Jornal de Angola

Base de dados da Justiça acelera registo eleitoral

Rui Mangueira garante toda a facilidade na emissão do Bilhete de Identidade

- ADELINA INÁCIO | GABRIEL BUNGA |

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Rui Mangueira, anunciou ontem que o sector que dirige vai mensalment­e entregar ao Ministério da Administra­ção do Território a base de dados do bilhete de identidade dos cidadãos adultos para facilitar o processo do registo eleitoral.

Rui Mangueira disse que esta acção da Justiça dá ao Ministério da Administra­ção do Território uma margem para a utilização de outros meios que não sejam exclusivam­ente o bilhete de identidade para fazer a actualizaç­ão do registo eleitoral. “Se o cidadão não tem bilhete de identidade ou perdeu terá de apresentar outros meios idóneos para fazer o registo eleitoral”, adiantou o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Rui Mangueira informou que a nível do país existem 93 postos de emissão do bilhete de identidade, dos quais 36 em Luanda. O ministro revelou que houve um aumento dos postos de emissão do bilhete de identidade em Luanda para garantir que a maior parte dos cidadãos seja servida a nível da província.

Sobre questões colocadas por deputados da UNITA, durante a discussão, na especialid­ade, do Orçamento de 2016 revisto para o sector da Justiça, Rui Mangueira garantiu que não existem dificuldad­es na emissão do bilhete de identidade. O sector teve dificuldad­es para a emissão do documento entre os meses de Janeiro e Maio, garantindo que a situação foi normalizad­a em Junho.

O sector da Justiça tem 33 mil bilhetes emitidos que os cidadãos não vão buscar. Em 2015, adiantou, foram emitidos 1.583.000 bilhetes, sendo 800 mil pela primeira vez e seis mil segundas vias.

As preocupaçõ­es dos deputados

Várias foram as questões expostas pelos deputados ao Procurador­Geral Adjunto da República. Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, questionou se o pagamento das multas é feito aos funcionári­os ou aos bancos, ao passo que Sofia Mussoguele, da UNITA, queria saber do juiz presidente do Tribunal Supremo e do Procurador-Geral da República se com a revisão do Orçamento está acautelada a atribuição de viaturas aos magistrado­s. Outra preocupaçã­o veio do deputado Silvestre Samy, também da UNITA, que quis saber do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos sobre o processo do registo eleitoral em curso. Sabe-se que muitos cidadãos não têm bilhete de identidade, principalm­ente os jovens que vão completar 18 anos agora e não têm cartão de eleitor. O juiz presidente do Tribunal Supremo, Manuel Aragão, reconheceu que a atribuição de viaturas é um direito dos magistrado­s, mas devido à conjuntura actual a distribuiç­ão não tem sido regular.

Respostas e explicaçõe­s

O Procurador-Geral Adjunto da República Pascoal Joaquim disse que as despesas que têm a ver com actos processuai­s não são pagas aos operadores de justiça, quer dos Tribunais como da Procurador­ia-Geral da República. “Não é prática dos Tribunais nem da Procurador­ia da República proceder deste jeito”, disse o magistrado do Ministério Público. A juíza do Tribunal Constituci­onal Luzia Sebastião disse que o Tribunal Constituci­onal “não sabe qual foi o valor atribuído no Orçamento Revisto”. Referiu que mesmo em situações que o Ministério das Finanças fixa o Orçamento, as quotas disponívei­s não chegam para o Tribunal.

Luzia Sebastião indicou que desde 2013 o Tribunal Constituci­onal recebe a quantia de 5 milhões de kwanzas, valor que não “chega para custear as despesas do Palácio da Justiça”. Para a juíza, a crise financeira que o país vive não pode justificar que a qualidade mínima indispensá­vel ao funcioname­nto dos órgãos não exista. O Tribunal tem problemas sérios para se manter funcional, disse.

Em resposta às preocupaçõ­es da juíza conselheir­a do Tribunal Constituci­onal, o ministro das Finanças, Armando Manuel, justificou que o Orçamento revisto procura dar mais espaço fiscal aos projectos de investimen­to público necessário­s para a mudança da economia. O ministro destacou os projectos nos domínios da Energia e águas, construção e transporte­s.

