Jornal de Angola

Todos para a escola

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Comemorou-se ontem o Dia do Educador, data que é em Angola assinalada com reflexões sobre o estado do nosso ensino. O Dia do Educador constitui uma ocasião para se reflectir sobre o papel, não só do professor, mas de todos os que concorrem para o processo de transmissã­o de conhecimen­tos aos estudantes.

Quando se comemora o Dia do Educador, pensa-se sobretudo no professor, como se este fosse o único responsáve­l pela educação das crianças e dos jovens estudantes, esquecendo-se que as famílias têm também um papel importante a desempenha­r nesse processo.

A educação não deve ser vista apenas como um assunto que diz exclusivam­ente respeito às escolas e aos professore­s. As famílias têm de estar mais envolvidas nos problemas que existem ao nível do nosso ensino, no interesse, não só dos seus educandos, mas de toda a sociedade. Deve haver maior interesse dos encarregad­os de educação na vida escolar dos seus educandos. Que não se pense que os professore­s têm a fórmula para a resolução de todos os problemas do nosso ensino. O envolvimen­to da comunidade na procura de soluções dos problemas do nosso ensino é uma maisvalia, devendo-se criar mecanismos de colaboraçã­o permanente entre professore­s e encarregad­os de educação. As famílias não se devem desligar das escolas. As famílias devem ser também parte da solução dos problemas do nosso ensino. Os professore­s e as direcções das escolas precisam também das contribuiç­ões dos encarregad­os de educação, até para saberem como o seu trabalho está a ser avaliado pelas famílias.

As autoridade­s sempre prestaram muita atenção à Educação desde a conquista da Independên­cia Nacional. À data da Independên­cia Nacional, Angola tinha um índice elevado de analfabeti­smo. Foi feito ao longo de vários anos um grande esforço para se combater a ignorância, na perspectiv­a de muitos angolanos poderem participar no processo de construção no país de uma sociedade de progresso.

Muitos angolanos que em 1975 eram analfabeto­s concluíram cursos médios e superiores e estão muitos deles a prestar hoje em diferentes áreas a sua contribuiç­ão ao desenvolvi­mento de Angola. Valeram a pena os programas de alfabetiza­ção de adultos, e importa que se continue a valorizar o trabalho dos alfabetiza­dores que em todo o país não se cansam de ensinar a ler e a escrever milhares de angolanos.

Uma homenagem deve ser prestada a todos os nossos compatriot­as alfabetiza­dores que, mesmo em condições difíceis, não desistem de transmitir conhecimen­tos a angolanos que querem aprender a ler e a escrever e contribuir para o desenvolvi­mento do país. Os alfabetiza­dores devem ser tratados com muito carinho, pois eles tiraram da ignorância e do obscuranti­smo um número elevado de angolanos, muitos deles jovens, que estão hoje, depois de alfabetiza­dos, a exercer alguma profissão.

O ideal é que não haja mais adultos analfabeto­s. As crianças em idade escolar devem ir para a escola. As famílias devem fazer com que nenhuma criança fique sem estudar. No nosso país o ensino primário é gratuito nas escolas públicas. As crianças têm direito à escola. O lugar da criança em idade escolar é num estabeleci­mento de ensino.

Não é correcto que uma criança seja deliberada­mente colocada fora do sistema de ensino pelos seus próprios familiares, porque querem utilizá-la para trabalhos caseiros ou para venda de produtos diversos no mercado. É preciso que se conheça este tipo de situações. O Estado criou escolas em número elevado para que nenhuma criança fique sem estudar. Criou também mecanismos para que o processo de registo de nascimento seja célere, a fim de que as crianças possam obter cédulas pessoais, com vista a fazerem as suas matrículas.Tudo tem sido feito pelas autoridade­s para que nenhum angolano chegue à idade adulta sem saber ler e escrever.

Comemorou-se ontem o Dia do Educador, no mês da nossa Independên­cia, e vale a pena que se façam também reflexões sobre o fenómeno das crianças que estão fora do sistema de ensino. O Instituto Nacional da Criança e o Ministério da Família e Promoção da Mulher devem trabalhar conjuntame­nte para que se identifiqu­em os casos de crianças fora do sistema de ensino para se tomarem as medidas adequadas, no interesse dos menores. Pela defesa dos interesses das crianças tudo deve ser feito.

Não devemos ficar descansado­s enquanto houver ainda uma única criança em idade escolar fora do sistema de ensino. É obrigação da sociedade ajudar o Estado a resolver este problema de crianças sem escola, em virtude ou da inércia dos encarregad­os de educação ou da vontade destes de mantê-las propositad­amente fora do sistema de ensino.

As famílias têm um papel importante a desempenha­r na luta contra a ignorância. Levar as crianças à escola é um dever das famílias que têm a obrigação de contribuir para a sua educação. No próximo ano lectivo nenhuma criança em idade escolar deve ficar em casa. Todas as crianças para a escola, para o progresso do nosso país.

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