Kafala deixa uma trova rica
Familiares e colegas acompanharam o autor de “Nguxi”
Os restos mortais do músico Moisés Kafala repousam, desde ontem, no cemitério do Benfica, em Luanda, cuja cerimónia fúnebre decorreu num ambiente de dor e de consternação no seio dos familiares, colegas e fãs.
Antes, o velório teve lugar na capela do Quartel General, às 10 horas, e contou com a presença de várias figuras das artes, da ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, do governador da província do Bengo, João Miranda, e do director provincial da Cultura de Luanda, Manuel Sebastião.
Falecido na quinta-feira passada, numa unidade hospitalar da República da Namíbia, vítima de doença, Móises Kafala era autor das obras “Ngola”, “Salipo” e “Bálsamo”.
Igualmente, conhecido dentro e fora do país, como um dos pioneiros da trova angolana, “Moisés Kafala” inscreveu o seu nome na galeria das grandes vozes da música angolana, onde pontificam Manuel Curado, Júlio Quental, Mário Rui, Waldemar Bastos, Beto Gourgel e Filipe Mukenga.
Dentre os prémios de “Moisés Kafala”, constam o Festival de Masa, organizado pela Unesco, na Costa do Marfim, e o Prémio Welwitchia da Rádio Nacional de Angola, na categoria de melhor canção intitulada “Nguxi”.
Com início de carreira em 1979, dois anos depois, Moisés Kafala ganhou o prémio do primeiro Festival Nacional da Canção Política, realizado na província do Huambo com o tema “África”. Em 1985, conquistou o “Top dos Mais Queridos”. Em 1987, forma com o seu irmão, Zé Kafala, uma dupla musical que, pela primeira vez, actua no Cine Karl Marx, em Luanda.
O duo “Irmãos Kafala”, em que Josué Campos era a figura de proa, evocava nas suas canções a dor, o sofrimento, a conflitualidade étnica e amorosa e a eterna esperança de um mundo melhor, onde a harmonia social, política, étnica, tribal e regional era possível.
Nascido no município de Pango Aluquém, província do Bengo, no dia 7 de Setembro de 1959, Josué Campos até à sua morte exercia a função de director provincial da Cultura do Bengo.
Das várias funções, constam ainda a de delegado da União dos Artistas e Compositores de Benguela, secretário artístico nacional da Brigada Manguxi e de segundo secretário para a Organização do Comité de Especialidade dos Artistas do MPLA, dentre outras. Josué Campos deixa viúva, filhos e os sonhos de criar um estúdio musical e da conclusão do trabalho de fim de curso, para a obtenção de licenciatura em Contabilidade e Administração.