Comida de rua pode causar graves complicações
ALERTA NUTRICIONISTA Especialista defende fiscalização em locais de venda para proteger a saúde dos consumidores
A pressa do dia-a-dia leva-nos a hábitos alimentares que podem colocar em risco a saúde. Nas grandes cidades como Luanda, hoje é frequente comer em barracas, comprar um cachorro-quente ou “magoga” na rua, já que as obrigações profissionais nem sempre nos permitem tomar o pequeno-almoço em casa, para não falar do almoço.
Quando pedimos uma “magoga” aparentemente deliciosa (pão com frango recheado de molho, repolho e batata frita), não imaginamos os perigos que corremos.
A nutricionista Joana Fortunato, da Clínica Girassol, alerta para a contaminação por microrganismos, que pode trazer diversos problemas para a saúde, como diarreia, infecções por salmonela e, em alguns casos, levar à morte.
Em pessoas com baixa resistência imunológica, como crianças, gestantes e idosos, podem existir graves complicações.
A nutricionista aconselha a população a evitar o consumo de refeições nestes locais, já que em muitos casos são mal confeccionadas e representam um perigo para a saúde. Sustentou que muitas vezes, as vendedoras não observam as regras de segurança.
Joana Fortunato disse que ao consumir comidas na rua, o consumidor está propenso à intoxicação alimentar, porquanto estas refeições ficam expostas a temperaturas inadequadas e a agentes contaminantes como poeira e moscas.
“A maior parte dos locais que em que estes alimentos são vendidos não têm condições higiénicas adequadas”, disse. Além das bactérias e das moscas, os outros agentes contaminadores são os parasitas e vírus.
Existem produtos que provocam intoxicação facilmente, como as carnes cruas ou mal passadas, ovo, saladas alimentos cozidos, bem como o repolho, couve e alguns enlatados, disse Joana Fortunato, que acrescentou: “evitar casos de intoxicação, disse, as pessoas devem consumir alimentos confeccionados em locais apropriados.”
Divulgação dos riscos
A nutricionista defendeu maior fiscalização dos alimentos vendidos na rua, para que se cumpram as normas internacionais de higiene e segurança. “Além disso, deve haver maior divulgação dos riscos que os alimentos vendidos na rua podem causar”, acentuou.
A nutricionista aconselhou as pessoas a escolherem um local seguro e higiénico para fazerem as suas refeições. “A pessoa, sendo trabalhadora ou estudante e não tendo condições financeiras para fazer uma refeição num restaurante, sempre que puder deve levar alimentos de casa ao local de serviço ou escola.”
Condições de higiene
Madalena Augusto, vendedora numa barracas, admitiu que muitas colegas vendem comida em péssimas condições higiénicas. “Muitas deixam a comida à luz do sol, na poeira e às moscas, o que pode causar doenças”, referiu, para continuar: “A alimentação é muito importante e nós que vendemos comida devemos manter a higiene e fazer as coisas sempre com amor e muita atenção. Comida mal conservada não é saudável .”
“Aconselho as minhas colegas a prestarem mais atenção ao seu trabalho, porque é o nosso ganha-pão. Devemos fazê-lo com amor e entrega, mantendo a higiene nos locais onde são confeccionados os alimentos e conserva-los adequadamente”, concluiu.
Ângelo da Silva, de 32 anos, vive no Zango, município de Viana. Devido à distância de casa para o serviço, acorda às cinco da manhã, sem possibilidade de preparar o pequeno almoço.
“Eu e a minha mulher acordamos muito cedo e não conseguimos preparar algo para comer. Muitas vezes somos obrigados a comer em restaurantes. Há algum tempo tive uma experiência desagradável, porque comia muita “magoga” e comecei a ter problemas de estômago. Por esta razão deixei de comer na rua”, disse.