CARTAS DO LEITOR
Crises em África
É uma pena que o nosso continente continue a estar marcado por graves crises políticas, que nalguns casos resultam em mortes e destruições. Sou africano e fico triste quando constato que há países do nosso continente que não conseguem ter paz e estabilidade.
Não consigo perceber por que razão os políticos africanos não conseguem superar as suas divergências para evitar situações que geram problemas muito graves para os povos africanos. Penso que os políticos africanos deviam colocar os interesses dos povos africanos acima dos seus interesses partidários ou individuais.
Os povos de África já sofreram muito com o sistema colonial. Por que razão os políticos africanos, conquistadas as independências, não trabalham exclusivamente para a promoção do bem-estar do continente, que até tem imensos recursos naturais? Será que os povos africanos estão destinados a sofrer permanentemente, mesmo depois de terem alcançado as suas independências? As constituições dos países africanos consagram regimes democráticos, com vários partidos a concorrerem para a conquista ou manutenção do poder. Mas o que acontece é que vários políticos de África, no poder, não querem respeitar as leis fundamentais dos seus países, provocando situações de instabilidade. Ou queremos a democracia ou não queremos a democracia. Não podemos estar a fingir que somos democratas. A democracia não pode ficar só no papel. Deve ser praticada. Os políticos africanos, em particular os que estão no poder, têm de respeitar escrupulosamente as constituições e as leis dos seus países, para evitarem conflitos, que causam muito sofrimento aos povos do continente e atrasam o seu desenvolvimento.
Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique, alertou por exemplo para a falta de cultura democrática nas elites políticas moçambicanas. Não se trata apenas de um problema de Moçambique. Elites de outros países africanos têm o problema de não pretenderem assumir as opções feitas por regimes democráticos, porque, em determinado momento, essas opções não vão ao encontro dos seus interesses pessoais.
Recolha do lixo
Agora que está a chover em Luanda, onde se produz muito lixo, é positivo que as operadoras de limpeza estejam a acelerar a recolha dos resíduos sólidos. É inquestionável que a recolha do lixo na nossa cidade capital está a melhorar consideravelmente. As operadoras de limpeza estão a recolher o lixo em toda a província com eficiência.
Enquanto habitante da cidade de Luanda, que muito amo, e onde vivo há mais de cinquenta anos, estou a gostar do facto de se estarem a limpar as valas de drenagem, onde infelizmente muitos cidadãos depositam lixo. Quero apelar neste espaço aos meus compatriotas para não depositarem lixo nas valas de drenagem. O lixo depositado nessas valas pode causar muitos problemas para as pessoas, em tempo de chuvas. Se não depositarmos lixo nas valas de drenagem, isso vai contribuir para uma melhor qualidade de vida.
Fiscalização de obras
O ano de 2016 vai terminar e gostava que em 2017 houvesse maior atenção no que diz respeito à fiscalização de obras, de que é dono o Estado. Temos de começar a fazer com que as obras tenham qualidade. Que as nossas instituições vocacionadas para a fiscalização de obras sejam realmente apoiadas para que cumpram o seu papel.
O Estado não deve continuar a gastar dinheiro com obras que duram muito pouco tempo. Deve haver coragem para se fiscalizar de facto as obras que são feitas. As empresas fiscalizadoras devem impedir que as empreiteiras façam um mau trabalho. Penso que deve haver cuidado na contratação das empreiteiras. O Estado deve contratar as melhores empreiteiras, para não estarmos sempre a gastar dinheiro com constantes reabilitações.