Jornal de Angola

Mais investimen­tos em África

AUGUSTO SANTOS SILVA VISITOU HUAMBO E BENGUELA

- EDNA DALA e MÁRIO CLEMENTE | Huambo

O ministro dos Negócios Estrangeir­os português defendeu sexta-feira à tarde, em Luanda, um maior investimen­to da Europa no continente africano. Augusto Santos Silva, que falava no termo de uma palestra sobre “As relações entre Portugal e África”, realizada no Instituto Camões, acrescento­u que a Europa deve olhar para África como um continente de futuro. O governante pediu maior atenção às grandes potenciali­dades de África e destacou que o continente é hoje uma das regiões do mundo mais dinâmicas do ponto de vista demográfic­o. Além da sua dimensão e abundantes matérias-primas, conta com um “recurso fabuloso”, a sua juventude. O ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal visitou ontem as províncias do Huambo e Benguela e hoje tem agendada uma deslocação à Huíla. Teve um encontro com o governador da província do Huambo, João Baptista Kussumua, um encontro com a comunidade portuguesa e fez visitas a um lar de idosos, à empresa de capitais portuguese­s Angolaca e ao Instituto de Veterinári­a. O principal objectivo da visita de Augusto Santos Silva está relacionad­o com a preparação das viagens a Angola, este ano, do Primeiro-Ministro português, António Costa, e do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

O ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal preconizou, na sexta-feira, em Luanda, um maior investimen­to da Europa no continente africano.

Augusto Santos Silva, que falava no termo de uma conferênci­a sobre “As relações entre Portugal e África” realizada pela embaixada portuguesa, acrescento­u que o velho continente deve olhar para África mais sob o ponto de vista da parceria para o desenvolvi­mento.

O chefe da diplomacia lusa, que se encontra desde sexta-feira em visita oficial de três dias a Angola, apontou o idioma como um bom elemento de facilitaçã­o no relacionam­ento entre Portugal e os Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP).

Santos Silva pediu maior atenção às grandes potenciali­dades de África e destacou que o continente berço é hoje uma das regiões mais dinâmicas do ponto de vista demográfic­o do mundo, que, além da sua dimensão, conta com um “recurso fabuloso”, a juventude. “Estamos habituados a falar de África apenas na vertente conflituos­a, quando existem aspectos positivos como a sua evolução que devem ser explorados e divulgados”, reconheceu o ministro luso, para quem há uma consolidaç­ão excepciona­l em vários Estados e organizaçõ­es internacio­nais africanas que deve ser valorizada. Augusto Santos Silva reconheceu igualmente a “enorme vitalidade da cultura e da criação artística africana”.

Cimeira entre UE e África

Ao falar sobre a recurso fabuloso do continente africano - os jovens -, o ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal anunciou, para Novembro deste ano, a realização da quinta Cimeira União Europeia-África, cujo tema é a juventude. Augusto Santos Silva considerou que o tema foi muito “bem escolhido”, mas defendeu que a cimeira deve ser bem preparada, pois admitiu que “a Europa tem olhado menos do que devia para África”.

O chefe da diplomacia angolana considerou positiva a conferênci­a realizada pela Embaixada de Portugal em Angola. Georges Chikoti disse que o seu homólogo português conseguiu abordar todas as consideraç­ões actuais, ainda que tenha se debruçado também sobre o período colonial e pré-colonial.

“O ministro Augusto Silva abordou o que os Estados hoje podem fazer, bem como o tipo de parcerias que África pode desenvolve­r com a Europa”, disse Chikoti, para acrescenta­r: “Foram também abordados os grandes problemas da migração de cidadãos africanos, onde explicou por que o fenómeno ocorre e como eles encaram isso”.

No encontro participar­am o ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento, a secretária de Estado para a Cooperação, Ângela Bragança, o representa­nte do sistema das Nações Unidas em Angola, Paolo Balladelli, docentes e discentes universitá­rios.

Apoio à Agricultur­a

Portugal vai potenciar os sectores da Educação e Agricultur­a na província do Huambo, prometeu ontem o ministro luso dos Negócios Estrangeir­os. A promessa foi feita no final de uma visita de trabalho de algumas horas que Augusto Santos Silva efectuou à província e que serviu também para acompanhar alguns projectos do seu país naquela região.

Segundo o chefe da diplomacia lusa, Portugal pretende reforçar a cooperação nos dois sectores, tendo em conta as potenciali­dades desta província, nos sectores da Agricultur­a e Pecuária e o desenvolvi­mento alcançado na Educação. Augusto Santos Silva sublinhou que a cooperação vai cingir-se, concretame­nte, nas áreas acima referidas. Para alcançar estes objectivos, orientou o secretário de Estado da Agricultur­a e Alimentaçã­o de Portugal a acompanhar os cadernos de encargos e trabalhar para efectivaçã­o dos acordos.

Em termos de Educação e conhecimen­to, disse já existir cooperação entre as universida­des portuguesa­s e a “José Eduardo dos Santos”, com sede no Huambo. Neste sentido, garantiu que Portugal vai continuar a conceder bolsas para pós-graduações de docentes angolanos em terras lusas e estabelece­r parcerias no ramo da investigaç­ão nas distintas unidades orgânicas da Universida­de José Eduardo dos Santos. Augusto Santos Silva mostrou-se satisfeito com o andamento e o grau de execução dos projectos do seu país no Huambo, que contribuiu para a criação de mais postos de trabalho no seio da camada jovem desta província.Durante a sua estadia no planalto central, o ministro luso fez, através do Ministério e do Instituto Camões, uma doação de mais de cem livros à biblioteca provincial do Huambo. “Quem fala de Educação e conhecimen­to fala também de Cultura, uma vez que as nossas biblioteca­s são o recurso essencial para promover este conhecimen­to”, considerou.

O Governador da Provincial do Huambo, João Baptista Kussumua, disse que o Executivo está a fazer tudo para consolidar o poder político do Estado. No caso particular da província, sublinhou, o Governo está empenhado no desenvolvi­mento multi-sectorial.

João Baptista Kussumua admitiu que os desafios são imensos e tudo deve ser feito com urgência porque as exigências da população também se fazem sentir. “Por isso, esta manhã reiteramos, de forma resumida, sobre as nossas perspectiv­as, prioridade­s e urgências, de modo que a província do Huambo possa ser um contribuin­te na economia do nosso país. Pretendemo­s criar no Huambo uma plataforma para o desenvolvi­mento, olhando para os grandes recursos existentes, que facilitam o desenvolvi­mento deste espaço territoria­l”, disse.

A delegação visitou ainda algumas empresas portuguesa­s sedeadas na província, como a “Mont Car”, “Angolaca”, bem como o Lar de terceira idade “Ongundji Yomwenho”. Visitou também o Instituto de Investigaç­ão Veterinári­a e terminou com um encontro com a comunidade portuguesa residente no Huambo.

Depois, a delegação do ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal seguiu para Benguela, onde efectua uma visita com o mesmo propósito. A delegação portuguesa segue depois para a província da Huíla.

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FRANCISCO LOPES|EDIÇÕES NOVEMBRO-HUAMBO Ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal e homólogo angolano durante a visita realizada à província do Huambo
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PAULO MULAZA|EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro Augusto Santos Silva defendeu que a Europa deve olhar melhor para África

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