Dançar com motores afinados
O União 10 de Dezembro, do distrito urbano da Maianga, quer recuperar a glória de outros tempos e continuar no grupo de principais vencedores do Carnaval de Luanda. Crónico candidato ao título, a par do União Mundo da Ilha e do Kiela.
Há 10 anos sem vencer, o que demonstra estar a passar uma prolongada fase má, o grupo pretende repetir os feitos da sua última conquista, alcançada em 2006. Desde então e apesar das muitas oscilações, tem-se mantido entre os cinco primeiros da classe A. Pedro Vidal, o comandante, disse que o 10 de Dezembro tem a alegoria por concluir e referiu que sem este o grupo perde 120 pontos. Porém, se os problemas financeiros continuarem, o grupo vai apenas participar na festa. O tema escolhido para o desfile baseia-se na sua trajectória no Carnaval.
É, conforme informou, a sua despedida da função de comandante. “Mas continuarei ainda a liderar o grupo”, acrescentou.
Quando decidiu participar na festa das multidões, o União Jovem da Cacimba inscreveu o seu nome com letras de ouro na história do Carnaval de Luanda e venceu a edição de 2012, quebrando a ambição de alguns dos crónicos candidatos ao título. Este ano, a pretensão é a mesma: disputar para vencer.
O União Povo da Samba é um dos grupos mais antigos do Carnaval de Luanda. Formado por elementos, cuja principal actividade económica é o comércio do peixe, o grupo participa com o objectivo de permanecer na classe A, mas prometem uma boa exibição, pelos apoiantes, o público e os membros do corpo de jurado. Os ensaios do grupo são todos os dias, apesar das várias dificuldades financeiras.
Os dançarinos mais velhos, parte da primeira geração do grupo União 54 do Prenda, transmitem os conhecimentos aos mais novos integrantes durante os ensaios para o Entrudo deste ano. O objectivo é garantir uma renovação do elenco e a conquista de um lugar no pódio, afirmou o seu presidente e comandante.
Desde Setembro do ano passado, o grupo afina as baterias, com ensaios diários de segunda à sexta-feira, realizados à noite na sua sede, na Rua das Acácias, no Bairro Prenda. Aos sábados e domingos, aproveitam o largo areal junto ao Cudimuenha, na mesma zona, para ensaiar durante o dia todo com um número maior de integrantes. O semba é o estilo que o grupo leva à pista da Marginal da Praia do Bispo, com dançarinas, bessanganas e passistas confiantes numa boa classificação. Joaquim Manuel, comandante e vice-presidente do grupo, disse ao Jornal de Angola que o União 54 procura passar, através da dança e da música, mensagens relativas aos hábitos e costumes da zona, o que já vem da primeira geração.
Muitos dos primeiros passistas ainda vivem e constituem a imagem original do grupo. Para preservar a tradição, foram escolhidos para passarem os ensinamentos aos mais jovens e garantirem a originalidade do grupo. “Estamos numa fase de renovação e os mais velhos dançam este ano em jeito de despedida para darem lugar aos mais novos devido ao avançar da idade de muitos”, referiu.
A maioria dos novos integrantes são filhos, netos e familiares de antigos dançarinos. O grupo, que exibe o semba, enfrenta problemas financeiros para atender boa parte das suas necessidades de logística. A verba disponibilizada pelo Ministério da Cultura é insuficiente para cobrir as despesas com a indumentária das classes C e A.