Cuanza-Norte comanda a produção de citrinos
Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural tem papel determinante no relançamento da produção familiar
A província do Cuanza Norte viu aumentar, nos últimos anos, a produção de citrinos e hortícolas, em decorrência de uma bemsucedida execução do Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR), que a coloca agora no topo da lista das principais fornecedoras de hortofrutícolas comercializadas na chamada Praça do 30, um dos maiores mercados a céu aberto de produtos do campo em Luanda.
O potencial para a produção de citrinos e hortícolas na província está patente em quintais e pequenas hortas, em quase todos os municípios do Cuanza Norte, onde é frequente divisar laranjeiras, tangerineiras, limoeiros e alfaces, couves e leguminosas. Mas é de Cambambe e Golungo Alto que sai a maior parte dos produtos vendidos nos mercados de Luanda.
Paulo Bungo, engenheiro agrónomo que dirige o Departamento do Instituto de Desenvolvimento Agrário no Cuanza Norte, calcula que a colheita de citrinos tenha rondado este ano 100 mil toneladas e só não eleva a fasquia e nem dá por encerrado a conta, pelo facto de ainda estarem a decorrer a recolha de limão.
Cuidadoso com os números, Paulo Bungo diz que, mesmos nivelando os cálculos por baixo, é possível afirmar que a “maior parte das hortofrutícolas comercializadas na Praça 30 são provenientes do Cuanza Norte”.
Impedidos por décadas de conflito armado de tirar maior proveito das potencialidades da terra, os agricultores retornam agora às suas culturas tradicionais, que vão da mandioca à ginguba e dos citrinos às hortaliças. É aqui onde o PEDR joga um papel crucial.
Instituído pelo Executivo, o PEDR destina-se fundamentalmente a ajudar pequenos produtores, a maioria dos quais organizados em associações e cooperativas. É com este instrumento que o Instituto de Desenvolvimento Agrário no Cuanza Norte tem vindo a estimular o fomento da agricultura e de pomares.
A instituição recenseou 75.226 produtores, que se dedicam essencialmente ao cultivo de tubérculos, como mandioca, batata-doce e rena e leguminosas, como feijão manteiga e macunde. São esses agricultores que se empenham agora na produção de citrinos, uma das marcas do Cuanza norte, quando se fala de produção agrícola.
“Os citrinos são para Cuanza Norte o que os bananais são para a província do Bengo”, lembra o engenheiro agrónomo, sem esconder o desencanto pela falta de iniciativas empresarias no sector.