Coligação CASA está em Congresso
O futuro da CASA-CE começa a ser traçado hoje, com o arranque, na Tenda do Hotel de Convenções de Talatona, em Luanda, do seu II Congresso Ordinário. A proposta de transformação da coligação em partido político, a eleição de uma nova direcção e a elaboração da estratégia desta formação política têm em conta as eleições gerais do próximo ano.
O futuro da CASA-CE começa a ser traçado hoje, com o arranque, na tenda do Hotel de Convenções de Talatona, em Luanda, do seu II Congresso Ordinário. A transformação da coligação em partido político, a eleição de uma nova direcção e a elaboração da estratégia desta formação política, tendo em conta as eleições gerais do próximo ano, são os principais pontos da agenda do conclave, que decorre sob o lema “Uma Angola para todos”.
O coordenador da comissão organizadora do congresso disse ontem ao Jornal de Angola estarem criadas as condições para o arranque do conclave, que se estende até quinta-feira. Manuel Fernandes informou que os 850 delegados no país e na diáspora começam a chegar ao local por volta das sete horas, devendo o congresso arrancar cerca das 10 horas.
Manuel Fernandes informou ainda que está confirmada a presença de mais de 200 convidados nacionais e estrangeiros. Internamente, foram convidados todos os partidos representados na Assembleia Nacional (MPLA, UNITA, PRS e FNLA), além de dois extra-parlamentares, Bloco Democrático e PDP-ANA. Do estrangeiro, devem estar presentes representantes de formações políticas como o PSD, PS, Bloco de Esquerda e CDS-PP (de Portugal), MDM (Moçambique), MpD (Cabo Verde), ADI (São Tomé e Príncipe), além de partidos da África do Sul, Estados Unidos e República Democrática do Congo.
Transformação em partido
Se a reeleição de Abel Chivukuvuku é um assunto quase arrumado, o mesmo já não se pode dizer quanto à transformação da coligação em partido político. Embora o coordenador da comissão organizadora do congresso fale em consenso, a verdade é que pelo menos um dos partidos coligados já manifestou publicamente a sua oposição.
A comissão política nacional do PADDA-AP esteve reunida em Abril deste ano para, entre outros assuntos, avaliar a pertinência ou não da transformação da CASACE em partido político e concluiu que este passo não é oportuno, pelo menos por agora. Na ocasião, o presidente do PADDA-AP disse ao Jornal de Angola que a transformação da CASA-CE em partido político traz mais prejuízos do que benefícios à coligação, a julgar pelos ganhos já alcançados, como a bandeira, o bom nome e outras conquistas. “O partido que viesse a ser criado depois da transformação da CASACE não poderia herdar os bens conquistados pela coligação”, alertou Alexandre Sebastião André, também ele um dos vice-presidentes da formação liderada por Abel Chivukuvuku, acrescentando que o PADDA entende que se está a defraudar o eleitorado da coligação, a julgar pelas perspectivas e esperanças que têm de a mesma poder ser uma alternância governativa em 2017.
No entanto, Manuel Fernandes, outro vice-presidente da CASA-CE pelo partido coligado PALMA, minimiza a preocupação do PADDA, afirmando que apenas o sufixo “CE” cairia da coligação, permanecendo a designação “CASA”. Numa clara alusão de que a transformação vai ser mesmo efectuada, Manuel Fernandes fala na existência de consenso, apesar da oposição do PADDA-AP. “A CASA-CE tem quatro partidos políticos e, com excepção de um, todos concordam que temos que avançar com este processo (transformação da coligação em partido”, disse o político, para sublinhar que “mesmo o partido político que diz que não concorda com a transformação, vai ao congresso”. Manuel Fernandes deixou, no entanto, claro que os delegados são soberanos. “É claro que o princípio democrático é que vai ditar as decisões”, disse.
A CASA-CE é uma coligação formada pelos partidos Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico Angolano (PPA) e Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA). Além da transformação da CASA-CE em partido político, o congresso, com a duração de três dias, prevê igualmente a revisão dos estatutos, a elaboração da estratégia para as eleições gerais do próximo ano e a eleição de uma nova direcção.
Direcção é conhecida hoje
Manuel Fernandes, que também é um dos vice-presidentes da coligação, realçou que a eleição da nova direcção da CASA acontece logo no primeiro dia do congresso. Só depois da eleição e divulgação dos resultados, se entra para a discussão dos temas em agenda.
Para a liderança do futuro partido concorrem três candidatos, o presidente cessante, Abel Chivukuvuku, 58 anos e mestre em Ciências Políticas, Carlos Pinho, 47 anos e com licenciaturas em Direito e Contabilidade e Administração, e João Kalupeteka, igualmente com 47 anos e formação em Informática.
Pelo que foi dado a ver durante a campanha, é mais do que provável a reeleição de Abel Chivukuvuku, que em 2012 esteve à frente do surgimento da CASA-CE. Carlos Pinho, que ocupa actualmente o cargo de coordenador-adjunto do Gabinete Técnico Eleitoral da coligação, deve ser o segundo candidato mais votado, mas muito atrás do actual líder, enquanto João Kalupeteka, que já foi representante da CASA-CE em Espanha, deve ser copiosamente derrotado, a fazer fé no papel que desempenhou na campanha, sobretudo durante o último “Debate Livre” da Tv Zimbo, em que chegou a admitir que Chivukuvuku era, de longe, o favorito e que não imaginava este ser seu subordinado.
Fundada em Abril de 2012, a CASA-CE é neste momento a terceira maior força política representada na Assembleia Nacional, onde ocupa oito dos 220 assentos.