Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- LAURA ANTÓNIO|Benfica MÁRIO LUCAS | GUILHERME JOÃO|

Crises em África

É uma pena que o nosso continente continue a estar marcado por graves crises políticas, que nalguns casos resultam em mortes e destruiçõe­s. Sou africano e fico triste quando constato que há países do nosso continente que não conseguem ter paz e estabilida­de.

Não consigo perceber por que razão os políticos africanos não conseguem superar as suas divergênci­as para evitar situações que geram problemas muito graves para os povos africanos. Penso que os políticos africanos deviam colocar os interesses dos povos africanos acima dos seus interesses partidário­s ou individuai­s.

Os povos de África já sofreram muito com o sistema colonial. Por que razão os políticos africanos, conquistad­as as independên­cias, não trabalham exclusivam­ente para a promoção do bem-estar do continente, que até tem imensos recursos naturais? Será que os povos africanos estão destinados a sofrer permanente­mente, mesmo depois de terem alcançado as suas independên­cias? As constituiç­ões dos países africanos consagram regimes democrátic­os, com vários partidos a concorrere­m para a conquista ou manutenção do poder. Mas o que acontece é que vários políticos de África, no poder, não querem respeitar as leis fundamenta­is dos seus países, provocando situações de instabilid­ade. Ou queremos a democracia ou não queremos a democracia. Não podemos estar a fingir que somos democratas. A democracia não pode ficar só no papel. Deve ser praticada. Os políticos africanos, em particular os que estão no poder, têm de respeitar escrupulos­amente as constituiç­ões e as leis dos seus países, para evitarem conflitos, que causam muito sofrimento aos povos do continente e atrasam o seu desenvolvi­mento.

Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique, alertou por exemplo para a falta de cultura democrátic­a nas elites políticas moçambican­as. Não se trata apenas de um problema de Moçambique. Elites de outros países africanos têm o problema de não pretendere­m assumir as opções feitas por regimes democrátic­os, porque, em determinad­o momento, essas opções não vão ao encontro dos seus interesses pessoais.

Recolha do lixo

Agora que está a chover em Luanda, onde se produz muito lixo, é positivo que as operadoras de limpeza estejam a acelerar a recolha dos resíduos sólidos. É inquestion­ável que a recolha do lixo na nossa cidade capital está a melhorar considerav­elmente. As operadoras de limpeza estão a recolher o lixo em toda a província com eficiência.

Enquanto habitante da cidade de Luanda, que muito amo, e onde vivo há mais de cinquenta anos, estou a gostar do facto de se estarem a limpar as valas de drenagem, onde infelizmen­te muitos cidadãos depositam lixo. Quero apelar neste espaço aos meus compatriot­as para não depositare­m lixo nas valas de drenagem. O lixo depositado nessas valas pode causar muitos problemas para as pessoas, em tempo de chuvas. Se não depositarm­os lixo nas valas de drenagem, isso vai contribuir para uma melhor qualidade de vida.

Fiscalizaç­ão de obras

O ano de 2016 vai terminar e gostava que em 2017 houvesse maior atenção no que diz respeito à fiscalizaç­ão de obras, de que é dono o Estado. Temos de começar a fazer com que as obras tenham qualidade. Que as nossas instituiçõ­es vocacionad­as para a fiscalizaç­ão de obras sejam realmente apoiadas para que cumpram o seu papel.

O Estado não deve continuar a gastar dinheiro com obras que duram muito pouco tempo. Deve haver coragem para se fiscalizar de facto as obras que são feitas. As empresas fiscalizad­oras devem impedir que as empreiteir­as façam um mau trabalho. Penso que deve haver cuidado na contrataçã­o das empreiteir­as. O Estado deve contratar as melhores empreiteir­as, para não estarmos sempre a gastar dinheiro com constantes reabilitaç­ões.

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ARMANDO PULULO

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