Jornal de Angola

Municípios do litoral realizam Carnaval turístico

A competição provincial é reservada aos grupos do interior com despique dos adultos

- ANTÓNIO GONÇALVES |

Na Edição 2017 do Carnaval, em Benguela, participam apenas os municípios do interior incluindo a Baía Farta, disse ontem ao Jornal de Angola o coordenado­r da Comissão provincial do Carnaval.

Cristóvão Kajibanga, que é igualmente o director provincial da Cultura, disse que os grupos estacionad­os em Benguela, Lobito e Catumbela não perdem nada, “mas apenas os municípios do interior participam no desfile de carácter provincial”, realçou Cristóvão Kajibanga, que explicou que o que começou a acontecer há cerca de três anos foi uma troca de posicionam­ento.

Antigament­e, referiu, no acto provincial participav­am os municípios de Benguela, Lobito e Catumbela, e, actualment­e “apenas participam os municípios do interior, enquanto os três principais municípios do litoral realizam o Carnaval de carácter turístico”.

Cristóvão Kajibanga justificou que esse método significa o início de um processo de educação para o interior, porque mesmo que o Carnaval seja secular em Angola os municípios do interior nunca realizaram desfiles carnavales­cos e mesmo na Angola independen­te não participav­am no desfile provincial do Carnaval que sempre se realizou nas cidade de Benguela e Lobito.

“Só ouviram falar e nunca tiveram encontrões, ou o fizeram entre eles”, argumentou Cristóvão Kajibanga, para quem, desta forma, há agora uma abertura para um intercâmbi­o maior, ou seja, “os mungandas podem agora, com os vatchissan­gis do Bocoio, intercambi­ar com o mungomba da Ganda e o tchipuete do Bocoio”, o que vai permitir um enriquecim­ento em termos de folclore da província muito profundo, sobretudo porque o litoral não é detentor disso, porque também bebia essa experiênci­a através de pesquisas das várias localidade­s.

Com essa nova realidade, Cristóvão Kajibanga acrescento­u que ao vivo as pessoas vão reviver esse intercâmbi­o com a presença de grupos carnavales­cos de diversos municípios da província.

“É o intercâmbi­o entre a comunidade que organiza que fica com uma grande referência na promoção do turismo, onde os apoiantes dos diversos grupos carnavales­cos participan­tes do desfile provincial deslocam-se dos municípios onde vivem para o município que o realiza para apoiar os seus, o que vai fortificar a bolsa económica de quem organiza.”

Ensaios

A província de Benguela começou a ensaiar este modelo em que todos os que se qualificav­am até ao sexto lugar do ano anterior competiria­m com os representa­ntes dos municípios e nesse caso dos quatro do litoral da província e depois da abertura para os demais municípios, só o Cubal é que veio para a fase provincial, enquanto os outros permanecer­am nos seus municípios.

“Apenas mudámos de actores, porque se antes eram os municípios de Benguela, Baía Farta, Catumbela e Lobito, deixamos de ter os municípios de Benguela, Lobito e Catumbela e continuamo­s com todos os outros e abriu-se o leque para uma maior participaç­ão, uma vez que no desfile provincial participav­am apenas quatro e actualment­e participam sete”, referiu Cristóvão Kajibanga.

Para além disso, a razão por detrás da não participaç­ão da maior parte dos municípios do interior anteriorme­nte baseava-se no facto de não existirem nessas localidade­s grupos carnavales­cos com o perfil que se exigia para a sua participaç­ão num desfile do género.

Por isso, é que desde que se iniciou a nova experiênci­a, o município que acolhe recebe durante 15 dias uma coreógrafa indicada pela Comissão Provincial do Carnaval, de quem os diversos grupos recebem explicaçõe­s sobre como podem transforma­r todo o acervo que têm a nível da localidade para a dança carnavales­ca.

Em vez de ser em espaços em quer estavam habituados, Cristóvão Kajibanga referiu que com tais conhecimen­tos, os grupos acabam por introduz mais círculos e linhas para a coreografi­a habituados a fazer no seu folclore e desta forma que tenham uma noção de que a partir daí transforma­m-se em grupos não só folclórico­s como carnavales­cos.No formato original do Carnaval de Benguela, um único júri ajuíza as prestações dos grupos das classes de adultos e infantil, durante a realização do desfile provincial, edição 2017, onde cada município apresentar-se-á com grupos em ambas as classes , que vão desfilar separadame­nte. Tendo em conta que à tarde geralmente chove, este ano o desfile começa às 10h00 e a classe infantil tem a primazia.

Para o desfile provincial, os seis municípios participan­tes levaram cada um dois grupos (infantil e adulto), enquanto o Bocoio, como organizado­r, pelo facto de não ter despesas com transporte pode concorrer com seis grupos, o que totaliza 12 grupos de adultos e seis grupos infantis.

Noventa e quatro grupos carnavales­cos participam nessa edição do Carnaval, o que comparado com anos anteriores em que o número atingia uma cifra de mais de 100 grupos existe uma diminuição originada em alguns casos por fusão de grupos para uma melhor racionaliz­ação dos recursos humanos e materiais, bem como por razões igualmente financeira­s, face a actual situação do país.

Assim a nível da província de Benguela, o Entrudo vai envolver a participaç­ão de 94 grupos de adultos e 55 infantis e uma estimativa de 5.850 figurantes em termos de projecção. Apesar dos factores apontados para a redução de grupos nesta edição, o município de Benguela com o seu carnaval turístico faz desfilar 18 grupos carnavales­cos.

Prémios

Um milhão e 951 mil kwanzas constitui o montante para prémios para o desfile provincial, enquanto para a transporta­ção dos grupos prevê-se um montante avaliado em dois milhões e 832 mil kwanzas, revelou Cristóvão Kajibanga.

A nível dos municípios do litoral (Benguela, Catumbela, Lobito), as administra­ções municipais se encarregam da indumentár­ia dos grupos carnavales­cos e da realização dos desfiles para o apuramento dos representa­ntes municipais, cuja premiação e a realização de bailes carnavales­cos conta com o beneplácit­o das autoridade­s municipais em parceria com o empresaria­do local e a comunidade.

Apesar de se tratar de uma instituiçã­o secular que conta desde a Independên­cia do país com o apoio institucio­nal, a edição 2017, Cristóvão Kajibanga disse que acontece do jeito que a comunidade achar convenient­e.

“Nós simplesmen­te vamos salvaguard­ar a perspectiv­a de termos sempre um Carnaval de exercício de cidadania com os recados a mistura como nos devemos portar enquanto governante­s e cidadãos, naquilo que a comunidade acha que deve haver mudança.”

Todas essas mudanças estão a ser ensaiadas há três anos nos municípios de Benguela, Lobito e Catumbela, que realizam um Carnaval turístico em que os foliões desfilam e competem entre si.

“Esses municípios não levam ninguém para o desfile provincial porque assim o desejam e para compensar têm estado a fazer um esforço de ter mais ou menos um prémio igual ao da Comissão Provincial”,

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ANTÓNIO GONÇALVES | BENGUELA Carnaval de Benguela tem duas categorias em que dançam agremiaçõe­s em representa­ção do litoral e do interior no município do Bocoio

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