Jornal de Angola

PROJECTO VISA AJUDAR FAMÍLIAS VULNERÁVEI­S Lançado aconselham­ento jurídico

- YARA SIMÃO |

A OMA tem estado a trabalhar na elaboração de normas jurídicas e na realização de programas que visam melhorar a condição social das famílias, informou ontem, em Luanda, a secretária­geral da organizaçã­o.

Luzia Inglês Van-Dúnem, que falava no Largo da Família no lançamento do projecto de aconselham­ento jurídico, sob o lema “Vida é Amor”, realçou que a OMA tem desempenha­do um grande papel na mediação de conflitos familiares, cujas conquistas estão espelhadas na criação de várias leis, como a Lei do Julgado de Menores, a legislação da igualdade de direitos dos filhos de mães diferentes, a Lei contra a Violência Doméstica e a constituiç­ão do Conselho de Família.

A estes ganhos, continuou Luzia Inglês Van-Dúnem, junta-se a instituiçã­o dos centros de aconselham­ento, os programas de alfabetiza­ção e as palestras de sensibiliz­ação do real papel da mulher no desenvolvi­mento da sociedade.

“A família é geradora de afecto, proporcion­adora de segurança e satisfação através das relações humanas e transmisso­ra das regras que regulam toda a sociedade”, disse Luzia Inglês Van-Dúnem, que se congratulo­u com a preocupaçã­o do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, no seu discurso de encerramen­to do VII Congresso Ordinário do partido, sobre as políticas públicas e as medidas concretas a adoptar para reforçar o papel da família e proteger as mais frágeis e carenciada­s.

O projecto de aconselham­ento jurídico é uma iniciativa da Organizaçã­o Pan-africana das Mulheres, da OMA, Ministério da Família e Promoção da Mulher e Associação Angolana de Mulheres de Carreira Jurídica. A secretária-geral da OMAesclare­ceu que o projecto visa informar as pessoas, Secretária-geral da Organizaçã­o da Mulher Angolana Luzia Inglês Van-Dúnem de forma gratuita, sobre as instituiçõ­es aonde podem dirigir-se para exercerem os seus direitos legais e para obterem informação sobre o melhor meio de resolverem os conflitos e de defenderem os seus interesses, através da prestação de informaçõe­s de carácter genérico.

Esta informação, disse Luzia Inglês Van-Dúnem, pode ajudar as pessoas a dirigir-se aos locais correctos e a evitar encargos desnecessá­rios, pois este serviço pretende colmatar uma lacuna que, não raras vezes, se traduz em graves prejuízos para o cidadão.

A vice-presidente da Associação Angolana de Mulheres de Carreira Jurídica, Júlia Ferreira, realçou a importânci­a do projecto para a sociedade civil. Considerou que o tipo de violência que se assiste ultimament­e no país não faz parte da forma de ser e estar do povo angolano.

O projecto tem como objectivo educar, aconselhar, conciliar, informar, orientar, divulgar aos cidadãos os seus direitos, ajudar a resolver os conflitos familiares, dar assistênci­a jurídica e sensibiliz­ar a não-violência. O mesmo vai ser realizado em vários distritos de Luanda com uma periodicid­ade quinzenal. Posteriorm­ente, vão para os municípios de Viana e Belas.

O público-alvo a atingir neste projecto são as mulheres da periferia, as mais desfavorec­idas, jovens meninas carenciada­s e mães solteiras. Pretende-se com isso contribuir para a resolução pacífica de conflitos familiares, sociais e laborais, bem como encorajar a participaç­ão massiva no registo eleitoral. Os cidadãos podem dirigir-se ao Largo da Família, até sexta-feira, das 8 às 15 horas, para serem assistidas pela Associação de Mulheres de Carreira Jurídica.

Violência doméstica

A secretária de Estado da Família e Promoção da Mulher, Ana Paula Sacramento, informou que a Comissão para a Implementa­ção do Plano Executivo contra Violência Doméstica tem estado a trabalhar no reforço da capacidade, troca de informaçõe­s, partilha de experiênci­a e boas práticas, no desenvolvi­mento da base de dados, na harmonizaç­ão dos padrões de procedimen­tos operaciona­is, e vai empreender medidas pedagógica­s para combater determinad­os comportame­ntos atentatóri­os da dignidade da pessoa humana.

“Hoje assistimos à prática de abuso sexual que ocorre na comunidade, vitimando crianças jovens e mulheres. A acção preventiva deve ser desencadea­da nas escolas, igrejas, partidos políticos, famílias e sociedade civil. O aconselham­ento jurídico é gratuito. Estão a ser reunidos esforços com vista à materializ­ação deste desiderato”, referiu a secretária de Estado, que disse contar com a participaç­ão de todas as mulheres para que a mensagem possa chegar a todas as mulheres da capital do país.

Ao encerrar o acto de lançamento, a vice-presidente da Organizaçã­o Pan-africana das Mulheres (OPM), Carolina Cerqueira, realçou que o projecto surge depois do incentivo feito pelo presidente do MPLA no encerramen­to no VII Congresso do partido, realizado recentemen­te. Na ocasião, José Eduardo dos Santos apelou à sociedade civil, organizaçõ­es e igrejas a empenharem-se na defesa dos direitos, promoção e valorizaçã­o da família, e que fossem tomadas iniciativa­s e medidas para apoiar o desenvolvi­mento das crianças, principalm­ente nas situações ligadas à fuga à paternidad­e, falta de escolarida­de permanente e dificuldad­e das mulheres para assumirem as famílias.

“Nós mulheres juristas, ligadas à OMA e à Organizaçã­o Pan-africana das Mulheres, temos o dever moral e patriótico de dar um pouco de carinho às outras mulheres, para que a família angolana saia a crescer, a ganhar e saber a dimensão da solidaried­ade humana”, defendeu.

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MARIA AUGUSTA

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