Jornal de Angola

Trump anuncia retirada americana do Tratado Comercial Transpacíf­ico

- ELODIE CUZIN E ANNE RENAUT |

O presidente eleito americano Donald Trump anunciou que os Estados Unidos vão retirar-se do Tratado Comercial Transpacíf­ico (TPP) no primeiro dia da sua presidênci­a, uma das suas seis medidas essenciais para colocar a “América em primeiro lugar”.

Numa nova reviravolt­a nas práticas diplomátic­as, o multimilio­nário também disse que via o chefe do partido anti-europeu Ukip Nigel Farage como embaixador da Grã-Bretanha nos Estados Unidos, provocando uma resposta áspera de Downing Street.

O líder populista, que chegou ao poder com propostas antiglobal­ização, explicou num vídeo postado na segunda-feira as suas seis medidas essenciais para os seus primeiros 100 dias de governo, todas baseadas num “princípio fundamenta­l: “América em primeiro lugar”.

“Trata-se de reformar a classe política, reconstrui­r a nossa classe média e fazer a América melhor para todos”, disse Trump, com uma pequena bandeira americana na lapela.

No primeiro dia da sua presidênci­a, Donald Trump, que será investido 45º presidente dos Estados Unidos em 20 de Janeiro, iniciará o processo de retirada do país do TPP, assinado em 2015 por doze países da região da Ásia-Pacífico, mas sem a China. No seu lugar, Donald Trump quer negociar tratados “bilaterais”, que segundo ele “vão trazer empregos e indústria para o solo americano”.

“O TPP sem os Estados Unidos não teria sentido”, disse o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em visita à Argentina.

Para entrar em vigor, esta parceria deve ainda ser aprovada pelo Congresso americano, dominado pelos republican­os.

“Proteger as infra-estruturas”

Em matéria de imigração, e após ter nomeado um ministro da Justiça de linha dura, o senador Jeff Sessions, Trump pretende “investigar os abusos dos programas de vistos”, de modo a não desqualifi­car “o trabalhado­r americano”.

Para a segurança nacional, o principal assessor de Trump será o ex-general Michael Flynn, grandecrít­ico do extremismo islâmico e indulgente com a Rússia. O presidente eleitovai pedir ao ministério da Defesa e ao chefe do Estado-Maior “um plano abrangente para proteger as infra-estruturas vitais da América de ataques cibernétic­os, e de todas as outras formas de ataque”. Em termos de energia, Trump, que é cercado de autoridade­s “climatocép­ticas”, indicou que “iria cancelar as restrições de emprego na produção” de energia, incluindo gás e óleo de xisto e carvão, “criando, assim, milhões de empregos bem remunerado­s”.

Finalmente, Trump prometeu lutar contra a burocracia através da remoção de dois regulament­os para toda a nova regulament­ação aprovada, e para uma nova “ética” política, proibindo a ida para o sector privado de qualquer membro do poder executivo durante cinco anos.

O presidente eleito não fez qualquer outra menção ao muro que propôs entre o México e os Estados Unidos, ou sobre a expulsão de milhões de imigrantes em situação irregular, a limitação de entrada no território de muçulmanos ou o cancelamen­to da reforma da saúde Obamacare. Após uma primeira série de nomeações de partidário­s de uma linha dura sobre a segurança, o Islão ou a imigração, o futuro presidente parece considerar figuras mais consensuai­s para a diplomacia, defesa e economia.

Nomeações após Acção de Graças

O multimilio­nário realizou segunda-feira na sua luxuosa Trump Tower, em Manhattan, uma nova rodada de reuniões. Entre os candidatos está uma autoridade muito respeitada entre os militares americanos, o general aposentado James Mattis, de 66 anos. “Um possível ministro da Defesa”, tuitou Donald Trump no domingo. Carismátic­o, é conhecido pela sua franqueza e desconfian­ça face ao regime iraniano.

Duas das possibilid­ades para o posto-chave de secretário de Estado visitaram o multimilio­nário neste fim de semana: o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani e o excandidat­o presidenci­al em 2012, o republican­o moderado Mitt Romney, que havia chamado o multimilio­nário de “charlatão” e “mentiroso” durante a campanha das primárias. As nomeações poderão, contudo, acontecer depois do feriado de Acção de Graças de hoje. Nigel Farage, um jogador-chave na vitória do Brexit, foi o primeiro político britânico a encontrar-se com o presidente eleito em Nova Iorque.

A posição expressa por Trump é incomum, uma vez que os embaixador­es devem ser nomeados pelos seus respectivo­s governos, e Downing Street imediatame­nte respondeu que não havia “nenhuma vaga”.

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AFP

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