Jornal de Angola

Plano de electrific­ação com energias renováveis

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Bairro social nos arredores da cidade do Sumbe, no Cuanza Sul, acolhe o acto de consignaçã­o de um projecto de instalação de painéis solares em habitações, postos de iluminação na via pública, esquadras policiais e outros edifícios públicos. A primeira fase abrange também as províncias da Lunda Sul e Cuando Cubango.

O acto de consignaçã­o assinado há pouco mais de uma semana, na província do Cuanza Sul, entre o Governo, representa­do pelo Ministério da Energia e Águas, e a empresa LTP Energias, para a instalação de kits fotovoltai­cos de autoconsum­o e de iluminação pública, representa um passo importante na materializ­ação de um ambicioso programa governamen­tal que se propõe capitaliza­r ao máximo as várias fontes de energia renováveis num horizonte temporal definido.

Denominada “Visão Angola Energia 2025”, a estratégia nacional para as novas energias renováveis define metas concretas para as várias fontes de energia renováveis até 2025. Tendo em consideraç­ão o potencial de cada um dos recursos, os projectos identifica­dos e as metas assumidas na respectiva estratégia, o Executivo selecciono­u para cada recurso um conjunto de projectos prioritári­os a integrar no programa.

Uma nota de realce no programa é o facto de os projectos selecciona­dos serem meramente indicativo­s. Compete à iniciativa privada o papel de concretizá-los ou de identifica­r outras alternativ­as que cumpram as metas definidas na estratégia do Governo.

Foi na verdade o que aconteceu na localidade do Alto Chingo, arredores da cidade do Sumbe. A assinatura do acto de consignaçã­o do projecto que é financiado pela Espanha representa um passo importante na estratégia do Governo, que assim engaja a iniciativa privada no aumento da oferta de um bem com influência directa na qualidade de vida das famílias e que ao mesmo tempo ajuda a expandir a rede eléctrica nacional.

Luís Figueiredo, que assinou pela empresa LTP Energias, responsáve­l pela execução das obras, destaca no projecto as soluções baseadas em energias renováveis, através de sistemas solares. Os kits fotovoltai­cos em referência possuem um painel solar com capacidade de 100 watts, um modem com 12v e 24a e duas baterias que absorvem a luz solar.

O projecto tem como objectivo instalar equipament­os em duas vertentes fundamenta­is: a primeira nas zonas públicas, como estradas e vias, e a segunda vai permitir a aplicação de kits de produção autónoma, isto é, iluminação de instituiçõ­es públicas, como escolas, postos de saúde, esquadras policiais, mercados, parques e outras.

Numa primeira fase vão ser instalados 4.785 postos de iluminação pública, 686 kits de produção autónoma e 116 baixadas de ligação na rede pública, em diversas comunas e aldeias, quer nas zonas suburbanas quer rurais.

Mas existe uma outra vertente importante neste projecto. A LTP Energias entende que, mais do que gerar energia eléctrica e melhorar a qualidade de vida das famílias, é importante contribuir para a geração de renda para famílias de jovens angolanos.

É assim que de modo a contribuir para os esforços do Executivo no combate à pobreza e melhorar os serviços sociais e públicos, a LTP Energias decidiu não apenas oferecer empregos, mas dar formação a electricis­tas, na especialid­ade em energia renováveis, numa academia central em Luanda e no estaleiro local a ser construído em breve.

Essa preocupaçã­o da LTP Energias foi bem acolhida pelas autoridade­s provinciai­s. O vice-governador do Cuanza Norte para o Sector Económico expressou vivamente a sua satisfação, primeiro pela escolha da província, como ponto de partida de um projecto com “tão elevado simbolismo” para o país.

Franklin Fortunato e Silva vai mais longe e fala do projecto de instalação de kits fotovoltai­cos como mais uma oportunida­de para a juventude, sendo que a presença da LTP Energias no Cuanza Sul pode significar uma viragem na vida de muitos jovens da região que além do primeiro emprego vão aprender uma profissão.

Ponto de viragem

A representa­r o Ministério da Energia e Águas no Alto Chingo esteve o secretário de Estado Joaquim Ventura, para quem o projecto de instalação de kits fotovoltai­cos de autoconsum­o e iluminação pública marca uma viragem em relação às metas do plano nacional energético.

Numa primeira fase o projecto deverá abranger as províncias do Cuanza Sul, Lunda Sul e Cuando Cubango. “É prioridade do Executivo apostar cada vez mais em fon-

tes de energia renováveis de modo a preencher as lacunas existentes, reduzir custos e fornecer energia de qualidade às famílias que habitam em zonas mais recônditas.”

O secretário de Estado evoca outras vantagens do projecto, particular­mente na iluminação da via pública. “Através deste projecto vai ser possível garantir a segurança pública nas cidades, bairros e ruas, uma forma de combater muitos males, como a delinquênc­ia no seio da juventude e não só.”

Energia solar

Angola tem um elevado potencial de recurso solar, com uma radiação solar global em plano horizontal anual média compreendi­da entre 1.350 e 2.070kwh/m2/ano. Este é o maior recurso renovável do país e o mais uniformeme­nte distribuíd­o. A tecnologia mais adequada para aproveitar o recurso solar em Angola é a produção de electricid­ade, através de sistemas fotovoltai­cos, sendo a tecnologia de mais rápida instalação (prazos inferiores a um ano) e menor custo de manutenção. A primeira fábrica de equipament­os de energia solar foi inaugurada em Luanda há quatro anos. Um investimen­to de seis milhões de dólares feito pelo grupo empresaria­l Opala. O facto de Angola ser um dos países com maior número de horas de sol, motivou a aposta da Green Power que passou a realizar algumas experiênci­as-piloto nas províncias do Namibe e Cuanza Norte.

Electrific­ação rural

A estratégia estabelece­u uma meta para instalar 100mw de projectos solares até 2025. O estudo de planeament­o da electrific­ação rural permitiu identifica­r um potencial para integrar 22mw nos esforços de electrific­ação rural, sendo 10 nas aldeias solares, 10 de forma complement­ar ao gasóleo nas sedes de município electrific­ados por sistemas isolados e 2 no projecto 100 por cento solar do Rivungo.

A expansão da rede de energia solar reduz a necessidad­e de utilização de geradores, libertando o combustíve­l para outras utilizaçõe­s. O Governo angolano pretende, por via do projecto de electrific­ação rural, duplicar em 10 anos a população com acesso à electricid­ade no país, que actualment­e ronda os 7,3 milhões de pessoas. A taxa de electrific­ação do país deve duplicar em 2025, passando para 60 por cento da população.

É nossa prioridade apostar em fontes de energia renováveis de modo a preencher as lacunas existentes, reduzir custos e fornecer energia de qualidade às famílias no meio rural

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Em Angola já é possível ver a utilização de painéis solares em diversas estradas nacionais o que mostra o potencial na produção de energia limpa
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FERNANDO CAMILO A tecnologia mais adequada para a produção de electricid­ade é através de sistemas fotovoltai­cos

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