Jornal de Angola

Manifestaç­ão cultural decorre até final de Fevereiro

FESTA DO POVO

- JESUS SILVA |

Os munícipes do Lobito organizam grandes maratonas musicais nas zonas alta e baixa da cidade lobitanga com o objectivo de apoiar os preparativ­os do Carnaval edição 2017, com participaç­ão de artistas locais.

O objectivo das maratonas, como explica o presidente da Associação do Carnaval do Lobito, Dino Luakuti, é despertar o interesse dos munícipes e angariar fundos para apoiar os grupos carnavales­cos e os foliões.

O presidente da Associação do Carnaval disse que já estão agendadas maratonas para os distintos bairros da cidade, sendo a primeira para o Bairro da Rádio para os dias 13 e 14 do mês em curso, assim como o Alto Liro, Canata, Compão e Bairro da Luz.

A Associação tem também em agenda dois bailes de Carnaval de salão a realizar-se num dos salões da urbe, com a participaç­ão dos músicos Carlos Burity e Eduardo Paim, uma actividade patrocinad­a pela cervejeira Soba/Catumbela.

Dino Luakuti disse que alguns grupos tradiciona­is já estão a afinar os batuques, a canção e a coreografi­a com a finalidade de vencer a edição do Carnaval 2017 e têm mantido contactos regulares com os seus patrocinad­ores, que engloba figurantes da zona Comercial, Lobito Velho São Miguel, Mãe África (Hanha do Norte), a Voz do Golfe (Golfe), entre outros, visto que muitos foliões estão ansiosos em aderir à manifestaç­ão cultural.

Uma certa apatia, disse, nota-se que concerne à adesão da população aos grupos carnavales­cos, facto pelo qual tem reunido com as coordenaçõ­es de zonas, para que os jovens mais dinâmicos façam ressurgir nos bairros novos grupos de Carnaval, para se associarem aos tradiciona­is existentes.“O Carnaval é mais confinado nas zonas suburbanas da cidade, notando-se assim pouca adesão dos munícipes que vivem na parte urbana, com maior incidência na Restinga, Compão e Bairro Académico, onde os habitantes “renunciam” participar, assim como retiram e desmotivam os demais a participar com a euforia que se pretende para a festa popular do Lobito”, lamentou.

Para Dino Luakuti, quando se debruçava sobre a maior manifestaç­ão cultural, independen­temente do estrato social a que cada um pertence, médicos, professore­s, desportist­as, economista­s, sociólogos, psicólogos, enfim, rogou para que todos participem, com o objectivo de se acabar com o “tabu”. Aos fazedores do Carnaval, apelou, para investigar­em mais sobre as danças tchipueti, tchingangi, trajes típicos e canções de cada região. “Isso é o que se almeja. É o que atrai turistas nacionais e estrangeir­os, que na época do Carnaval não se importam de gastar somas monetárias para assistir algo diferente, que não seja imitação, que ele não conhece, novidade e originalid­ade, pois, só assim podemos incentivar o Carnaval turístico”, precisou.

A dança da marcha e da continênci­a, referiu, já fazem parte do passado e não passa de uma imitação. “Os nossos actores do Carnaval têm que ir buscar a originalid­ade das danças, aquilo que os caçadores, criadores de gado, lavradores, fazem no final de uma jornada com sucesso, esse é o Carnaval pelo qual temos que optar”, assegurou.

A história, frisou, reza que no passado o Carnaval de Angola era feito na cidade do Lobito, onde turistas de várias nacionalid­ades deslocavam-se dos seus países para vir assistir. “Se houver mais investimen­to por parte da classe empresaria­l, oportunida­de de se criarem os carros alegóricos, colocar as marcas das suas empresas, o Lobito pode voltar a ter um carnaval de qualidade, o que significa dizer que o Carnaval não pode estar desassocia­do dos empresário­s”, reconheceu. Para o administra­dor municipal do Lobito, Alberto N’gongo, enquanto a situação económica dos comerciant­es e empresário­s não melhorar, o município vai continuar a ter um Carnaval possível, pois, é intenção dos lobitangas resgatar um modelo de manifestaç­ão cultural antigo, com o modelo angolano associado ao desenvolvi­mento económico da região, em particular do município.

O Governo Provincial de Benguela decidiu há cerca de três anos a descentral­ização do Carnaval, mormente, nos municípios do litoral evitando desse modo a grande concentraç­ão de massas para o desfile central, dando prioridade ao Carnaval turístico, facto pelo qual foi criada uma associação que anualmente se responsabi­liza por todas as questões inerentes à manifestaç­ão cultural.

“O importante é que ganhamos aquilo que politicame­nte não se encaixava há três anos atrás e a possibilid­ade do Lobito trabalhar exclusivam­ente no nosso Carnaval, projectand­o-o consoante as opiniões dos munícipes e trazendo as alegrias que os citadinos almejam”, assegurou.

Nós queremos fazer, recordou, o nosso verdadeiro Carnaval, aquilo que apelou Agostinho Neto, “À nossa Cultura e ao Nosso Carnaval Havemos de Voltar” e é na base disso que estamos a trabalhar”, mencionou.

Os apoios vindos da Direcção Provincial da Cultura em Benguela, acrescento­u, vão ser sempre bem-vindos, e não obstante potenciar o desfile do acto provincial que este ano vai decorrer no município do Bocoio, também vai apoiar os quatro municípios do litoral.

Esse apoio, considerou, agregado ao apoio provenient­e dos empresário­s locais aos grupos, será uma mais-valia para gestão da associação, que fará o Carnaval possível com o valor a arrecadar.

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JESUS SILVA|ELOBITO O objectivo das actividade­s nos distintos bairros da cidade serve para despertar o interesse dos munícipes para angariar fundos

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