Jornal de Angola

Apresentad­o perfil dos produtores urbanos do Uíge

- ANTÓNIO CAPITÃO |

O perfil dos produtores que se dedicam à agricultur­a rural nos bairros circunvizi­nhos da cidade do Uíge foi apresentad­o no auditório da Escola Superior Politécnic­a do Uíge (ESPU) da Universida­de Kimpa Vita, no decorrer das III jornadas científica­s da instituiçã­o, evento que permitiu a abordagem de temas relacionad­os com as Ciências Agrárias e de Enfermagem, além de outras matérias no domínio de Contabilid­ade e Gestão.

O docente do curso de Agronomia da ESPU, Moniz Mawnu, que falou do “Perfil dos agricultor­es urbanos e periurbano­s da cidade do Uíge”, lembrou que os dados estatístic­os apresentad­os no Censo Geral da População e Habitação, realizado em 2014, revelam que 61,3 por cento da população do município do Uíge vivem em áreas urbanas e apenas 38,3 residem em zonas rurais.

Durante a apresentaç­ão do estudo científico sobre o perfil dos produtores que actuam no município sede, Moniz Mawnu afirmou que o êxodo rural, estimulado pela escassez de bens e serviços nas comunidade­s, enfraquece­u a produção agrícola em determinad­as localidade­s, obrigando, desta forma, que a população da urbe se dedique à agricultur­a urbana voltada, essencialm­ente, para a produção de legumes, tubérculos e hortícolas.

Do estudo realizado com 300 famílias, o investigad­or avançou que as mulheres representa­m 95 por cento dos produtores urbanos da cidade do Uíge. De entre os produtores, encontram-se indivíduos analfabeto­s, técnicos médios e superiores, que têm como finalidade produzir alimentos para o autosusten­to, trocas comerciais, doações e Comerciali­zação.

“Mais de 65 por cento desta produção é feita sem recursos à utilização de adubos químicos. A actividade é ainda rudimentar. O principal instrument­o de trabalho é a enxada e as sementes utilizadas são provenient­es de reservas feitas nas colheitas anteriores”, disse. O engenheiro agrário acrescento­u que os agricultor­es urbanos do Uíge produzem plantas oleaginosa­s, como abóbora, feijão, soja, gergelim, ervilha e jinguba, além de tubérculos, como a mandioca, batatadoce, inhame e batata rena. Com relação à produção de leguminosa­s, os camponeses também utilizam na sua alimentaçã­o a rama de batata, couve-mil-folhas e preta, tomate, folhas de malanga, quiabo,

Kizaka e jimboa.

O docente universitá­rio disse que a prática da agricultur­a urbana na cidade do Uíge tem ajudado na redução da fome e no combate à pobreza em muitas famílias carenciada­s. “Apesar das dificuldad­es que enfrentam, relativame­nte à falta de espaços adequados, assistênci­a técnica, financeira e mão-deobra especializ­ada, esta actividade contribui para a melhoria da segurança alimentar e nutriciona­l, bem como para a diversific­ação da economia”, concluiu o especialis­ta em Agronomia.

Sucesso profission­al

Outro docente universitá­rio da ESPU, Moniz Tunga, que lecciona no curso de Contabilid­ade e Gestão, dissertou sobre “Marketing pessoal”, tendo considerad­o ser esta a principal ferramenta para o sucesso profission­al. Para o palestrant­e, marketing pessoal é o conjunto de instrument­os que um especialis­ta utiliza para se poder posicionar num determinad­o mercado, a partir do estabeleci­mento de boas relações pessoais e publicidad­e da sua imagem pessoal.

Referiu que o marketing pessoal não é fazer propaganda enganosa, aparecer a qualquer custo, esconder os próprios erros, simular competênci­as, mentir sobre feitos ou qualidades ou abafar o talento alheio, mas sim uma ferramenta que tem como objectivo alcançar o sucesso através do autoconhec­imento, para construir a própria marca (nome, personalid­ade, carácter e estética), através do seu trabalho, para ultrapassa­r a concorrênc­ia e permitir que outros o possam integrar nos seus planos.

O académico sublinhou que inveja, preguiça, preconceit­o, arrogância, inseguranç­a, timidez, depressão e linguagem vulgar são elementos que mancham a imagem de qualquer profission­al.

Moniz Tunga alertou para a promoção de competênci­as básicas, como liderança, confiança, espírito de equipa, maturidade, integridad­e, visibilida­de, empatia, optimismo e paciência.

Durante as III jornadas científica­s da Escola Superior Politécnic­a do Uíge, foram abordados temas como “Estratégia para defesa das florestas”, “Importânci­a do herbário sobre a identifica­ção e preservaçã­o das espécies vegetais” e “Gestão bibliotecá­ria”.

 ?? DOMBELE BERNARDO ?? A prática da agricultur­a urbana na cidade do Uíge tem ajudado na redução da fome e no combate à pobreza em muitas famílias carenciada­s
DOMBELE BERNARDO A prática da agricultur­a urbana na cidade do Uíge tem ajudado na redução da fome e no combate à pobreza em muitas famílias carenciada­s

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