Municípios do litoral realizam Carnaval turístico
A competição provincial é reservada aos grupos do interior com despique dos adultos
Na Edição 2017 do Carnaval, em Benguela, participam apenas os municípios do interior incluindo a Baía Farta, disse ontem ao Jornal de Angola o coordenador da Comissão provincial do Carnaval.
Cristóvão Kajibanga, que é igualmente o director provincial da Cultura, disse que os grupos estacionados em Benguela, Lobito e Catumbela não perdem nada, “mas apenas os municípios do interior participam no desfile de carácter provincial”, realçou Cristóvão Kajibanga, que explicou que o que começou a acontecer há cerca de três anos foi uma troca de posicionamento.
Antigamente, referiu, no acto provincial participavam os municípios de Benguela, Lobito e Catumbela, e, actualmente “apenas participam os municípios do interior, enquanto os três principais municípios do litoral realizam o Carnaval de carácter turístico”.
Cristóvão Kajibanga justificou que esse método significa o início de um processo de educação para o interior, porque mesmo que o Carnaval seja secular em Angola os municípios do interior nunca realizaram desfiles carnavalescos e mesmo na Angola independente não participavam no desfile provincial do Carnaval que sempre se realizou nas cidade de Benguela e Lobito.
“Só ouviram falar e nunca tiveram encontrões, ou o fizeram entre eles”, argumentou Cristóvão Kajibanga, para quem, desta forma, há agora uma abertura para um intercâmbio maior, ou seja, “os mungandas podem agora, com os vatchissangis do Bocoio, intercambiar com o mungomba da Ganda e o tchipuete do Bocoio”, o que vai permitir um enriquecimento em termos de folclore da província muito profundo, sobretudo porque o litoral não é detentor disso, porque também bebia essa experiência através de pesquisas das várias localidades.
Com essa nova realidade, Cristóvão Kajibanga acrescentou que ao vivo as pessoas vão reviver esse intercâmbio com a presença de grupos carnavalescos de diversos municípios da província.
“É o intercâmbio entre a comunidade que organiza que fica com uma grande referência na promoção do turismo, onde os apoiantes dos diversos grupos carnavalescos participantes do desfile provincial deslocam-se dos municípios onde vivem para o município que o realiza para apoiar os seus, o que vai fortificar a bolsa económica de quem organiza.”
Ensaios
A província de Benguela começou a ensaiar este modelo em que todos os que se qualificavam até ao sexto lugar do ano anterior competiriam com os representantes dos municípios e nesse caso dos quatro do litoral da província e depois da abertura para os demais municípios, só o Cubal é que veio para a fase provincial, enquanto os outros permaneceram nos seus municípios.
“Apenas mudámos de actores, porque se antes eram os municípios de Benguela, Baía Farta, Catumbela e Lobito, deixamos de ter os municípios de Benguela, Lobito e Catumbela e continuamos com todos os outros e abriu-se o leque para uma maior participação, uma vez que no desfile provincial participavam apenas quatro e actualmente participam sete”, referiu Cristóvão Kajibanga.
Para além disso, a razão por detrás da não participação da maior parte dos municípios do interior anteriormente baseava-se no facto de não existirem nessas localidades grupos carnavalescos com o perfil que se exigia para a sua participação num desfile do género.
Por isso, é que desde que se iniciou a nova experiência, o município que acolhe recebe durante 15 dias uma coreógrafa indicada pela Comissão Provincial do Carnaval, de quem os diversos grupos recebem explicações sobre como podem transformar todo o acervo que têm a nível da localidade para a dança carnavalesca.
Em vez de ser em espaços em quer estavam habituados, Cristóvão Kajibanga referiu que com tais conhecimentos, os grupos acabam por introduz mais círculos e linhas para a coreografia habituados a fazer no seu folclore e desta forma que tenham uma noção de que a partir daí transformam-se em grupos não só folclóricos como carnavalescos.No formato original do Carnaval de Benguela, um único júri ajuíza as prestações dos grupos das classes de adultos e infantil, durante a realização do desfile provincial, edição 2017, onde cada município apresentar-se-á com grupos em ambas as classes , que vão desfilar separadamente. Tendo em conta que à tarde geralmente chove, este ano o desfile começa às 10h00 e a classe infantil tem a primazia.
Para o desfile provincial, os seis municípios participantes levaram cada um dois grupos (infantil e adulto), enquanto o Bocoio, como organizador, pelo facto de não ter despesas com transporte pode concorrer com seis grupos, o que totaliza 12 grupos de adultos e seis grupos infantis.
Noventa e quatro grupos carnavalescos participam nessa edição do Carnaval, o que comparado com anos anteriores em que o número atingia uma cifra de mais de 100 grupos existe uma diminuição originada em alguns casos por fusão de grupos para uma melhor racionalização dos recursos humanos e materiais, bem como por razões igualmente financeiras, face a actual situação do país.
Assim a nível da província de Benguela, o Entrudo vai envolver a participação de 94 grupos de adultos e 55 infantis e uma estimativa de 5.850 figurantes em termos de projecção. Apesar dos factores apontados para a redução de grupos nesta edição, o município de Benguela com o seu carnaval turístico faz desfilar 18 grupos carnavalescos.
Prémios
Um milhão e 951 mil kwanzas constitui o montante para prémios para o desfile provincial, enquanto para a transportação dos grupos prevê-se um montante avaliado em dois milhões e 832 mil kwanzas, revelou Cristóvão Kajibanga.
A nível dos municípios do litoral (Benguela, Catumbela, Lobito), as administrações municipais se encarregam da indumentária dos grupos carnavalescos e da realização dos desfiles para o apuramento dos representantes municipais, cuja premiação e a realização de bailes carnavalescos conta com o beneplácito das autoridades municipais em parceria com o empresariado local e a comunidade.
Apesar de se tratar de uma instituição secular que conta desde a Independência do país com o apoio institucional, a edição 2017, Cristóvão Kajibanga disse que acontece do jeito que a comunidade achar conveniente.
“Nós simplesmente vamos salvaguardar a perspectiva de termos sempre um Carnaval de exercício de cidadania com os recados a mistura como nos devemos portar enquanto governantes e cidadãos, naquilo que a comunidade acha que deve haver mudança.”
Todas essas mudanças estão a ser ensaiadas há três anos nos municípios de Benguela, Lobito e Catumbela, que realizam um Carnaval turístico em que os foliões desfilam e competem entre si.
“Esses municípios não levam ninguém para o desfile provincial porque assim o desejam e para compensar têm estado a fazer um esforço de ter mais ou menos um prémio igual ao da Comissão Provincial”,