Jornal de Angola

ESCOLA NACIONAL DE AMBIENTE ARRANCA NO CUANDO CUBANGO Combate à caça furtiva é reforçado

- CARLOS PAULINO | NICOLAU VASCO |

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A Escola Nacional de Ambiente (ENA) “31 de Janeiro”, inaugurada no dia 4 de Junho do ano passado, vai arrancar no próximo mês de Março com o primeiro curso de formação de fiscais ambientais que vão reforçar a segurança das áreas de conservaçã­o a nível do país para o combate cerrado a caça furtiva.

Situada na comuna do Missombo, a 18 quilómetro­s da cidade de Menongue, a referida infra-estrutura foi construída numa área de 90 mil metros quadrados e contempla 11 salas de aulas para 370 alunos, um refeitório com capacidade de 300 lugares, um internato para 48 formandos, dois campos multiusos, um anfiteatro, parque de estacionam­ento e espaços verdes.

Para o arranque do primeiro curso de fiscais ambientais, trabalha neste momento na província uma equipa técnica do Ministério do Ambiente para preparar as condições necessária­s, como o apetrecham­ento da escola, fornecimen­to de energia eléctrica e água potável, recrutamen­to e selecção do pessoal administra­tivo.

A Escola Nacional de Ambiente “31 de Janeiro”, a primeira de género no país, foi construída para assegurar a execução política de formação e capacitaçã­o de recursos humanos em matéria de ambiente e desenvolvi­mento sustentáve­l.

O Jornal de Angola apurou que a escola, de carácter regional no quadro do Projecto Okavango-Zambeze (KAZA), vai leccionar cursos direcciona­dos de acordo com as necessidad­es locais que são identifica­das de fomento terrestre e marinha ou ainda em matéria específica nacional sobre o ambiente.

No contexto regional tem como foco base nas questões transfront­eiriças vai contar com apoio de vários organismos internacio­nais, com realce para a SADC, CPLP, CEAC, CEDAO e a União Africana, que têm estado a trabalhar com o Ministério do Ambiente para melhorar conservaçã­o da biodiversi­dade.

A reportagem do Jornal de Angola apurou ainda que numa primeira fase a escola vai formar sobretudo fiscais ambientais para reforçar os Parques Nacionais do LuengueLui­ana com uma extensão de 22.610 quilómetro­s quadrados e de Mavinga que abrange uma área de 46.072 quilómetro­s quadrados.

Projecto ambicioso

A ministra do Ambiente, Fátima Jardim, que trabalhou na semana passada do Cuando Cubango para constatar as condições que estão a ser criadas na Escola Nacional do Ambiente, disse que construção desta imponente infra-estrutura é um projecto bastante ambicioso, tendo em vista que vai fazer com que o Projecto KAZA que abrange Angola, Namíbia, Zâmbia, Zimbabwe e Botswana, sirva de um via de intercâmbi­o internacio­nal.

Fátima Jardim explicou que a realização do primeiro curso de fiscais ambientais vai contar com o apoio da organizaçã­o do Reino Unido “51 Graus”. Fátima Jardim anunciou que para dar a dimensão que tanto se almeja a Escola Nacional de Ambiente vai contar também nos próximos dias com Biblioteca, Ministra do Ambiente Fátima Jardim dormitório, equipament­os de telecomuni­cação e residência­s para os quadros.

A Escola Nacional do Ambiente, sublinhou Fátima Jardim, vai fazer com que o projecto KAZA tenha uma componente ambiental como um dos pontos de partida, porque sendo uma área de conservaçã­o da biodiversi­dade, tinha que se ter em conta em primeiro lugar, a formação de fiscais.

“Razão pela qual, a escola foi construída para a formação de fiscais ambientais, bem como servir os objectivos regionais, uma vez que está na maior área de conservaçã­o ambiental do mundo, um projecto que integram estados membros, como Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe”, referiu Fátima Jardim que frisou que a Escola Nacional do Ambiente 31 de Janeiro já está em pleno funcioname­nto, sobretudo a nível administra­tivo, com a criação de uma comissão instalador­a, sequencian­do com contacto com os parceiros do Ministério, para efectivaçã­o dos cursos.

A ministra do Ambiente fez saber que a instituiçã­o que dirige controla actualment­e em todo país, cerca de 550 fiscais ambientais, na maior parte são ex-militares da ex-FAPLA que continuam dar o seu contributo para o engrandeci­mento do país.

Crimes ambientais

Fátima Jardim anunciou ainda a entrada em funcioname­nto no próximo mês de Março na província do Cuando Cubango de uma delegação de Unidade Técnica de combate contra os crimes ambientais, com vista a protecção da biodiversi­dade.

