Jornal de Angola

Enviado das Nações Unidas alerta para combate ao ódio

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O enviado da ONU para a prevenção de genocídios, Adama Dieng, advertiu na sexta-feira que a actual violência no Sudão do Sul e a propagação do ódio étnico podem derivar em massacres se não for feito algo para detê-los.

Adama Dieng pediu às autoridade­s do Sudão do Sul que protejam os civis para evitar mais agressões étnicas. No final da sua visita ao país, que começou na segunda-feira, o enviado garantiu que, por enquanto, “não há genocídio no Sudão do Sul, mas o perigo que levaria a este acto aumenta dia após dia”.

“O genocídio não ocorre num só dia, por isso é preciso impedi-lo”, ressaltou Adama Dieng, insistindo que o terreno já está preparado para um genocídio no Sudão do Sul.

O enviado da ONU para a prevenção de genocídis, disse que durante a sua visita aos acampament­os de deslocados estabeleci­dos pela ONU em Juba e Yei, situados a Sul da capital, comprovou a falta de confiança entre o Exército e os civis.

A população fala de soldados indiscipli­nados, divididos em diferentes grupos armados que o Governo não consegue controlar.

“Já não os vêem como protectore­s”, lamentou o enviado da ONU. Adama Dieng aconselhou as autoridade­s a aplicarem o artigo das sanções para apresentar os envolvidos em actos de violência contra os civis perante a justiça imediatame­nte e evitar que saiam impunes.

O enviado da ONU referiu que todos os envolvidos devem ser julgados, porque as violações dos Direitos Humanos continuam. “Desta forma, não há esperança de reconcilia­ção no Sudão do Sul”, disse o enviado da ONU.

A 4 de Agosto, as forças governamen­tais do Sudão do Sul estupraram mulheres, efectuaram execuções e saquearam em massa, segundo dados das Nações Unidas divulgados na altura.

Além disso, 95 civis morreram entre Agosto e Outubro em diferentes actos de violência nas estradas que ligam a capital, Juba, as outras cidades do Sudão do Sul.

O conflito eclodiu em Dezembro de 2013, depois de o Presidente sulsudanês, Salva Kiir, de etnia dinka, ter acusado o seu ex-Vice-Presidente, Riek Machar, de etnia nuer, de tentativa de golpe de Estado. A partir daí, o processo de reconcilia­ção descarrilo­u e o país entrou em conflito.

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