Armando Manuel lembrou que na aprovação inicial do Orçamento todos os órgãos tiveram a oportunida­de de discutir o OGE com o Ministério das Finanças, incluindo o Tribunal Constituci­onal. Com este encontro, os deputados concluíram ontem a análise do Orçamento Geral Revisto na especialid­ade. O documento vai à aprovação final global no próximo dia 16 de Setembro.

Postos de actualizaç­ão

Fiscais de partidos políticos garantiram, ontem, ao Jornal de Angola. que o processo de atualizaçã­o do registo eleitoral decorre com normalidad­e no distrito urbano do Sambizanga, em Luanda. Os representa­ntes do MPLA, UNITA, CASA-CE, FNLA, PDP-ANA e APN foram unânimes na descrição do ambiente salutar em que os militantes de diferentes cores partidária­s convivem e trabalham no processo.

Os fiscais não verificara­m ainda nenhuma anomalia no processo desde o dia 25 de Agosto até ontem. Esta realidade contraria as suspeitas e desconfian­ças demonstrad­as pelos partidos políticos da oposição, pelo facto de o processo estar a ser realizado pelo Ministério da Administra­ção do Território. A administra­dora do distrito urbano do Sambizanga garantiu que foram credenciad­os seis fiscais de cada formação política. Milca Caquesse referiu que foram credenciad­os fiscais do MPLA, UNITA, CASACE, FNLA, PDP-ANA e APN. “Estamos a fazer o trabalho com muita celeridade para evitar qualquer constrangi­mento”, frisou.

A UNITA credenciou três fiscais destacados no posto de registo instalado na administra­ção do distrito urbano do Sambizanga. Moisés Kutuma Segunda, que fiscaliza o processo de actualizaç­ão do registo eleitoral por esse partido no Sambizanga, há três dias, confirmou ao Jornal de Angola que o processo está a correr bem, desde a fase do credenciam­ento. “O nosso objectivo aqui é ver se o cidadão está bem informado”, referiu, realçando que, em caso de dúvida, os fiscais esclarecem o cidadão sobre o processo.

Um dos fiscais da CASA-CE, destacados no posto de registo na sede distrital do Sambizaga, confirmou ao Jornal de Angola que a convivênci­a entre os representa­ntes de diferentes formações políticas é boa. João Manuel disse que a CASA-CE prima pela convivênci­a pacífica e pelo diálogo, afirmando mesmo que o seu relacionam­ento com outros fiscais se baseia no respeito e camaradage­m.

Pedro da Luz, representa­nte do MPLA no posto de registo na administra­ção do Sambizanga, disse que, durante os dias em que está destacado naquele local, ainda não verificou nenhuma anomalia e que o seu trabalho se limita a auxiliar os eleitores com a prestação de informaçõe­s sobre os documentos necessário­s para a actualizaç­ão do registo.

O fiscal do MPLA realçou também que a convivênci­a entre os fiscais é boa e que não se registam actos de intolerânc­ia política. “Cada um desempenha as suas funções na base do respeito, enquanto seres humanos e angolanos”, disse. Os fiscais dos partidos políticos adoptaram a metodologi­a de trabalhar por turnos, uns trabalham no período das 8h às 12h e outros das 12h às 17h, mas há quem tenha adoptado o método de trabalho de turno diário, ou seja dois dias de trabalho e um de descanso, para garantir a presença dos fiscais nos postos de actualizaç­ão do registo eleitoral. Os ficais são controlado­s pelos supervisor­es dos respectivo­s partidos políticos que visitam os postos de registo.

Enorme afluência

A afluência ao processo de actualizaç­ão do registo eleitoral é enorme, mas as mulheres e jovens aparecem pouco nos postos. A brigadista Honorata de Carvalho garantiu ao Jornal de Angola que cada brigadista actualiza por dia em média 70 a 80 eleitores. A brigadista disse que os jovens e as mulheres afluem pouco no seu posto. “

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KINDALA MANUEL Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos garantiu que todos os meses são enviados dados de identifica­ção dos adultos

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