governo de União.
Depois de negar a moção de confiança, o Parlamento reivindicou do Conselho Presidencial a formação de um “Governo limitado”, dando-lhe “um prazo de dez dias” para apresentar novos candidatos, referiu o porta-voz do Parlamento.
Aprovada pelos deputados presentes, a declaração diz que “é a última possibilidade” para o Conselho Presidencial formar um Governo que possa obter o aval do Parlamento.