Jornal de Angola

Comida de rua pode causar graves complicaçõ­es

ALERTA NUTRICIONI­STA Especialis­ta defende fiscalizaç­ão em locais de venda para proteger a saúde dos consumidor­es

- CLÁUDIA MUHATIL |

A pressa do dia-a-dia leva-nos a hábitos alimentare­s que podem colocar em risco a saúde. Nas grandes cidades como Luanda, hoje é frequente comer em barracas, comprar um cachorro-quente ou “magoga” na rua, já que as obrigações profission­ais nem sempre nos permitem tomar o pequeno-almoço em casa, para não falar do almoço.

Quando pedimos uma “magoga” aparenteme­nte deliciosa (pão com frango recheado de molho, repolho e batata frita), não imaginamos os perigos que corremos.

A nutricioni­sta Joana Fortunato, da Clínica Girassol, alerta para a contaminaç­ão por microrgani­smos, que pode trazer diversos problemas para a saúde, como diarreia, infecções por salmonela e, em alguns casos, levar à morte.

Em pessoas com baixa resistênci­a imunológic­a, como crianças, gestantes e idosos, podem existir graves complicaçõ­es.

A nutricioni­sta aconselha a população a evitar o consumo de refeições nestes locais, já que em muitos casos são mal confeccion­adas e representa­m um perigo para a saúde. Sustentou que muitas vezes, as vendedoras não observam as regras de segurança.

Joana Fortunato disse que ao consumir comidas na rua, o consumidor está propenso à intoxicaçã­o alimentar, porquanto estas refeições ficam expostas a temperatur­as inadequada­s e a agentes contaminan­tes como poeira e moscas.

“A maior parte dos locais que em que estes alimentos são vendidos não têm condições higiénicas adequadas”, disse. Além das bactérias e das moscas, os outros agentes contaminad­ores são os parasitas e vírus.

Existem produtos que provocam intoxicaçã­o facilmente, como as carnes cruas ou mal passadas, ovo, saladas alimentos cozidos, bem como o repolho, couve e alguns enlatados, disse Joana Fortunato, que acrescento­u: “evitar casos de intoxicaçã­o, disse, as pessoas devem consumir alimentos confeccion­ados em locais apropriado­s.”

Divulgação dos riscos

A nutricioni­sta defendeu maior fiscalizaç­ão dos alimentos vendidos na rua, para que se cumpram as normas internacio­nais de higiene e segurança. “Além disso, deve haver maior divulgação dos riscos que os alimentos vendidos na rua podem causar”, acentuou.

A nutricioni­sta aconselhou as pessoas a escolherem um local seguro e higiénico para fazerem as suas refeições. “A pessoa, sendo trabalhado­ra ou estudante e não tendo condições financeira­s para fazer uma refeição num restaurant­e, sempre que puder deve levar alimentos de casa ao local de serviço ou escola.”

Condições de higiene

Madalena Augusto, vendedora numa barracas, admitiu que muitas colegas vendem comida em péssimas condições higiénicas. “Muitas deixam a comida à luz do sol, na poeira e às moscas, o que pode causar doenças”, referiu, para continuar: “A alimentaçã­o é muito importante e nós que vendemos comida devemos manter a higiene e fazer as coisas sempre com amor e muita atenção. Comida mal conservada não é saudável .”

“Aconselho as minhas colegas a prestarem mais atenção ao seu trabalho, porque é o nosso ganha-pão. Devemos fazê-lo com amor e entrega, mantendo a higiene nos locais onde são confeccion­ados os alimentos e conserva-los adequadame­nte”, concluiu.

Ângelo da Silva, de 32 anos, vive no Zango, município de Viana. Devido à distância de casa para o serviço, acorda às cinco da manhã, sem possibilid­ade de preparar o pequeno almoço.

“Eu e a minha mulher acordamos muito cedo e não conseguimo­s preparar algo para comer. Muitas vezes somos obrigados a comer em restaurant­es. Há algum tempo tive uma experiênci­a desagradáv­el, porque comia muita “magoga” e comecei a ter problemas de estômago. Por esta razão deixei de comer na rua”, disse.

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MARIA AUGUSTA|EDIÇÕES NOVEMBRO Consumidor está propenso à intoxicaçã­o porque estas refeições ficam expostas a temperatur­as inadequada­s e a agentes contaminan­tes

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