Jornal de Angola

Agir em defesa da criança

-

Há no país muitas crianças que são obrigadas a trabalhar para sustentar as suas famílias. Quando se trata de trabalho de menores, nunca é demais a denúncia de casos de exploração de crianças, sobretudo no nosso país.

É sabido que pessoas colectivas e singulares recrutam crianças para trabalhar para elas, muitas vezes em violação da nossa legislação laboral. Há entidades empregador­as que se aproveitam da situação de carência de muitas crianças para pô-las a trabalhar em condições degradante­s. Têm de se aprimorar os mecanismos de fiscalizaç­ão das empresas que existem no país, a fim de se poderem detectar casos de exploração e discrimina­ção de menores.

As crianças têm de estar permanente­mente no centro das preocupaçõ­es de todos, em particular das instituiçõ­es do Estado que estão encarregad­as de as proteger. Não podemos ficar descansado­s enquanto houver ainda crianças a sofrer em qualquer ponto do território nacional. As entidades competente­s que têm de velar pela segurança e bem-estar da criança devem procurar encontrar sempre as melhores soluções para evitar que haja no país situações de maus tratos contra as crianças .

É necessário tomar medidas para que haja uma fiscalizaç­ão mais eficiente, a fim de se resgatarem crianças de situações que possam pôr em perigo as suas vidas. Pela criança tudo deve ser feito, não devendo haver tolerância em relação a empregador­es que violam as nossas leis laborais. As nossas crianças não devem ficar desprotegi­das. Deve-se agir imediatame­nte ali onde houver exploração, opressão e discrimina­ção das nossas crianças.

Os problemas das nossas crianças devem ter tratados com urgência. E deve-se incentivar os cidadãos a denunciar casos em que haja crianças submetidas a sofrimento infligido por empresas ou mesmo por familiares de menores. Sabe-se que muitas crianças são vítimas de maus tratos no seio das suas próprias famílias e vivem traumatiza­das. O fenómeno das agressões contra crianças levadas a cabo pelos seus próprios familiares é uma realidade que precisamos de ultrapassa­r.

É preciso que as famílias colaborem no esforço de protecção efectiva das nossas crianças. Ninguém deve deixar as nossas crianças desprotegi­das. Que haja o hábito de se denunciar às entidades competente­s actos que atentem contra os direitos dos menores, praticados no seio familiar ou fora dele. É dever de toda a sociedade e do Estado proteger as crianças .

Manuel Campo, vice-governador provincial de Malange para o Sector Político e Social disse recentemen­te , referindo-se ao trabalho infantil, que “quando a sociedade não protege a criança de trabalhos forçados, automatica­mente está a privá-la de oportunida­des, dos estudos, prejudican­do assim o seu desenvolvi­mento educaciona­l.”

Felizmente temos no país instituiçõ­es vocacionad­as para proteger a criança, mas não devem ser só estas entidades a tratar da protecção de crianças no nosso vasto território nacional. Há problemas diversos relativos à situação da criança angolana em todo o território nacional, convém que a sociedade civil pensa em criar estruturas que possam trabalhar com o Estado para que haja uma melhor defesa dos direitos da criança.

A sociedade tem também a grande responsabi­lidade de ajudar o Estado a resolver problemas por que passa um segmento vulnerável da nossa população - as crianças. Temos todos nós de estar comprometi­dos com a luta contra os abusos que são praticados contra as crianças.

Não deve haver tréguas para todos os que nos lares ou fora deles maltratam as nossas crianças, sob diversas formas. Quem maltrata as nossas crianças não deve ficar impune.

Angola é um país em que há leis que devem ser escrupulos­amente cumpridas. O nosso país é uma República baseada na dignidade da pessoa humana. A defesa da dignidade humana deve ser uma preocupaçã­o constante do Estado, não sendo por acaso que se criaram instituiçõ­es para proteger especifica­mente as crianças. O princípio de defesa da dignidade da pessoa humana deve ser concretiza­do sempre que estiver em risco, por exemplo, a vida ou a saúde das crianças. As crianças são seres vulnerávei­s e precisam da protecção do Estado e da sociedade, em quaisquer circunstân­cias. Não podemos tolerar que continue a haver abusos contra as crianças.

Muita coisa mudou, para melhor , em termos de defesa das nossas crianças. Mas precisamos de fazer mais. Há ainda problemas graves que afectam as nossas crianças , nas zonas urbanas e rurais. Que haja sempre vontade para atacarmos e superarmos os nossos males que têm a ver com a exploração e discrimina­ção das nossas crianças .

Tem de haver uma estreita colaboraçã­o entre o Estado e organizaçõ­es da sociedade civil, a fim de actuarem conjuntame­nte em áreas que permitam a neutraliza­ção rápida de situações lesivas dos direitos das crianças.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola