Fábrica no Bocoio aposta forte na produção de sumos naturais
Maquinaria destinada ao novo empreendimento já armazenada na cidade do Lobito
Uma unidade fabril, em construção no município do Bocoio, na província de Benguela, passa a produzir a partir deste ano sumos de fruta, anunciou o director da Agricultura na região.
José Manuel disse que a fábrica Monte Belo deve estar pronta em finais deste ano. Resultado de uma parceria público-privada concretizada com o financiamento do programa “Angola Investe”, o empreendimento vai também produzir fruta em calda. Numa primeira fase, a fábrica vai criar 500 novos postos de trabalho.
Depois de concluída, a unidade passa a ter um laboratório de certificação de qualidade, de forma a garantir que a fruta mantenha as propriedades anteriores ao processamento, com sabor característico e valores nutritivos, área administrativa, arrecadação para acondicionamento da fruta, campos de jogos e residências para técnicos. A administradora municipal do Bocoio, Deolinda Valiangula, disse que a futura fábrica vai promover produtos frutícolas locais. Os actuais níveis de produção justificam a abertura da agro-indústria no município, através do PROFIR, o que vai permitir aos agricultores terem um local onde possam efectuar comércio.
A maquinaria destinada à fábrica já se encontra na cidade do Lobito, desde Fevereiro de 2016. O proprietário aguarda apenas pela conclusão dos trabalhos de alvenaria, dentro de quatro a cinco meses, para a montagem do equipamento. A empresa vai dedicar-se à produção de bebidas através do líquido extraído de frutas tropicais, com primazia para o abacaxi.
Deolinda Valiangula reconheceu que a falta de uma fábrica e de meios de transporte para o escoamento faz com que mais de um terço das 359.068 toneladas de abacaxi produzidas na localidade se estrague no campo. Mas o director da Agricultura do Bocoio acredita que este ano é de mudança para a transformação industrial e comercialização. Estima-se que pelo menos 200 mil toneladas de abacaxi vão ser directamente canalizadas para a fábrica, o que vai exigir maior empenho dos produtores.
“A unidade vem resolver substancialmente um importante problema, que é a perda de culturas no campo, todos os anos”, realça. O responsável acrescenta que, com a sua instalação, evitam-se os desperdícios na produção frutícola e geram-se lucros, enquanto o abacaxi do Bocoio ganha mais aceitação no mercado.
“Logo que faça a colheita, o produtor vende abacaxi para a fábrica a um preço mais justo e, em contrapartida, sai a ganhar. Com essa facilidade, vai aumentar a área plantada”, realçou. Este é “um projecto bem pensado”, não só por criar empregos, mas por ser ponto “de partida da indústria ” no Bocoio. A produção de abacaxi atingiu 359.68 toneladas anuais, como resultado dos investimentos privados nos últimos anos e do clima favorável do Bocoio, município que está na linha da frente da fruticultura na província de Benguela.
Actividade familiar
Em Monte Belo, comuna a 30 quilómetros do Bocoio, a cultura de abacaxi engloba 595 famílias em quatro cooperativas agrícolas e sete associações camponesas.
As povoações da Tola e Saraiva, em Monte Belo, são as principais responsáveis pela produção deste volume tão expressivo. Estima-se em mais de 100 mil o número de pessoas envolvidas na produção.
Além do abacaxi, os agricultores também cultivam milho, feijão, jinguba, batata rena e doce, gergelim, cana-de-açúcar, mandioca e hortícolas, que constituem importantes fontes de rendimento para as famílias do campo.
O sumo desta fruta contém cerca de 12 por cento de açúcar e um por cento de ácidos orgânicos, principalmente ácido cítrico. Também é considerado uma boa fonte de vitaminas A e BI, incluindo a C, indispensáveis ao organismo humano.
Durante a guerra civil em Angola, que terminou em 2002, a indústria de processamento de frutas, entrou em declínio, com primazia para o ananás, que já teve notoriedade através de linhas de produção de sumo, vinho, bem como fruta em calda e cristalizada