Jornal de Angola

Fusão em Benguela e Lobito aumenta a produção de água

Fusão de empresas permite aumento no fornecimen­to do líquido precioso

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O ano de 2017 é, para Benguela, um dos grandes desafios do sector das águas, com destaque para a fusão das empresas de águas de Benguela e Lobito e a ampliação da Estação de Tratamento do Luongo.

O anúncio da fusão e ampliação foi feito pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, durante um encontro com o governador de Benguela, Isaac Maria dos Anjos, com quem avaliou o modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para melhorar a eficiência e ampliar a capacidade de abastecime­nto a áreas com investimen­tos em novas ligações.

O projecto de ampliação da infraestru­tura já está preparado e poderá elevar a capacidade instalada da ETA-Luongo de 1,5 metros cúbicos por segundo para 2,0 metros cúbicos por segundo, como reza a sua terceira fase complement­ar. “Não entrou ainda em execução por razões de restrições orçamentai­s. Mas julgamos que no próximo exercício orçamental teremos condições para executá-lo”, justificou o ministro João Baptista Borges.

O Governo pretende servir melhor o ritmo de cresciment­o demográfic­o do litoral de Benguela com mais de dois milhões de habitantes, sendo 70 por cento concentrad­os na faixa litoral da província. Com esta intervençã­o, Benguela estará em condições de responder à demanda e atender às novas centralida­des construída­s pelo Executivo no Lobito, Catumbela, Baía-Farta e as zonas críticas ou com irregular abastecime­nto. Inaugurada a 15 de Agosto de 2008, na sua primeira fase, pelo Presidente José Eduardo dos Santos, a Estação de Tratamento de Água do Luongo, é um investimen­to de raíz do Governo de Angola avaliado em 600 milhões de dólares.

Neste momento, para aliviar a pressão sobre os sistemas, a Empresa de Águas de Benguela está a investir com recursos locais na recuperaçã­o de campos de furos do Cavaco para repor a sua capacidade instalada de 1.200 metros cúbicos por hora e aumentar o volume de água disponível.

Este mês foram instaladas também duas bombas submersíve­is de 125 metros cúbicos de água por hora e outras duas de 500 metros cúbicos de água por hora na ETA-Benguela e de 345 metros cúbicos por hora no Reservatór­io 3.

Em paralelo, decorrem trabalhos de construção de uma conduta adutora de 300 milímetros numa extensão de três quilómetro­s para interligar o ramal do Campismo ao Reservatór­io 4 que abastece as localidade­s de Santo António, Caota, Baía Azul e Baía Farta. Com estes investimen­tos serão minimizada­s as irregulari­dades que se registam nos pontos mais altos dos Bairros Kalossombe­kua II, 4 de Abril, 11 de Novembro, Kambangela I e II, Ekuikui I e II, Baía Farta, Sagrada Esperança e Agostinho Neto.

Fusão das “águas”

Na sequência do Despacho Presidenci­al N.º 100/16 que autoriza a constituiç­ão de uma empresa mista entre a Empresa de Água e Saneamento de Benguela e a Empresa de Água e Saneamento do Lobito e a Odebrecht Ambiental-SA, o ministro da Energia e Águas foi a Benguela comunicar oficialmen­te às autoridade­s governativ­as como será efectivado o processo.

Com poderes conferidos para negociar e adjudicar a favor da referida empresa mista, o contrato de gestão delegada do serviço público de água e saneamento de Benguela, o ministro João Baptista Borges explicou ao pormenor os cenários do modelo de gestão a aplicar.

O modelo, conhecido por “Fermage”, consiste no estabeleci­mento de um contrato com uma entidade que gere o sistema de distribuiç­ão de água com objectivos e contrapart­idas, regulament­ados pelo Instituto Regulador do Sector de Energia e Águas (IRSEA).

O contrato deverá definir cinco pilares assentes nos objectivos de eficiência, as perdas comerciais, a elevação das receitas, a melhoria da qualidade da água e a execução de novas ligações.

Na visão do ministro João Baptista Borges, o Governo pretende trazer “know How”, assistênci­a técnica e experiênci­a de empresas de grande porte para valorizar os activos das empresas de águas e saneamento de Benguela e Lobito. “São essas infra-estruturas que o Estado construiu com muito dinheiro e que pretendemo­s que continue a beneficiar o maior número de habitantes”, justificou João Baptista Borges.

Dívidas dificultam

Os clientes de Benguela devem à Empresa de Águas mais de mil milhões de kwanzas. O grosso da dívida foi contraída antes de 2015.

A empresa “abriu mão” à negociação e amortizaçã­o gradual, antes de accionar mecanismos judiciais. À disposição dos seus clientes foi colocado um programa de validação e eliminação das dívidas contraídas antes de 2015, sem afectar o abastecime­nto normal de água à sua casa. Esta é a forma mais graciosa e conciliado­ra que a empresa encontrou para não penalizar os clientes domésticos, comerciais, instituiçõ­es públicas, serviços e industriai­s com dívidas acumuladas antes de 2015. “Nós propusemos um programa de parcelamen­to da dívida para permitir aos clientes terem a capacidade de amortizá-la e, ao mesmo tempo, continuare­m a pagar o consumo corrente sem sobressalt­os”, explicou o director comercial, Faustino Frederico. Para o efeito, foi criada uma agência específica para negociar a recuperaçã­o das dívidas.

Os mais de mil milhões de kwanzas em dívida nas mãos dos clientes de Benguela estão a afectar a sustentabi­lidade da empresa que tem de sobreviver das cobranças de água. Os grandes investimen­tos na melhoria dos sistemas de produção, distribuiç­ão, instalação de tele-contadores e pré-pago, bem como de outros serviços técnicos e de gestão, estão condiciona­dos por causa das dívidas acumuladas pelos clientes.

“ No decorrer do mês transacto foram instaladas duas bombas submersíve­ís de 125 metros cúbicos de água por hora ”

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GUILHERME FAUSTINO
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GUILHERME FAUSTINO Grandes investimen­tos em recursos locais ajudam na recuperaçã­o de furos de água

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