CARTAS DO LEITOR
Banco agrário
Há empresários que se dedicam à actividade produtiva no campo que defendem a criação de um Banco destinado a apoiar os projectos agrícolas no país, no sentido de se impulsionar a diversificação da economia. Um dos grandes problemas da nossa economia agrária é a falta de financiamento dos projectos produtivos no campo. A existência de um banco exclusivamente virado para a concessão de crédito à actividade produtiva no campo pode vir a resolver muitos problemas. Era bom que se discutisse profundamente esta questão do financiamento dos empresários que têm projectos que podem alavancar a produção agrícola.
A diversificação da economia passa pelo financiamento das actividades dos agricultores e de outros agentes que estão realmente vocacionados para o trabalho no campo. É preciso acreditar que há angolanos capazes de fazerem coisas boas no nosso país. Temos de deixar, como muitas vezes acontece, de desconfiar sempre das capacidades dos angolanos. Há critérios para se saber em que medida é que este ou aquele empresário está em condições de assegurar uma boa utilização do dinheiro que lhe é dado por empréstimo por um banco. Não se deve dar dinheiro a pessoas que aparentemente sabem fazer tudo e mais alguma coisa, mas que na prática não concretizam projecto algum. Se um dia vier a ser constituído um banco agrário, que não se repitam os erros do passado, como por exemplo o de conceder crédito a pessoas que não têm qualquer vocação para actividades produtivas no campo. A diversificação da economia é assunto muito sério. Como disse um prestigiado economista angolano, a diversificação da economia tem um início mas não tem um fim. Ela vai prolongarse por muitos anos. A diversificação tem de se fazer permanentemente.
Água no Sagrada Esperança
Começou a correr novamente água nas torneiras do meu Bairro, o Sagrada Esperança, Distrito Urbano da Maianga, depois de vários dias de interrupção do abastecimento daquele precioso líquido. Aproveito este espaço para sugerir que a Epal avise os seus clientes, com a devida antecedência, que vai fazer cortes ao abastecimento durante um certo número de dias. Não é bom que os consumidores sejam apanhados desprevenidos. A comunicação com os consumidores deve funcionar. Penso que os consumidores têm o direito de ser informados sobre as interrupções no abastecimento de água.
Já agora aproveito este espaço para apelar a todos os consumidores para pagarem as suas contas de consumo de água. A Epal precisa de dinheiro para melhorar a qualidade dos seus serviços. Nós, os consumidores, devemos pagar regularmente a água que consumimos. Um bom cidadão deve pagar as suas contas. De resto, as dívidas excessivas complicam ainda mais a vida do consumidor. Se os consumidores de água não pagarem as suas dívidas, a Epal dificilmente concretizará os seus projectos, que não são poucos, para melhorar os seus serviços, que são de grande importância para a vida das populações.
Ensino de qualidade
Sou encarregado de educação e estou com a esperança de que o nosso ensino primário venha a ter nos próximos tempos muita qualidade. Devo enaltecer o facto de as nossas autoridades estarem a dar importância especial ao ensino primário. É bom que se consolide a base do nosso sistema de educação e ensino, para que tenhamos bons alunos no ensino médio e superior. Gostava de incentivar as autoridades ligadas à educação a prosseguirem nos seus esforços para que o nosso ensino primário tenha muita qualidade. Sei que, para se atingir esta qualidade, será necessário haver bons professores. É preciso que se invista na formação de professores primários. Os professores primários devem ser valorizados. Lembro-me de um Chefe de Estado africano que teve de decretar nos anos 60 do século passado, um aumento considerável de salários e outros incentivos para professores primários, o que levou muita gente a concorrer (incluindo técnicos superiores formados em várias áreas do saber) para dar aulas em escolas primárias.