O valor das infra-estruturas
Depois de terminada a guerra em 2002, as autoridades apostaram na edificação de infra-estruturas indispensáveis ao crescimento e desenvolvimento do país. Muita coisa foi feita desde 2002, em termos de infra-estruturas, e é inegável que o número de negócios aumentou no país graças à reabilitação de muitas estradas e de vias ferroviárias.
É entretanto necessário apostar na qualidade das obras. Estão a realizarse obras em várias regiões do país centradas na reabilitação de estradas, o que é um investimento necessários para continuarmos a apostar no crescimento da economia.
É preciso que as autoridades competentes ligadas a projectos de reabilitação de infra-estruturas não subestimem a fiscalização das obras de que é dono o Estado. As infra-estruturas têm de ter a qualidade que permita que elas sirvam os cidadãos por muito tempo. Angola não pode continuar a gastar muito dinheiro em obras que duram pouco tempo.
É preciso que o Estado comece a defender intransigentemente o interesse público, no que diz respeito a obras que manda executar. Temos no país uma instituição, o Laboratório de Engenharia de Angola, que está vocacionada para fiscalizar as obras de construção civil. É preciso dar autoridade a esta instituição para agir no interesse do Estado, quando se verificarem irregularidades. O Estado tem de satisfazer necessidades de milhões de cidadãos, pelo que não se deve permitir que o dinheiro empatado nas obras públicas não produza os resultados desejados.
As irregularidades que se verificam nas obras mandadas executar pelo Estado não são poucas e este facto deve justificar uma mudança de actuação das nossas instituições de fiscalização. Os recursos financeiros são escassos, pelo que estes, quando utilizados, devem resultar em verdadeiros benefícios para as populações.
Que os erros cometidos no passado sirvam de lição para que trabalhemos melhor. Não devemos insistir nos erros. Hoje estamos empenhados em diversificar a economia. Trata-se de um processo em que as infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias vão ser decisivas. A diversificação de uma economia implica também a circulação de pessoas e bens, para que haja o maior número possível de negócios, em vários sectores da economia.
O campo tem sido visto no país como um dos sectores que podem constituir uma importante alavanca do nosso crescimento económico. Há uma grande aposta na economia agrária, havendo empresários angolanos dispostos a enveredar por uma actividade produtiva no campo que leve o país a deixar de depender exclusivamente do petróleo.
A crise económica e financeira que vivemos, provocada pela queda do preço do petróleo, permitiu-nos perceber que afinal vale sempre a pena apostar em todos os recursos naturais de que dispomos. E um dos grandes recursos naturais que temos são as terras, onde trabalham muitos milhares de angolanos. É hora de começarmos a valorizar as terras e fazermos tudo para que haja de facto um bom aproveitamento delas.
As nossas terras são uma riqueza que nos pode ajudar a diversificar a economia, pelo que os projectos produtivos potencialmente exequíveis de empresários nacionais no campo devem ser apoiados por instituições financeiras bancárias vocacionadas para a concessão de crédito. Temos de rapidamente começar a fazer no campo o que já devíamos ter começado há mais tempo. O país tem de sair da situação de crise em que se encontra. A crise penaliza a maioria dos cidadãos.
Temos angolanos que na área produtiva têm iniciativas que vão poder contribuir para que Angola possa daqui a alguns anos ser, por exemplo, auto-suficiente em alimentos. Há no país gente trabalhadora. De Cabinda ao Cunene, há angolanos capazes, com o seu trabalho e conhecimento, de superar os nossos actuais problemas.
Temos hoje no país muitas instituições de ensino superior que têm formado muitos técnicos. Que os quadros angolanos estejam alinhados com o esforço que se está a fazer para diversificarmos a nossa economia. Os quadros formados em agronomia vão particularmente poder desempenhar um papel importante no processo de desenvolvimento da actividade produtiva no campo, pondo os seus conhecimentos ao serviço dos processos produtivos.
O movimento cooperativo no campo é outro segmento que pode dar também um grande impulso à produção agrícola. Que haja pois acções coordenadas para que todos os sectores que podem concorrer para o aumento e diversificação da produção agrícola possam de facto mostrar o que podem fazer em prol do crescimento da economia agrária.
Há de facto uma grande disponibilidade por parte de empresários, cooperativas e associações de camponeses para criar as condições no campo capazes de tornar este sector uma fonte geradora de empregos e de riqueza. Que as infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias continuem a ser construídas ou reabilitadas, assegurando-se sempre a sua qualidade, para que tenhamos um crescimento económico sustentável.