CARTAS DO LEITOR
Bancos e divisas
Muitos estudantes no estrangeiro estão a ser obrigados a regressar ao país, porque os bancos não estão em condições de atribuir divisas para que eles possam pagar propinas e outras despesas nos países em que estão. Penso que era necessário que os bancos comerciais estabelecessem prioridades .
É triste, por exemplo, ver um aluno que está quase a acabar o curso tenha de voltar ao país, porque não pode pagar propinas e despesas de alojamento. É imperioso que os casos de pedidos de divisas sejam analisados de forma a salvaguardar situações que podem resultar em grandes prejuízos para os pais de estudantes que já investiram muito dinheiro ao longo de vários anos na educação dos seus filhos que entretanto não podem, quase no final do curso, terminar a sua licenciatura.
Os processos para transferências de dinheiro para o estrangeiro demoram muito tempo para serem atendidos. Ninguém sabe quais são os critérios para se atribuírem divisas. Acho que a saúde e a educação deviam estar na primeira linha das prioridades. Há pais que ficam desesperados perante a impossibilidade de ajudarem os seus filhos a continuarem os estudos no estrangeiro. Sabemos que não há muitas divisas para dar a todos os clientes dos bancos. Mas quando há pouco dinheiro, importa que se priorize o que é essencial. Um parente meu precisava de apenas dois mil dólares para realizar a matrícula numa universidade da China e pagar outras despesas. Teve de regressar ao país. Não pude conter as lágrimas perante uma situação destas. O meu parente já tinha aprendido durante um ano o chinês e esperava entrar neste mês de Setembro no primeiro de uma Faculdade. É que o banco em que o pai do meu parente tem conta não dizia sequer quando é que podia resolver o problema da transferência dos valores necessários para ele fazer a matrícula. E passou-se o prazo para a matrícula. Não sei se ele poderá voltar um dia à China para concluir a licenciatura, como era seu desejo. Aproveito este espaço para apelar às direcções dos bancos para terem maior sensibilidade em relação a pedidos de atribuição de divisas para resolver problemas de saúde e de educação. Sei que nos nossos bancos há boas pessoas ao nível das suas direcções. Compreendo que estamos em crise, mas é imprescindível que se atenda com celeridade e prioritariamente a pedidos destinados a assegurar a formação dos nossos jovens ou a cura de doentes no estrangeiro.
Empresários e produção
Muitos empresários angolanos estão dispostos a enveredar pela implementação de projectos produtivos focados na diversificação da nossa produção. Temos felizmente empresários em várias regiões que estão preocupados com o futuro do nosso país e que pretendem aplicar o seu saber e capitais na sua terra. Vivemos uma situação difícil em virtude da crise, mas é possível melhorar a situação, se se apostar nos nossos agentes económicos privados, particularmente aqueles que realmente querem trabalhar para o progresso de Angola. Penso que o Estado deve continuar a ouvir os empresários angolanos que têm projectos produtivos viáveis. Que se acabem com as barreiras que por vezes se colocam aos empresários nacionais, fazendo com que estes desistam de levar a cabo os seus projectos, necessários ao crescimento da nossa economia.
Os empresários são um segmento da população indispensável para que Angola cresça e se desenvolva. Temos de ter no país pequenas, médias e grandes empresas. Os empresários são geralmente pessoas audaciosas, persistentes e dinâmicas, que, ao prosseguirem a maximização do lucro, ajudam as sociedades a prosperar. Que os empresários angolanos tenham os devidos incentivos para bem de todos os angolanos.
Fumar cigarro
Deixei de fumar há mais de vinte anos e continuo a fazer campanha junto de familiares e amigos para que deixem de fumar. A minha intenção radica sobretudo no facto de ter visto amigos de infância a morrerem precocemente por causa do fumo do cigarro. Foi bom as instituições decretarem proibição de consumo de cigarros em locais públicos, mas ainda assim não diminuiu a exposição das pessoas ao fumo passivo.