Há luz no fundo do túnel
O Presidente da Guiné Bissau, José Mário Vaz, revelou optimismo quanto ao fim do que chamou de “desentendimento” e afirmou que “há luz no fundo do túnel” para a saída da crise política e institucional entre as partes desavindas. À margem da 71.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, José Mário Vaz falou à Rádio ONU, para “explicar o que se passa” no seu país.
“A conferência de chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em Dakar, decidiu enviar alguns chefes de Estado, colegas, para nos ajudarem na saída dessa crise. Hoje, na GuinéBissau, há um bloqueio no funcionamento das instituições e problemas no programa de Governo que não conseguiu ser aprovado, assim como o Orçamento Geral do Estado, devido ao bloqueio no Parlamento”, disse.
A missão da CEDEAO, continuou, foi muito bem-sucedida, “porque deu origem a um roteiro com seis pontos e esses são extremamente importantes”. “Posso dizer que a situação está a andar bem e que estamos praticamente a ver a luz no fundo do túnel para sair dessa crise”, afirmou.
José Mário Vaz disse que a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) pode ajudar os guineenses do ponto de vista financeiro e político, para resolver o impasse institucional. “Do ponto de vista político, pode ajudar na aproximação das partes, o que já está a ser feito, e do ponto de vista financeiro é importante porque é o espaço onde nós podemos, de facto, trocar muitas informações”, esclareceu. Ao discursar pela primeira vez na Assembleia-Geral da ONU, José Mário Vaz afirmou que a crise no país “já não é de cariz político-militar, mas apenas político-institucional”.
O Chefe de Estado guineense sublinhou que, “desde o início do mandato, não houve um único disparo de armas por parte dos militares e paramilitares, ninguém foi morto ou espancado por razões políticas, não foram registados casos de prisões arbitrárias, há liberdade de expressão, de imprensa e de manifestação, e não se colocam questões de violação de direitos humanos”.
José Mário Vaz reiterou o compromisso de “tudo fazer”, através do diálogo, para consolidar a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau, e pediu ajuda à ONU “na materialização da importante reforma do sector de defesa e segurança, no controlo de armamento e gestão de material de guerra e obtenção de fundos para a reintegração dos desmobilizados”.
Ao concluir o seu discurso, José Mário Vaz recordou que “os apoios dos parceiros internacionais, consubstanciados na Mesa Redonda de Bruxelas, traduzem de forma inequívoca a atenção para com a situação do Estado e populações guineenses”, razão pela qual, “tal como prometido, esperamos que os parceiros nos ajudem, para que o desenvolvimento económico possa ser um motor para a paz e a estabilidade no nosso país”.