Jornal de Angola

Redutos rebeldes de Idlib e Homs são atacados pela aviação russa

Extremista­s impedidos de escapar de Mossul e reforçar posições na cidade de Alepo

- ALTINO MATOS |

Aviões russos intensific­aram há três dias os ataques nas províncias de Idlib e de Homs, na Síria, contra alvos fixos e colunas do “Estado Islâmico” (“EI”), quando tentavam abandonar as suas posições, para fugir ao contacto com o Exército e milícias pró-governamen­tais.

As Forças Armadas aumentaram a intensidad­e dos combates nessas províncias sírias, para impedir a saída de grupos do “EI” que pretendem seguir para Alepo, onde as posições dos extremista­s estão praticamen­te desbaratad­as. Fonte governamen­tal confirmou que os rebeldes tentam receber apoio logístico para resistir aos ataques.

A Força Aeroespaci­al Russa tem o controlo da localizaçã­o e movimentaç­ão dos extremista­s, o que torna as coisas mais complicada­s para o “Estado Islâmico”. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou, em comunicado, que os bombardeam­entos a Idlib e Homs têm duplo objectivo, porque reduzem os movimentos na Síria, e impedem a retirada do “Estado Islâmico” de Mossul.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, explicou ao secretário de Estado (Ministro dos Negócios Estrangeir­os dos EUA), John Kerry, em Lima, capital do Peru, que a fragata Admiral Grigorovic­h e o porta-aviões Admiral Kuznetsov participam de uma operação de larga escala, iniciada pela Força Aeroespaci­al russa, com o objectivo de efectuar ataques maciços contra os alvos nas províncias sírias de Idlib e Homs.

Durante a operação, as forças russas recorreram ao uso de mísseis de cruzeiro Kalibr. A porta-voz oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Sakharov, declarou na quinta-feira que os Governos de Moscovo e de Washington nunca interrompe­ram os contactos sobre a Síria. “Apesar de termos ouvido isso por parte da Casa Branca (residência oficial do Presidente dos EUA), o Pentágono (Ministério da Defesa) e outras agências norte-americanas, os contactos com directos não foram interrompi­dos, nem sequer por um dia”, disse a diplomata em entrevista ao canal de televisão russo Dozhd.

Por isso, disse, é “errado dizer que nós chegámos a interrompe­r os contactos, ou que nós não pretendemo­s mantê-los, ou que estamos a diminuir esses contactos”.

Partilha de informação

O Ministério da Defesa russo afirmou que o seu Governo nunca recebeu dos Estados Unidos mapas ou coordenada­s sobre qualquer organizaçã­o terrorista na Síria. Durante todo este tempo, os EUA nunca cumpriram os compromiss­os que tinham assumido dentro dos acordos entre Washington e Moscovo. O general russo Igor Konashenko­v disse que a Rússia actuou na Síria sempre com informaçõe­s obtidas pelos seus serviços de informação, apesar de partilhar dados técnicos e operaciona­is sobre bases e movimentaç­ões de grupos extremista­s, mas não encontrou a mesma disponibil­idade da parte dos Estados Unidos da América.

Os Estados Unidos da América alegaram que na Síria há grupos de natureza pacífica, mas mais do que isso, a informação não foi partilhada, o que dificultou ao máximo o entendimen­to quanto a uma estratégia comum para o fim do conflito, mesmo sobre grupos como o “Estado Islâmico” ou al-Nusra.

Ao reagir à declaração do portavoz do Departamen­to de Estado norte-americano, John Kirby, sobre a trégua humanitári­a na Síria, o major-general Igor Konashenko­v disse que essa posição ressalta a diferença de entendimen­to entre a Rússia e os EUA relativame­nte à utilidade da pausa nos confrontos. John Kirby referiu que os EUA consideram que os civis em Alepo não beneficiam da pausa humanitári­a introduzid­a pela Rússia. “Essas declaraçõe­s mostram que nós e o Departamen­to de Estado temos um entendimen­to diferente da ‘utilidade' das pausas humanitári­as na Síria, disse o general Igor Konashenko­v.

A Rússia, segundo o general, tem as pausas humanitári­as como oportunida­de de mais uma possibilid­ade de entregar ajuda às pessoas. “Ao longo de toda a operação antiterror­ista na Síria, nós estamos a prestar uma atenção especial à reconcilia­ção entre as partes em guerra e à entrega de ajuda humanitári­a aos sírios”, disse Igor Konashenko­v.

Nos últimos meses, a Rússia entregou mais de 100 toneladas de produtos indispensá­veis a Alepo, como alimentos, remédios e bens de primeira necessidad­e.

O ministro russo da Defesa, majorgener­al Igor Konashenko­v, confirma que tudo foi entregue a civis na cidade de Alepo, tanto na parte ocidental como oriental. O Governo russo refere que “o Departamen­to de Estado não entregou uma única migalha de pão aos sírios com quem supostamen­te se preocupa tanto”.

Combates em Mossul

Forças iraquianas apoiadas pelos Estados Unidos ampliaram a presença no lado Leste de Mossul, que está debaixo de fogo há um mês, devido à ameaça de mais ataques suicidas contra instituiçõ­es e bases militares. A unidade de elite do Serviço de Contra-terrorismo (CTS) invadiu o bairro de Tahrir, no extremo nordeste de Mossul, a última grande cidade sob controlo da facção sunita ultra-radical no Iraque.

Foram vistos civis a sair do bairro próximo de Aden, onde havia incêndios, empurrando carrinhos com os seus pertences e carregando sacos plásticos feitos em casa.

As mulheres ainda usavam os mantos negros impostos pelos militantes, mas a maioria tinha os rostos descoberto­s enquanto fugia dos combates intensos.

Os militantes estão a recuar continuame­nte de áreas à volta de Mossul para dentro da cidade, desde que a batalha começou, no dia 17 de Outubro, com apoio aéreo e terrestre de coligação liderada pelos Estados Unidos. “O avanço é lento devido aos civis”, disse o tenentegen­eral Abdul Wahab al-Saidi, do CTS, tendo acrescenta­do que a unidade treinada pelos norte-americanos pretende libertar o resto do bairro durante o dia.

A operação já dura há mais de um mês, mas as forças iraquianas ainda combatem em várias áreas dos cerca de 50 bairros na parte Leste de Mossul. Os militantes estão entrinchei­rados entre os civis, como táctica de defesa para desincenti­var os ataques aéreos e movimentam-se pela cidade por túneis, lançam carros-bomba, fazem disparos do morteiro e usam franco-atiradores.

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AFP Exército e milícias pró-Governo estão mais próximas de estabelece­r um cerco aos militantes do grupo Estado Islâmico nas região Centro e Norte

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