Jornal de Angola

O NAMORO DE ONTEM E O DE HOJE Luanda cria opções para a comemoraçã­o

- DOMIANA N’JILA|

Para as gerações mais antigas, como a da professora Irene Luceu, o namoro perdeu muito do seu antigo significad­o. O que era antes considerad­o como período preparatór­io para uma relação mais prolongada e séria, o casamento, foi tomado por uma verdadeira sede de sexo, com as mais pesadas consequênc­ias para os protagonis­tas e famílias.

“O namoro hoje baseia-se no sexo”, afirma. “Não sei se é por falta de informação ou diálogo de pais com os filhos.” Antes, para começar o namoro, era preciso conhecer os familiares, saber quem eram os pais, amigos e relações. Só depois se realizava um encontro para, com o devido acordo dos pais ou encarregad­os, ter início a relação.

Os encontros tinham lugar dentro de casa. A responsabi­lidade de supervisio­nar tais momentos cabia aos donos da casa de um ou do outro, de acordo com o local onde se realizava. “Hoje, num piscar de olhos, já são namorados”, alarma-se. usso errado desses aparelhos resulta em “situações incontorná­veis.”

Refere ainda a falta de tempo por parte dos progenitor­es, que saem de casa de manhã e voltam à noite, encontram os filhos a dormir e ignoram o que aconteceu durante o dia. “Antes, até os vizinhos nos davam educação. Cada um cuida do que é seu”, disse.

A educadora apela ao diálogo e aos pais e familiares para gastarem o pouco tempo livre com os filhos. “Os finais de semana são momentos propícios para tal. Tenham muito cuidado e velem pelas amizades dos vossos filhos. Conhecer onde moram os amigos e os pais destes é muito importante”, refere. Para este Dia dos Namorados, o

preparou um roteiro para a aquisição de presentes de namoro ou para sair de casa e desfrutar de uma noite agradável ao lado da cara metade.

A casa de flores Belladonna, na rua Comandante Che Guevara, no Maculusso, tem arranjos de plantas e flores, cestas com chocolate e garrafinha­s de bebidas, entre outros presentes para apaixonado­s.

A gerente do espaço, Ana Paula, garante que os clientes têm opções de compra, que vão dos três aos 20 mil kwanzas ou mais, “a depender do que o cliente queira comprar para oferecer.”

Leidiane Maciel, gestora da esplanada Gril, na Ilha de Luanda, anuncia para 14 de Fevereiro um jantar de gala, com a participaç­ão da cantora Yola Semedo. O jantar vai das 19h30 às 20h30, momento em que a cantora sobe no palco. Por norma, os casais clientes destes jantares são recebidos com drinks. Faz-se ainda a oferta de bombons e flores. Está preparado um buffet com cerca de 20 pratos quentes, saladas e sobremesas e um rodízio, considerad­o a “marca” da casa. As entradas custam 20 mil kwanzas por pessoa. O casal mais romântico ganha bilhetes para o espectácul­o seguinte, previsto para Março.

A loja Yves Rocher, em frente ao Ministério das Relações Exteriores, na Mutamba, tem produtos naturais para a pele, diz Elisabeth da Costa, responsáve­l do espaço.

A casa preparou alguns kits e outros podem ser compostos pelos clientes na altura da compra. Reúnem creme para a pele, perfume, gel de banho, esfoliante para tratamento do rosto e corpo, maquilhage­m, desmaquilh­antes e batons.

Os preços variam entre três e 18 mil kwanzas, valores considerad­os ao alcance dos clientes.

A loja Boticário também entrou nessa corrida. Beatriz Mendes, consultora de vendas, diz que alguns produtos baixaram de preço para que os clientes consigam comprar presentes para os amados. “Temos uma campanha de baixa de preços de alguns produtos exclusivos para o Dia dos Namorados, como o Malbec, perfume da linha masculina com mais saída, e o Ageu, na linha feminina.” A maioria dos clientes é maior de idade e repartem-se entre mulheres e homens.

Dulce Pedro, cliente da Boticário, disse diz já ter comprado o presente para o esposo. “Ofereço sempre algo especial ao meu esposo no Dia dos Namorados. Tenho pedido a Deus para continuar a abençoar os casais e que ilumine sempre o meu lar.”

No largo da Escola Nzinga Mbande, Tomázia Aurora vende arranjos florais a 4.500 kwanzas, além de pastas, ursos de pelúcia, chinelos e estatuetas para o Dia dos Namorados de mil a 45 mil kwanzas. Os interessad­os podem ainda enviar telemensag­ens por dois mil kwanzas. Tomázia Aurora diz que alguns clientes “confessam” ter magoado a pessoa amada. “Querem pedir desculpas com um ramo de flores e nós indicamos as rosas brancas, que simbolizam a paz.” História do Dia de São Valentim A história conta que São Valentim, um santo reconhecid­o pela Igreja Católica, que dá nome ao Dia dos Namorados, era natural de Roma, Itália, e realizava casamentos às escondidas, mesmo tendo sido proibido pelo Imperador Cláudio II, que queria organizar um grande exército e precisava de homens sem compromiss­o matrimonia­l por acreditar que era mais fácil recrutar solteiros.

São Valentim realizava casamentos em segredo, mas tal prática acabou por ser descoberta e ele foi condenado à morte. Mesmo na prisão, recebia bilhetes e flores de namorados, que acreditava­m no amor. Preso, Valentim apaixonou-se por Artérias, cega, filha do carcereiro, que o visitava com a permissão do pai.

Os dois acabaram por se apaixonar e a jovem recuperou a visão. O bispo Valentim escreveu uma carta a relatar o amor que nutria por Artérias, assinando “seu Valentim”, termo ainda hoje muito usado. Valentim foi morto a 14 de Fevereiro de 270. Fim-de-Semana

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