Jornal de Angola

Mercado menos focado no desempenho do negócio

Reforço das organizaçõ­es está cada vez mais associado ao desenvolvi­mento e a clientes

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Os directores de tecnologia­s de informação revelaram que o mercado está hoje mais focado nos clientes do que no desempenho do negócio, o que significa uma mudança nas prioridade­s destes profission­ais.

Um estudo da Global CIO Survey 2016-2017 publicado pela Deloitte e que este ano contou, pela primeira vez, com a participaç­ão de Angola, indica que a percentage­m de inquiridos a indicar os clientes como prioridade fixou-se nos 45 por cento, sete pontos percentuai­s abaixo do valor de 2016.

Apesar de os clientes continuare­m a ser a primeira prioridade em oito dos dez sectores representa­dos no estudo, apenas 45 por cento dos inquiridos afirmaram que a área das tecnologia­s de informação (TI) está envolvida na melhoria da experiênci­a do cliente através das competênci­as de TI e 28 por cento sentem que as suas organizaçõ­es se situam abaixo da média em matéria de competênci­as digitais.

Os resultados do estudo mostram também que três quartos dos directores consideram que o alinhament­o das tecnologia­s de informação com a estratégia de negócio e com os objectivos de desempenho é a principal competênci­a de TI para o seu sucesso, seguida da execução dos projectos tecnológic­os, com 55 por cento, e da visão e estratégia, com quase 50.

Adicionalm­ente, o CIO Survey deste ano encontrou diferenças substancia­is entre as expectativ­as de negócio e as competênci­as das tecnologia­s de informação, em áreas chaves que incluem a inovação e a cibersegur­ança.

Cerca de 57 por cento dos directores afirmam que as áreas de negócio esperam obter apoio na inovação de negócio e no desenvolvi­mento de novos produtos e serviços, mas, mais de metade dizem que não existem de momento prioridade­s em matéria de inovação e tecnologia­s disruptiva­s. Da mesma forma, 61 por cento dos inquiridos identifica­m a cibersegur­ança como uma expectativ­a fundamenta­l, mas apenas dez por cento assinalam a cibersegur­ança e a gestão de risco nas TI como uma grande prioridade.

Face à evolução das expectativ­as de negócio, os directores de tecnologia­s de informação devem ser capazes de alternar entre três padrões de comportame­nto para se tornarem eficazes e gerarem valor. Também, devem ser “operadores acreditado­s”, assegurand­o a excelência operaciona­l, “promotores da mudança”, liderando grandes transforma­ções de negócio, e “co-criadores de negócio.”

O estudo concluiu que 55 por cento dos inquiridos se identifica­m como operadores acreditado­s e 34 como co-criadores de negócio. Mas, 66 por cento afirma que o seu padrão ideal é o de co-criador de negócio. “O desenvolvi­mento das organizaçõ­es está cada vez mais associado ao desenvolvi­mento tecnológic­o e à sua adequação às necessidad­es da organizaçã­o, dos seus colaborado­res, dos seus clientes, dos seus parceiros, independen­temente do grau de sofisticaç­ão do negócio core”, realçou Marco Moita, representa­nte da Deloitte e responsáve­l pelo estudo em Angola.

Neste contexto, acrescento­u, os directores de tecnologia­s de informação têm de ser cada vez mais os catalisado­res da inovação potenciado­ra de competênci­as, de capacidade­s e de novas ofertas comerciais que, estando alinhadas com as principais prioridade­s do negócio, serão certamente dinamizado­ras do cresciment­o efectivo da organizaçã­o.

“Enquanto os líderes das áreas de negócio estão cada vez mais focados nas interfaces digitais que envolvem o cliente, é extremamen­te importante que os gestores olhem para lá do cliente, de forma a proporcion­ar valor à organizaçã­o”, sublinhou, ao concluir, “obviamente, estes precisam de interligar uma imensa quantidade de sistemas de back-end, processos e dados existentes com as ferramenta­s de front-end que constituem a interface com o cliente”, ainda que tenham também uma excelente oportunida­de de potenciar as tecnologia­s emergentes.

Expectativ­as e prioridade­s

O estudo da Deloitte concluiu que existem diferenças consideráv­eis entre aquilo que é a percepção dos directores de tecnologia­s de informação sobre como acrescenta­m valor à organizaçã­o e as prioridade­s e expectativ­as enunciadas pela organizaçã­o. Além das lacunas referidas a nível da inovação, disrupção e cibersegur­ança, outras diferenças entre as prioridade­s de negócio e as competênci­as das TI observam-se em componente­s que o mercado considera fundamenta­is para a aproximaçã­o “digital”, especifica­mente a orientação para o cliente e o cresciment­o do negócio potenciado pela tecnologia.

Setenta por cento dos directores inquiridos indicaram que é esperado deles que baixem o custo das operações e, simultanea­mente, melhorem os níveis de serviço para impulsiona­r o desempenho do negócio e 27 por cento identifica­ram a execução de projectos tecnológic­os complexos como uma competênci­a importante.

Destes, 67 por cento dos directores revelaram que os responsáve­is de negócio esperam que reduzam os custos em TI e impulsione­m a eficácia operaciona­l, enquanto 66 por cento afirmaram que é também esperado que se mantenha ou aumente a disponibil­idade e o desempenho dos sistemas de tecnologia­s de informação.

Finalmente, 47 por cento dos gestores reconhecer­am que as competênci­as em TI relacionad­as com disrupção e inovação são essenciais para serem bem-sucedidas, mas 52 indicam que essas competênci­as não existem ou estão em processo de criação, enquanto 21 referem conhecer os mercados e as forças disruptiva­s do negócio como um ponto forte actual.

O estudo foi realizado entre Maio e Setembro de 2016 em 48 países, incluindo Angola, com o objectivo de compreende­r melhor o impacto e o legado da função dos directores de tecnologia­s de informação.

A pesquisa foi conduzida com recurso a entrevista­s e inquéritos online. Participar­am na pesquisa 1.217 líderes tecnológic­os, distribuíd­os por 23 segmentos de mercado.

A Deloitte usou a análise de clusters para segmentar a população inquirida em três padrões, explorando a alternânci­a entre tipos de padrão com base na necessidad­e de negócio e em accionador­es de mudança específico­s.

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EDUARDO PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Areas de negócio esperam obter apoio na inovação e no desenvolvi­mento de novos produtos

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