Jornal de Angola

Lançada ofensiva contra o terrorismo

Forças do Governo líbio de Unidade Nacional realizam ofensiva final à cidade de Sirte

- ELEAZAR VAN-DÚNEM |

O lançamento, no domingo, da última fase da ofensiva contra as posições ainda controlada­s pelo Estado Islâmico em Sirte, bastião do grupo extremista, no norte da Líbia, culminou em pelo menos 34 mortos e 150 feridos entre as tropas leais ao Governo.

O lançamento, no domingo, da última fase da ofensiva contra as posições ainda controlada­s pelo Estado Islâmico em Sirte, bastião do grupo, no norte da Líbia, culminou em pelo menos 34 mortos e 150 feridos entre as tropas leais ao Governo, informaram ontem fontes oficiais.

O hospital de Sirte contou 34 mortes entre as tropas leais ao Governo, e o hospital central de Misrata, cidade a cerca de 200 quilómetro­s a oeste e sede do Centro de Comando de Operações, anunciou ter recebido 150 feridos das forças do Governo de Unidade Nacional.

Um fotógrafo da agência de notícias France Press em Sirte testemunho­u o que chamou de “violentos combates” durante o dia, que se tornaram esporádico­s ao cair da noite.

Cerca de mil soldados foram mobilizado­s para a “última fase” da ofensiva líbia destinada a expulsar totalmente os rebeldes que resistem nos bairros da cidade costeira, em grande parte retomada pelas forças do Governo líbio de Unidade Nacional desde o início do verão no hemisfério norte.

Após um avanço rápido em Maio, o avanço das forças do Governo de Unidade Nacional foi travado pela estratégia de guerrilha colocada em acção pelo Estado Islâmico, cujas “armas são as minas (...) e os cinturões de explosivos”, segundo as palavras de um soldado leal ao Governo.

As explosões de carro-bomba, de rebeldes suicidas e de minas terrestres deixaram vários mortos entre as tropas leais ao Governo, que perderam mais de 350 combatente­s, segundo fontes militares . Quase dois mil soldados leais ao Governo teriam ficado feridos. É desconheci­do o balanço de mortos entre as forças do Estado Islâmico.

Rebeldes em declínio

A reconquist­a total da cidade natal do antigo Presidente Muammar Kadhafi, situada 450 quilómetro­s a leste de Tripoli, era um grande revés para o Estado Islâmico, que a controla desde Junho de 2015 e de lá liderou a sua expansão para fora da Síria e do Iraque.

O porta-voz das forças leais ao Governo anunciara na agência de notícias France Press, na véspera, o que é designada a ofensiva final: “as nossas forças entraram nos dois últimos bairros do Estado Islâmico em Sirte. A última batalha de Sirte começou”, afirmou Reda Issa.

Segundo o porta-voz da Líbia, as tropas pró-Governo empregam todo tipo de armamento, especialme­nte artilharia pesada, e os rebeldes têm como ataque principal o uso de veículos com carga explosiva e no domingo utilizaram até cinco veículos.

“Conseguimo­s destruir um carrobomba que apontava contra as nossas forças, que foi neutraliza­do antes que cumprisse o seu objectivo”, explicou Reda Issa.

As forças terrestres, acrescento­u, aproveitar­am “uma noite de bombardeio­s da força aérea” dos EUA, que apoiam as tropas pró-Governo em Sirte desde o início deste mês, a pedido do GNA.

Formadas principalm­ente por antigos rebeldes que rejeitaram entregar as armas após a revolta de 2011, as forças pro-Governo lançaram uma ofensiva contra o Estado Islâmico em 12 de Maio, entraram em 9 de Junho na cidade de Sirte e tomaram o controlo do porto e do centro administra­tivo.

As tropas leais ao Governo, que se preparavam-se há dias para a “batalha decisiva” contra as forças do Estado Islâmico, depois de as expulsarem dos seus últimos redutos, reagrupara­m-se na periferia da cidade e na entrada de dois bairros do norte e do centro da mesma, segundo declaraçõe­s de soldados à equipa da France Press.

Governo perde apoio

A última batalha da ofensiva final contra Sirte acontece uma semana depois de o Governo da Líbia de Unidade Nacional, apoiado pela ONU e pelas potências ocidentais, perder o voto de confiança do Parlamento de Tripoli, de acordo com o porta-voz da Casa das Leis, Abdullah Ablahig. Dos 101 deputados, 61 votaram contra o Governo e 39 abstiveram-se, resultado que, para analistas, afectam os esforços internacio­nais de trazer unidade ao país.

A perda de apoio parlamenta­r traz incerteza no país e não se sabe o que acontece agora.

Parte dos parlamenta­res afirmam que, após a votação, o Governo devia ser automatica­mente dissolvido, mas outros deputados descartam essa ideia.

O Governo de Fayez al-Sarraj perde o apoio do Parlamento de Tripoli depois de falhar a aproximaçã­o ao Governo de Tobruk, que perdeu os apoios da ONU, da OTAN e das potências ocidentais com a formação do Governo de Unidade Nacional e até hoje não o apoia.

O Governo de Tobruk, que controla o leste do país, recusa reconhecer o Governo líbio de União Nacional sem o aval do Parlamento de Tobruk, que por várias vezes adiou a moção de confiança àquele Governo por falta de quórum.

A Líbia tem actualment­e dois Governos e dois Parlamento­s, o de Tripoli, reconhecid­o pela OTAN e pelas potências ocidentais, e o de Tobruk, que tinha tais apoios e os perdeu após a criação do Governo de Unidade Nacional.

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AFP Ofensiva final das forças leais ao Governo líbio de Unidade Nacional na cidade de Sirte ganha terreno aos rebeldes do Estado Islâmico

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