Tudo a postos para o “assalto” à Praia do Bispo
Provenientes dos vários municípios e distritos de Luanda, os grupos carnavalescos intensificam os ensaios e aumentam os preparativos com a aproximação da data do desfile central do Carnaval de Luanda na classe de adultos. A grande festa é já na terça-feira, às 15h00, na Marginal da Praia do Bispo.
Apesar das dificuldades técnicas ou financeiras, os grupos querem fazer da festa um momento singular e capricham nos detalhes, com destaque para as alegorias, um dos elementos de avaliação que mais pontos retirou aos grupos em desfiles anteriores. Fazem-se pequenos acertos e acréscimos. Vencer ou estar entre os melhores é o lema da maioria dos grupos, cujos integrantes estão engajados para atingir tais objectivos. Alguns foliões mostram-se mais confiantes na conquista do primeiro lugar, enquanto outros se revelam preocupados apenas em representar o respectivo município de forma condigna.
A acertar os últimos detalhes está o União Kazukuta do Sambizanga, grupo histórico e emblemático, que amanhã dá o pontapé de saída no desfile infantil. Na classe A, é o segundo grupo a desfilar na Marginal da Praia do Bispo.
Rivalidade saudável
Homenageado em 2016, O União Kazukuta esteve fora do concurso. Eterno candidato ao título, é o maior rival do União Operário Kabocomeu, do mesmo distrito, no estilo de dança. Sempre dedicado à preservação e à valorização do Carnaval ao longo dos 33 anos de existência, o União Kazukuta do Sambizanga é um dos grupos veteranos da maior manifestação cultural do país. De acordo com o comandante, vão fazer do asfalto da Marginal a pista ideal para mostrar a força da kazukuta, ao som da canção “Abuso de poder”.
Empenho na alegoria
A construção da alegoria do União Kiela envolve artistas plásticos, carpinteiros e serralheiros, dançarinos e apoiantes, alguns dos quais fornecem material para a execução da obra. Todo o incentivo conta para o grupo. A alegoria, um dos principais elementos de avaliação, é a principal preocupação da comandante do grupo, Maravilha Dias dos Santos.
Nova dinâmica
Apostar na criatividade e na singularidade é um dos principais recursos do União Recreativo do Kilamba para atrair o interesse dos foliões. O grupo participa no Carnaval, concentrado na conquista do título, diz o comandante Poly Rocha, que pretende levar à Marginal 800 elementos, entre bailarinos, corte, bessanganas e falange de apoio. Para hoje, está agendada, às 14h00, a realização do Carnaval de rua, bailes e concurso, em recintos de espectáculos de todos os municípios.
O União Operário Kabocomeu quer voltar a dar alegria ao Sambizanga, aos foliões e aos apreciadores da kazukuta, dança que caracteriza o grupo desde 1953, quando desfilou na antiga avenida Paulo Dias de Novais.
Vencedor da primeira edição do Carnaval da Vitória, em 1978, o histórico grupo quer fazer esquecer a prestação de 2015, que custou a sua permanência entre os grandes, na classe principal (A).
O grupo foi o segundo classificado da classe B, no ano passado, com 726 pontos, superado apenas pelo estreante Unidos Recreativo do Kilamba, com 793 pontos. Cair para a segunda classe foi um dos momentos mais infelizes e uma lição ao União Operário Kabocomeu.
A homenagem ao músico Bangão contribuiu para o seu regresso ao nível do qual jamais devia ter saído, pois a canção e a falange de apoio obtiveram as maiores pontuações.
O grupo volta dois anos depois com sede de vencer e promete convencer o júri com a banga e alegria que lhe são características.
Lutar pelos lugares cimeiros e superar o quarto lugar obtido em 2013 são os objectivos do Kabocomeu. Nem a falta de iluminação no período nocturno durante aquele que é o segundo ensaio do dia (até às 22h00) e os atrasos na entrega dos apoios inibem a histórica agremiação de lutar pelo título.
O grupo tem tudo preparado, desde a coreografia, canção e os dois principais símbolos do grupo, as sombrinhas e bengalas. Os dançarinos continuam com a energia de sempre e prometem dar o seu melhor. A canção está no segredo dos deuses até ao Dia D. “É um dos trunfos a usar para surpreender o júri”, disse Manuel António.
O branco e o preto, com faixas amarelas, são as cores predominantes nos mais de 400 integrantes do grupo, incluindo a falange de apoio. Homenageado na edição de 2003 pela sua contribuição ao engrandecimento da cultura nacional, o grupo pretende estar ao mais alto nível. O responsável deixa um recado: “esperem para ver o Kabocomeu no seu melhor, apesar das dificuldades...”
Vencido pelo desânimo
O Etu Mudietu afasta a possibilidade de lutar pela permanência na classe A do Carnaval de Luanda, no acto central agendado para a próxima terça-feira, na Marginal do Praia do Bispo.
O comandante do grupo do distrito urbano do Sambizanga crê na sua despromoção por concluir que o mesmo não reúne as condições materiais e pontuáveis exigidas pelo júri.
Arnaldo Catadi disse ao Jornal de Angola que a direcção do Etu Mudietu está preparada para o pior devido às inúmeras dificuldades que o grupo enfrenta. A redução dos apoios e o atraso na cedência pela Comissão Preparatória do Entrudo de Luanda afasta-o definitivamente da luta pelo título. O Etu Mudietu, afirmou, não tem alegoria e bandeira, por serem muito caro. “Os capacetes da edição passada estão a ser reciclados para serem usados.”
Segundo o comandante, o grupo está em dívida para com os alfaiates que confeccionaram os trajes dos 480 elementos que vão à “Marginal”, apesar de já ter sido paga uma parte com os 700 mil kwanzas que recebeu como apoio. O desânimo que paira nas hostes do Etu Mudietu não convence os seus integrantes a darem o melhor nos ensaios.