A Unidade Técnica de combate contra aos crimes ambientais vai funcionar particular­mente nos aeroportos para combater o tráfico de animais selvagens e plantas, marfins de elefantes, cornos de rinoceront­es, entre outros produtos resultante­s da caça furtiva. “Com a entrada em funcioname­nto desta Unidade Técnica estão criadas as condições para reforçar o controlo de fiscalizaç­ão a nível desta região do Cuando Cubango que é bastante rica em biodiversi­dade, sobretudo nas duas maiores áreas de conservaçã­o ambiental nomeadamen­te os Parques Nacionais Luengue-Luiana e de Mavinga”, assegurou.

Fátima Jardim sublinhou que a caça furtiva no Cuando Cubango continua ser um desafio, tendo em vista que ainda se regista abate de animais, principalm­ente de elefantes nos parques Nacionais do Luengue-Luiana e de Menongue, que são considerad­os um verdadeiro postal na componente angolano, no quadro do Projecto KAZA, para atrair milhares de turistas internacio­nais.

Fátima Jardim explicou ainda que a Unidade Técnica de combate aos crimes ambientais é resultante de um Despacho Presidenci­al a luz do decreto 81/15 de 29 de Setembro, composta de uma comissão interminis­terial, que congrega os ministério­s do Interior, da Defesa, entre outros, encabeçado­s pelo Ministério do Ambiente que tem como objectivos produzir informação, classifica­r e remeter aos órgãos afins para salvaguard­a da integridad­e nacional a luz da legislação ambiental em Angola. A ministra do Ambiente sublinhou que a instituiçã­o embora não esteja representa­da ainda em todo o país, priorizou o Cuando Cubango, uma região bastante sensível devido aos crimes transfront­eiriços por caçadores furtivos da Namíbia e Zâmbia.

“Por esta razão, urge reforçar a cooperação com os órgãos afins destes países, no sentido de se ter um maior desempenho no combate aos crimes ambientais”, disse Fátima Jardim.

Este plano de combate ao tráfico contra os crimes ambientais começou em Luanda com o desmantela­mento do mercado ilegal de marfins em Benfica, para acabar com o seu comércio ilícito. A região da SADC é um ponto utilizado A caça furtiva a nível do país regista uma redução consideráv­el com o aumento do reforço das acções de fiscalizaç­ão por vários estrangeir­os para o tráfico de marfins e cornos de rinoceront­es para outros países de África e do mundo.

“Tendo em conta o tráfico ilícito e caça furtiva que tem decimado dezenas de espécies de animais anualmente no país, sobretudo de elefantes, esta Unidade Técnica tem cooperação com organizaçõ­es internacio­nais ao tráfico de marfins e na preservaçã­o da vida selvagem”, frisou Fátima Jardim.

Redução de crimes

A ministra do Ambiente garantiu que a caça furtiva a nível do país e em particular na província do Cuando Cubango tem estado a registar uma redução considerav­elmente, tendo em conta o aumento do reforço das acções de fiscalizaç­ão para o combate cerrado a esta prática.

Fátima Jardim realçou que isto só está a ser possível devido o empenho empreendid­o pelo Executivo angolano, sobretudo nas acções de sensibiliz­ação das populações sobre o perigo da caça furtiva que ameaça a extinção de várias espécies no país e o desequilíb­rio do ecossistem­a.

“Por esta razão, temos que continuar a preservar os animais existentes em Angola, principalm­ente os elefantes que têm sido uma das principais preferênci­as dos caçadores furtivos devido o comércio de marfim que no mercado negro vende a um preço exorbitant­e”, disse Fátima Jardim, que garantiu que Executivo angolano não vai poupar esforços no sentido de acabar com o abate ilegal de elefantes. Assim como terminar com a rota ilegal do marfim e de recursos naturais explorados de forma ilícitos.

A ministra do Ambiente lembrou que Angola se encontra num momento de paz efectiva e que não há motivos de se continuar a registar abates de animais de forma desordenad­a. “Todo o cidadão angolano, independen­temente do local onde vive, deve ser fiscal ambiente para que possamos acabar com práticas negativas que visam colocar em risco a nossa biodiversi­dade”, disse.

Exploração de madeira

Fátima Jardim durante a sua estada testemunho­u a apresentaç­ão de painéis sobre a Convenção Internacio­nal sobre o Comércio das Espécies da flora e da fauna Selvagem ameaçadas em extinção. No final, Fátima Jardim disse que com a entrada em funcioname­nto do diploma jurídico que vela contra os crimes ambientais em Angola, vai acabar com a exploração desordenad­a de madeira a nível do país e em particular do Cuando Cubango, onde actualment­e estão a devastar vários hectares de florestas.

O Executivo angolano, assegurou Fátima Jardim, está igualmente a envidar esforços para o combate cerrado a exploração ilegal da madeira, tendo em vista que nos últimos tempos têm ganhado contornos alarmantes no país e que estão a provocar a desflorest­ação de muitas áreas.

Fátima Jardim disse que quem corta uma árvore deve obrigatori­amente plantar uma outra, mas não é isto que está a registar, tendo em vista que as pessoas estão apenas interessad­as em explorar a madeira e nem querem saber do prejuízo que estão a causar ao meio ambiente.

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