Ajuda humanitária está comprometida
Estado Islâmico perde controlo das áreas próximas à fronteira com a Turquia
Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram, ontem, que falharam a possibilidade de conseguir um cessar-fogo na Síria, para permitir a entrada de ajuda humanitária nas zonas consideradas mais críticas, onde a população está à beira de uma catástrofe.
Washington e Moscovo orientaram os seus diplomatas, que apreciaram a situação em Hangzhou, China, à margem da reunião dos G20, para encontrarem pontos de convergência no dossier Síria, que levem a um entendimento imediato entre as partes em conflito.
Fontes diplomáticas anunciaram que não foi possível chegar-se a um acordo, depois de o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reunir, no domingo e ontem, com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.
O encontro de John Kerry e Sergey Lavrov preparou uma reunião de alto nível em Hangzhou conduzida pelos Presidentes Barack Obama e Vladimir Putin.
“Parece frustrada a possibilidade de que os dois países cheguem a um acordo antes que acabe a reunião do G20, na China, depois de não conseguirem avanços em encontros anteriores em Moscovo, Washington e Genebra”. John Kerry advertiu ontem, que, embora tenha havido progressos consideráveis em importantes questões técnicas nas conversas com Sergey Lavrov, ainda ficaram pelo menos duas questões complexas que podem vir a concordar com um cessar-fogo. Embora nenhuma das duas partes queira confirmar quais são esses empecilhos, o Departamento de Estado norteamericano disse que só vai apoiar um cessar-fogo nacional entre o Exército sírio e os rebeldes e não outro, a curto prazo, em alguns pontos do país.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi cauteloso e “céptico” sobre a possibilidade de se chegar a um acordo em Hangzhou, com a Rússia, enquanto principal aliada do Governo. Washington apoia os rebeldes. Barack Obama reconheceu “profundas diferenças com os russos tanto na parte que apoiamos, como no processo necessário para levar a paz à Síria”.
Fracasso dos rebeldes
O Estado Islâmico (EI) perdeu ontem o controlo dos últimos habitantes sírios que mantinha sob cativeiro nos arredores da fronteira entre Síria e a Turquia, depois de uma grande ofensiva realizada por facções rebeldes que contou com o apoio de aviões e tanques turcos.
Esta população encontra-se na região situada entre Jarabulus e Al Rai, no norte da província de Aleppo, na Síria, onde têm lugar, também, acesos combates.
Os militantes do EI retiraram-se das duas últimas localidades que controlavam na região, Al Qadi e Tel Mizab, ao fugir da capacidade de fogo das forças turcas.
Além disso, os extremistas perderam a ligação que havia entre as localidades de Jarabulus e Al Rai, que eram o alvo central das facções rebeldes e dos seus aliados turcos no quadro desta ofensiva.
As milícias tomaram o controlo de uma outra cidade situada a 13 quilómetros a oeste de Al Rai. O jornal turco “Hürriyet” informou, no sábado, que o Exército turco enviou 20 tanques, cinco blindados, camiões e maquinaria pesada para os arredores de Al Rai, a fim de reforçar a lutar contra o EI.
As forças turcas apoiam os rebeldes sírios nas batalhas contra os extremistas, dentro da ofensiva que foi lançada pela Turquia, na semana passada, contra o Estado Islâmico e também contra as milícias curdas, para evitar que estas últimas assumissem o controlo de amplas áreas na fronteira sírio-turca.
Segundo a ONU, o conflito na Síria já deixou 250 mil mortos e mais de 4 milhões de refugiados.